Salve, Buteco! Após a incrível conquista do quarto título da Copa São Paulo de Juniores e o ótimo aproveitamento da base nos confrontos das três primeiras rodadas da Taça Guanabara contra adversários de menor expressão, passou-se a discutir a utilização da base nas principais competições do Flamengo no ano. Não falta quem defenda a promoção dos jovens atletas ao profissional e sua escalação como titulares. Nessa discussão, é importante observar algumas importantes diferenças entre as competições brasileiras, promovidas pela CBF, e o torneio sul-americano, promovido pela CONMEBOL. No contexto atual em que vive o Flamengo, a que se destaca em primeiro plano é relacionada com a forma de aproveitamento dos atletas.
O Regulamento-Geral das Competições - 2018 da CBF não prevê numeração fixa para os atletas (salvo solicitações expressas dos clubes) e possibilita levar 12 (doze) jogadores para o banco de reservas em cada partida (artigo 26, §§ 1º e 2º), ou seja, um total de 23 (vinte e três) atletas por partida (onze titulares e doze reservas), com a facultativa inclusão, dentre eles, de até 5 (cinco) jogadores não profissionais (artigo 41, parágrafo único) e 5 (cinco) estrangeiros (artigo 42). O regulamento específico da Série A 2018 ainda não foi divulgado; porém, tomando por base as regras da Série A 2017, que provavelmente não serão modificadas neste ponto, não há limitação de número de inscritos, mas tão somente a exigência de registro do contrato na Delegacia Regional do Trabalho respectiva e publicação no BID até o último dia útil antes da partida (artigo 7º), além do limite de registro de novos contratos de trabalho até a data-limite com a competição em curso, que, em 2017, foi 8 de setembro (artigo 7º, parágrafo único).
Agora vejam só a diferença para as regras da CONMEBOL: segundo o Regulamento da Libertadores/2018, para a fase de grupos é possível a inscrição de no máximo 30 (trinta) jogadores, com numeração fixa (artigo 52), porém sem restrições referentes a nacionalidade e não profissionais, e, apesar da exigência do estádio do mandante ter banco de reservas com capacidade para 25 (vinte e cinco) jogadores, limita a lista de relacionados a 18 (dezoito) por partida (artigo 92), ou seja, 11 (onze) titulares e 7 (sete) reservas. E mais: para as fases seguintes, a possibilidade de modificar o elenco de inscritos vai diminuindo até não existir mais, na seguinte proporção: 5 (cinco) atletas para as oitavas-de-final (art. 53), 2 (dois) para as quartas-de-final (art. 54) e semifinais (art. 55) e nenhum para as finais (art. 56).
A rigidez das regras referentes ao elenco inscrito para a Libertadores exige alta precisão na escolha não apenas dos atletas que disputarão a competição, como dos relacionados para cada partida. Se ainda levarmos em consideração o nível de hostilidade que os clubes brasileiros costumam enfrentar das torcidas adversárias e da arbitragem, além da acirrada disputa dentro de campo entre os melhores de cada país do continente, é até natural concluir que a competição está longe de ser o melhor ambiente para promover a transição de atletas da base para o profissional. Aliás, arrisco afirmar que inscrever atletas em fase final de formação ou que não se afirmaram no profissional é flertar com o desastre, experimentado nas edições de 2012 e 2014.
Por outro lado, é fácil constatar que o Campeonato Brasileiro facilita a transição paulatina, tornando possível a jogadores que iniciaram o ano disputando partidas de menor expressão no Campeonato Estadual mostrarem todo seu talento e quem sabe conseguirem uma vaga no time titular. Lucas Paquetá é o melhor exemplo e uma ótima referência.
Quero deixar claro que, para mim, ser campeão brasileiro é tão difícil quanto da Libertadores. A diferença é que, para o Flamengo atual, diante da grande diferença de formato e dinâmica entre as duas competições, ficar entre os seis, sete primeiros da Série A no final do campeonato é relativamente simples, apesar do susto em 2017, enquanto disputar a Libertadores até as fases finais é muito mais difícil.
