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PRELÚDIO
O
time do primeiro semestre não existe mais. A equipe de Telê, que
encantou o país e perdeu a taça, vive um processo de desmanche. O
lateral Jorginho, após cerrada insistência e sistemáticas
declarações aos jornais, enfim consegue sua transferência ao
exterior. Vai jogar no B.Leverkusen-ALE. Aldair, cujo nível de
atuações lhe valeu inédita convocação à Seleção Brasileira, é
negociado com o Benfica-POR. O rival dos encarnados, o Porto-POR, não
deixa por menos e leva seu colega de zaga, o sólido Zé Carlos II,
que enfim se tornara o dono da camisa 4 do rubro-negro. Outros
coadjuvantes, como o meia Renato Carioca e o atacante Sérgio Araújo,
também perdem espaço. Mas a saída mais traumática para o torcedor
flamengo é a de seu camisa 9, Bebeto, que, vivendo, até então, o
ápice da carreira, é o melhor jogador brasileiro em atividade no
país. O Baianinho recebe sondagens e propostas de clubes como Roma,
Olympique e Bayern Munique (que é o maior interessado), mas, após
uma sucessão de acontecimentos em que a Diretoria do Flamengo
demonstra inacreditável falta de habilidade para lidar com o desejo
do jogador (e de seu procurador) em se transferir, o rubro-negro
“consegue” perder o atleta para o Vasco, ocasionando um trauma
sem precedentes na década que está por se findar. Enfurecidos,
torcedores fazem violento protesto na Gávea durante uma partida
contra o Paysandu, pela Copa do Brasil, que redunda em um princípio
de incêndio que por pouco não assume proporções trágicas. Para
piorar, dias depois o time é eliminado de forma humilhante da Copa
do Brasil, ao sofrer uma das piores goleadas de sua história em
Porto Alegre (1-6 Grêmio). O clima é o pior possível.
Ainda
há seis meses por jogar. Mas o ano está terminado.
Com
o dinheiro das negociações, a Diretoria corre para tentar estancar
a hemorragia em sua credibilidade. Repatria os ex-ídolos Júnior
(que volta ao País para se aposentar em seu clube de coração) e
Renato Gaúcho (com o prestígio carbonizado após desastrosa
passagem pela Roma-ITA). Começa a disputar jogadores com o Vasco e
ganha uma queda de braço pelo razoável zagueiro Fernando, que se
destacara no cruzmaltino e estava radicado no futebol português.
Traz do Botafogo o lateral-direito Josimar, destaque na Copa-1986,
que após um período ruim parece ter recuperado seu futebol no
Estadual, onde foi um dos principais destaques do título alvinegro.
Contrata o experiente e limitado zagueiro Márcio Rossini. Consegue
tirar do Goiás o habilidoso volante Uidemar (que é recebido com
ironia no Rio, por conta do nome estranho). Aposta no centroavante
Nando, ex-Bangu. E, como joia da coroa, elege o jogador que será o
substituto de Bebeto. O meia-atacante Claudio Borghi, campeão
mundial pela Seleção Argentina e com passagens vitoriosas em clubes
como o Milan-ITA. Borghi é recebido no Galeão como celebridade, com
fogos, cânticos e muita festa, numa manifestação desproporcional
que demonstra o profundo nível de carência da massa rubro-negra. O
Flamengo está enfermo.
Zé
Carlos, Josimar, Márcio Rossini, Fernando e Leonardo; Uidemar,
Júnior e Borghi; Renato Gaúcho, Nando e Zinho
Com
esse time-base, o Flamengo inicia a disputa do Brasileiro. A
Diretoria ainda tenta convencer Zico a participar do torneio, que
será seu último com a camisa do Flamengo. Mas o Galinho, receoso de
sua condição física, prefere jogar apenas a Supercopa. E é com
esse arranjo que o segundo semestre se inicia.
NO
QUE DEU
A
campanha do Flamengo no Brasileiro é um reflexo do péssimo momento
dentro e fora das quatro linhas. O time, repleto de forasteiros, não
encaixa. Telê Santana tenta usar um esquema de três zagueiros. Não
dá certo, muda de ideia. Mas, sem contar com o tempo e a paciência
outrora disponíveis, naufraga no primeiro revés. Após uma derrota
para o Corinthians (0-1), o velho treinador é demitido (a gota
d'água é a substituição do desafeto Renato, que sai de campo
xingando). Poucas rodadas mais tarde, o Flamengo contrata Valdir
Espinoza que, após ligeira melhora, também não consegue fazer a
equipe funcionar.
Os
reforços não dão liga. Renato, após arrumar confusão com Telê,
não consegue entrar em forma e se lesiona. Márcio Rossini logo
impressiona o torcedor, dado o apreço que demonstra pela prática de
danificar canelas e tornozelos adversários. Nando até marca alguns
gols, mas é lento e pouco vibrante. Josimar em nenhum momento
reedita o futebol que o tornou conhecido. Ademais, volta a se
envolver em pesadas confusões extracampo. Fernando mostra alguma
capacidade, mas em nível inferior ao da dupla de zaga do primeiro
semestre. Apenas Uidemar (o menos badalado dos reforços) surpreende
pela personalidade e alto nível técnico, e Júnior, que rapidamente
se torna o ponto de equilíbrio de um time com vários problemas,
dizem a que vieram.
O
caso de Borghi é emblemático. Gordo, encrenqueiro e desmotivado,
atua 50 minutos em sua estreia. Depois, aparece com uma lesão que
logo se descobre crônica. Alega estar “inadaptado” ao Rio.
Queixa-se de estar treinando “na posição errada”. Começa a
faltar treinos. Briga com companheiros. E, em poucos meses, já está
fora dos planos do clube. Passa a treinar em separado. Um mico
colossal, já faz o Flamengo se empenhar em tentar devolvê-lo com
apenas seis meses de empréstimo, metade do tempo previsto.
A
boa notícia é Zico. O Flamengo é eliminado precocemente da
Supercopa e o Galinho é convencido a participar do Brasileiro. Com o
“Camisa 10 da Gávea” o rubro-negro melhora na competição.
Espinoza, impaciente com o péssimo desempenho dos reforços, promove
jogadores da base, como os atacantes Luís Carlos e Bujica. Volta a
dar chances ao irrequieto ponta Alcindo. E, com um time
“desfigurado”, vai enfrentar o favorito Vasco, que montara uma
seleção, com jogadores qualificados em todas as posições.
Zé
Carlos, Josimar, Júnior (improvisado na zaga), Fernando, Leonardo;
Aílton, Zico, Zinho; Alcindo, Bujica, Luís Carlos.
Com
esse time, que conta com apenas TRÊS das contratações do meio do
ano, o Flamengo não toma conhecimento do Vasco de Bebeto. Vence por
2-0, com dois gols do improvável Bujica, num Maracanã engalanado,
em placar que se mostra até barato, tal o volume de jogo
rubro-negro. É o grande momento do Flamengo na temporada. A vitória
volta a colocar um sorriso na cara do torcedor. Anabolizado, o time
chega a ensaiar uma arrancada em busca de vaga para a Final, mas não
consegue transpor a grande diferença de pontos que o separa do
objetivo. Resta a melancolia de presenciar o final da carreira de
Zico, que se despede com um belo gol de falta nos 5-0 sobre o
Fluminense, no simpático mas acanhado Estádio Mário Helênio, em
Juiz de Fora.
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9 0 - 1
PRELÚDIO
A
temporada de 1990 se inicia com uma agradável surpresa. Pela
primeira vez em sua história, o Flamengo conquista a Copa SP de
Juniores, expondo ao cenário brasileiro a luxuriante qualidade de
uma das mais talentosas gerações de sua existência. É chegada a
hora de nomes como Júnior Baiano, Piá, Marquinhos, Marcelinho,
Fabinho, Nélio, Paulo Nunes e Djalminha. Este último, o grande
destaque da competição, assombra o país ao marcar CINCO gols (um
deles de placa) num acachapante 7-1 sobre o Corinthians em pleno
Pacaembu lotado, numa das mais exuberantes atuações de toda a
história do torneio. A conquista do troféu acende em muitos a
certeza de que o Flamengo deveria voltar a caminhar em consonância
com sua história e a estimular o aproveitamento dos garotos (muitos
deles, aliás, já utilizados por Telê em 1988/89).
Mas
a Diretoria tem outros planos a curto prazo. Promove ajustes no
elenco, tido como já qualificado. Márcio Rossini, Nando e Borghi
são dispensados/negociados. Josimar, após muita hesitação, é
bancado por Espinoza, que decide lhe dar mais uma oportunidade. Para
reforçar o elenco, o Flamengo consegue, enfim, desatar um intrincado
nó jurídico e, mais uma vez, impõe-se ao Vasco trazendo o zagueiro
André Cruz, titular da Seleção Brasileira de Sebastião Lazaroni.
Junto com André Cruz, chega o volante-meia Edu Marangon, que também
ostenta passagens pela Seleção em seu currículo. Ambos desembarcam
para um empréstimo de seis meses.