Estamos a menos de um mês da estreia no Grupo 4 da Libertadores, contra o River Plate, no Rio de Janeiro, já que a partida está marcada para o dia 28 de fevereiro. No último sábado tivemos uma espécie de "choque de realidade" com o desempenho já de boa parte do elenco profissional no clássico contra o Vasco da Gama. Algumas ressalvas devem ser feitas e todo mundo sabe quais são: primeiro jogo do ano para vários atletas em tese importantes, início de trabalho, "pernas pesadas" pela pré-temporada e se alguém se lembrar de alguma outra, por favor não se acanhe em compartilhar.
Mas então. Sabem aquela diferença básica entre razão e emoção? Pois é. O jogo começou e alguns "flashes" dos últimos anos foram me atormentando, tipo Pará avançando até a linha de fundo marcado por dois ou três adversários (ninguém acompanhando), posse de bola improdutiva, falta de movimentação dos homens de frente, cedendo à marcação adversária; volantes sem força ofensiva e algumas poucas oportunidades de gol criadas e incrivelmente desperdiçadas. Foi a tônica da partida. Como se não bastasse, teve até um gol mal anulado pela arbitragem "cirúrgica". O Vasco da Gama incomodou muito pouco, mas saiu comemorando mais um 0x0 contra o Flamengo. Terminei o primeiro clássico do ano irritado e incomodado.
Coletivo burocrático tornando-se campo fértil para as limitações individuais de cada atleta, quando o ideal seria o oposto: comportamento tático solidário, inclusive ofensivamente, otimizando o que cada atleta tem de melhor. Pode ser muito cedo para qualquer conclusão, mas 2018 começou como as temporadas anteriores.
Já assimilei que a Diretoria e o elenco são esses e, salvo algum imprevisto, pouco ou nada se modificará até o final do ano. Diante desse quadro, eu não tenho a menor dúvida em afirmar que a única saída para vivermos algo diferente é o Flamengo evoluir muito em nível tático. Resta saber se Paulo César Carpegiani e a comissão técnica atual serão capazes de elevar o padrão de jogo ou serão apenas mais do mesmo.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.
O Regulamento-Geral das Competições - 2018 da CBF não prevê numeração fixa para os atletas (salvo solicitações expressas dos clubes) e possibilita levar 12 (doze) jogadores para o banco de reservas em cada partida (artigo 26, §§ 1º e 2º), ou seja, um total de 23 (vinte e três) atletas por partida (onze titulares e doze reservas), com a facultativa inclusão, dentre eles, de até 5 (cinco) jogadores não profissionais (artigo 41, parágrafo único) e 5 (cinco) estrangeiros (artigo 42). O regulamento específico da Série A 2018 ainda não foi divulgado; porém, tomando por base as regras da Série A 2017, que provavelmente não serão modificadas neste ponto, não há limitação de número de inscritos, mas tão somente a exigência de registro do contrato na Delegacia Regional do Trabalho respectiva e publicação no BID até o último dia útil antes da partida (artigo 7º), além do limite de registro de novos contratos de trabalho até a data-limite com a competição em curso, que, em 2017, foi 8 de setembro (artigo 7º, parágrafo único).
Agora vejam só a diferença para as regras da CONMEBOL: segundo o Regulamento da Libertadores/2018, para a fase de grupos é possível a inscrição de no máximo 30 (trinta) jogadores, com numeração fixa (artigo 52), porém sem restrições referentes a nacionalidade e não profissionais, e, apesar da exigência do estádio do mandante ter banco de reservas com capacidade para 25 (vinte e cinco) jogadores, limita a lista de relacionados a 18 (dezoito) por partida (artigo 92), ou seja, 11 (onze) titulares e 7 (sete) reservas. E mais: para as fases seguintes, a possibilidade de modificar o elenco de inscritos vai diminuindo até não existir mais, na seguinte proporção: 5 (cinco) atletas para as oitavas-de-final (art. 53), 2 (dois) para as quartas-de-final (art. 54) e semifinais (art. 55) e nenhum para as finais (art. 56).