Outro
“reforço” vem de casa. O zagueiro Leandro, após longa e
dolorosa recuperação decorrente de uma complexa cirurgia realizada
na tentativa de atenuar sua malformação congênita, enfim reaparece
em condições de jogo, e deverá comandar a zaga. Terá, ao lado de
Júnior, a missão de ocupar o vácuo de liderança deixado pela
aposentadoria de Zico.
As
últimas apostas recaem sobre Luís Carlos e principalmente Bujica,
promovido à condição de centroavante titular da equipe, por conta
dos gols marcados na reta final da última temporada. Dessa forma, o
time-base que Espinoza pretende colocar em campo, podendo variar
formações com dois ou três zagueiros: Zé Carlos, Josimar,
Leandro, André Cruz, Fernando (Aílton), Leonardo; Uidemar, Júnior,
Edu Marangon; Renato Gaúcho, Bujica, Zinho.
É
com essa equipe que o Flamengo pretende retomar o Estadual que não
conquista desde 1986 e vencer o Brasileiro.
NO
QUE DEU
O
primeiro semestre se mostra um retumbante desastre. Em nenhum momento
o Flamengo se apresenta como um real candidato ao título do
Estadual. Seu time é lento, pouco criativo, burocrático. As peças
simplesmente não funcionam, embora Renato enfim tenha reencontrado
boa parte de seu futebol, sendo o principal jogador do time na
competição. Mas é figura isolada. As contratações não dão
certo. André Cruz, visivelmente sem ritmo em função da longa
inatividade (decorrente do imbróglio envolvendo sua contratação),
é caricatura do zagueiro que impressionou os italianos um ano antes,
sendo facilmente envolvido por jogadores de equipes menores. Ademais,
desmotiva-se com supostos atrasos salariais e com sua escalação
como volante, no meio. Lesiona-se e perde vários jogos. Com Edu
Marangon a decepção é ainda mais flagrante. Mostrando-se acuado
desde sua chegada (chegou a se declarar “assustado” com a camisa
10 que recebera), é escalado fora de sua posição. Meia de ligação,
ou “camisa 8” de origem, gosta de atuar entre as intermediárias,
organizando o jogo. Mas, com a presença de Júnior (que exerce a
função), passa a jogar mais perto do gol adversário, como um
ponta-de-lança, ou “meia-atacante”. Sem a velocidade e o
dinamismo que a função exige, começa a “travar” o time e a ser
agraciado com uma colcha de vaias pela torcida. Sem suportar a
pressão, pede a Espinoza para ser afastado da equipe. É atendido e
não recebe mais chances como titular. Ao final do Estadual, Edu e
André Cruz vão embora sem deixar a mais tênue saudade.
Mas
a decepção não se resume aos “forasteiros”. Bujica, nas
primeiras partidas, demonstra insuperável incapacidade de
desperdiçar oportunidades, várias delas fáceis. Num Fla-Flu o
preço é cobrado. Bujica até marca um gol, mas empilha chances
perdidas e o castigo vem com um amargo empate. Impaciente, a
Diretoria logo percebe que o jogador ainda está “verde” e
aproveita uma oportunidade de mercado, trazendo por empréstimo o
atacante Gaúcho, antiga cria da Gávea que anda tendo problemas com
a torcida do Palmeiras (é responsabilizado, por seu comportamento
extracampo, pelas traumáticas perdas do Estadual e do Brasileiro do
ano anterior). Gaúcho rapidamente “veste” a Camisa 9 e desanda a
marcar gols, conquistando o torcedor e fechando de vez as portas para
qualquer futura oportunidade a Bujica.
A
campanha no Estadual beira o deprimente. O time termina em quarto
lugar, sua pior participação desde 1976. Disputa seis clássicos e
perde quatro. Não vence nenhum, o que carimba um dos piores
retrospectos de sua história. Durante a Taça Rio, Espinoza,
percebendo estar por um fio, denuncia um “complô” promovido por
alguns Vice-Presidentes, que o querem fora do cargo para colocar em
seu lugar Ernesto Paulo, o Treinador campeão da Copa SP, e com isso
dar aos jovens as oportunidades que lhes estão sendo negadas. Com o
escândalo, Espinoza ganha curta sobrevida, e “coincidentemente”
passa a utilizar os garotos. Num desses jogos, o Flamengo faz 4-0 no
América, em grande atuação de Marcelinho, numa das poucas
exibições realmente boas da equipe. Mas, ao final do Estadual (que
se decide com um humilhante triangular entre Botafogo, Vasco e
Fluminense), Espinoza não resiste e é mesmo demitido.
Assim,
encerra-se a primeira parte da temporada. Que, até então, para o
torcedor resume-se, em termos de emoção, ao inesquecível jogo de
despedida de Zico, que parou o Rio de Janeiro e, em plena noite de
terça-feira, colocou quase 100 mil no Maracanã, numa noite em que o
Flamengo mostrou-se com a grandeza, a força e o brilho que há muito
parecem estar perdidos.