A rigidez das regras referentes ao elenco inscrito para a Libertadores exige alta precisão na escolha não apenas dos atletas que disputarão a competição, como dos relacionados para cada partida. Se ainda levarmos em consideração o nível de hostilidade que os clubes brasileiros costumam enfrentar das torcidas adversárias e da arbitragem, além da acirrada disputa dentro de campo entre os melhores de cada país do continente, é até natural concluir que a competição está longe de ser o melhor ambiente para promover a transição de atletas da base para o profissional. Aliás, arrisco afirmar que inscrever atletas em fase final de formação ou que não se afirmaram no profissional é flertar com o desastre, experimentado nas edições de 2012 e 2014.
Por outro lado, é fácil constatar que o Campeonato Brasileiro facilita a transição paulatina, tornando possível a jogadores que iniciaram o ano disputando partidas de menor expressão no Campeonato Estadual mostrarem todo seu talento e quem sabe conseguirem uma vaga no time titular. Lucas Paquetá é o melhor exemplo e uma ótima referência.
Quero deixar claro que, para mim, ser campeão brasileiro é tão difícil quanto da Libertadores. A diferença é que, para o Flamengo atual, diante da grande diferença de formato e dinâmica entre as duas competições, ficar entre os seis, sete primeiros da Série A no final do campeonato é relativamente simples, apesar do susto em 2017, enquanto disputar a Libertadores até as fases finais é muito mais difícil.
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Estamos a menos de um mês da estreia no Grupo 4 da Libertadores, contra o River Plate, no Rio de Janeiro, já que a partida está marcada para o dia 28 de fevereiro. No último sábado tivemos uma espécie de "choque de realidade" com o desempenho já de boa parte do elenco profissional no clássico contra o Vasco da Gama. Algumas ressalvas devem ser feitas e todo mundo sabe quais são: primeiro jogo do ano para vários atletas em tese importantes, início de trabalho, "pernas pesadas" pela pré-temporada e se alguém se lembrar de alguma outra, por favor não se acanhe em compartilhar.
Mas então. Sabem aquela diferença básica entre razão e emoção? Pois é. O jogo começou e alguns "flashes" dos últimos anos foram me atormentando, tipo Pará avançando até a linha de fundo marcado por dois ou três adversários (ninguém acompanhando), posse de bola improdutiva, falta de movimentação dos homens de frente, cedendo à marcação adversária; volantes sem força ofensiva e algumas poucas oportunidades de gol criadas e incrivelmente desperdiçadas. Foi a tônica da partida. Como se não bastasse, teve até um gol mal anulado pela arbitragem "cirúrgica". O Vasco da Gama incomodou muito pouco, mas saiu comemorando mais um 0x0 contra o Flamengo. Terminei o primeiro clássico do ano irritado e incomodado.
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Coletivo burocrático tornando-se campo fértil para as limitações individuais de cada atleta, quando o ideal seria o oposto: comportamento tático solidário, inclusive ofensivamente, otimizando o que cada atleta tem de melhor. Pode ser muito cedo para qualquer conclusão, mas 2018 começou como as temporadas anteriores.
Já assimilei que a Diretoria e o elenco são esses e, salvo algum imprevisto, pouco ou nada se modificará até o final do ano. Diante desse quadro, eu não tenho a menor dúvida em afirmar que a única saída para vivermos algo diferente é o Flamengo evoluir muito em nível tático. Resta saber se Paulo César Carpegiani e a comissão técnica atual serão capazes de elevar o padrão de jogo ou serão apenas mais do mesmo.
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.