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9 0 - 2
PRELÚDIO
A
catastrófica campanha do primeiro semestre acende na Diretoria a
necessidade de “mudar tudo”. Até porque é ano de eleições, e
a administração atual convive com a incômoda marca de, até então,
não ter conquistado nenhum título, algo inimaginável dado o
histórico recente.
Num
primeiro movimento, a Diretoria acena com a perspectiva de, enfim,
dar oportunidades aos jogadores da base, ao confirmar a contratação
de Ernesto Paulo para o lugar de Espinoza. No entanto, resolve
“profissionalizar” o Futebol, trazendo para a função de
Executivo o ex-presidente do Fluminense, Francisco Horta. Boquirroto,
polêmico, ousado e marrento, Horta reúne características tidas
como ideais pela Diretoria, que pretende “chacoalhar” o elenco e
devolver a vibração a um time diagnosticado como “sem sangue” e
“sem alma”. Confrontado por sua origem tricolor, Horta
rapidamente devolve: “não interessa para quem torço, interessa
pra quem trabalho. Até porque o grande Domingos Bosco era tricolor,
veio do Flu e mesmo assim foi muito vitorioso aqui” (aludindo ao
saudoso Supervisor da Era Zico).
Horta
não “decepciona”. Sua primeira medida é afastar Ernesto Paulo
(que, assim, é desligado sem sequer ter assumido o cargo) e efetivar
Jair Pereira (em grande momento na carreira). Horta deixa claro o que
pretende para o rubro-negro: “Jogar num clube da grandeza do
Flamengo é para iniciados, não para iniciantes. Flamengo é o
ápice, é o auge. Aqui só tem lugar pra protagonista”. E logo
nova baciada de reforços irá desembarcar na Gávea.
Horta
reedita os célebres troca-trocas dos anos 1970 e negocia com o São
Paulo o atacante Alcindo e o lateral Leonardo, ambos em baixa. Na
transação, chegam à Gávea o também lateral Nelsinho e o meia
Bobô, que também não vivem bom momento. Tudo por empréstimo de
seis meses. A Diretoria também perde de vez a paciência com Josimar
e anuncia a contratação de Zanata, ex-Bahia e Palmeiras, que será
o titular enquanto o rubro-negro arruma um destino para o
ex-botafoguense. Para a zaga, ainda é contratado o jovem Victor
Hugo, revelação do Guarani.
Zé
Carlos, Zanata, Fernando, Victor Hugo, Nelsinho; Uidemar, Júnior,
Bobô; Renato, Gaúcho, Zinho.
Bobô,
recebido com festa no Galeão, é o novo candidato a ídolo. Será o
dono da camisa 10. E no início as coisas de fato parecem ir bem. O
Flamengo sai para excursionar dentro e fora do país. Apresenta bom
desempenho. Jair Pereira parece mais determinado a encontrar uma
formação que efetivamente encaixe, independente de quem tenha que
escalar ou sacar da equipe (numa dessas experiências, chega a barrar
Júnior, mas logo desiste da bizarra ideia). Com um treinador de
ponta, reforços de nível competitivo e bom elenco de apoio, enfim o
Flamengo parece reunir condições de realizar uma boa temporada. O
torcedor, desconfiado, ainda reluta.
Parece
prever a tormenta.
NO
QUE DEU
A
primeira turbulência se dá entre as duas pricipais estrelas da
companhia. Renato e Horta não demoram a se estranhar. O atacante,
que volta sem ritmo de jogo da Copa do Mundo, demora a engrenar, e é
ironizado publicamente pelo dirigente. “Nosso tenor parece que anda
rouco. Acontece”. Renato retruca, hostil, num bate-boca que faz a
festa dos setoristas. Horta chega a cogitar a venda do jogador mas é
repelido pelo Presidente, sensível ao contexto político
potencialmente desfavorável com a reação à perda de um ídolo.
Mas a corrosão no ambiente cresce. Num amistoso no Japão, o
Flamengo massacra o Real Sociedad-ESP, 7-0. Na solenidade de entrega
do troféu alusivo à vitória, Renato ignora um cumprimento de
Horta, numa cena constrangedora. Na volta ao Brasil, o rubro-negro se
arrasta em campo, jogando um futebol caricato. Perde no Maracanã
para Bragantino, Corinthians e Botafogo. É derrotado pelo Bahia.
Empata com Goiás e Internacional e, sem vitórias, é o lanterna de
seu grupo, numa campanha que faz acender um inacreditável fantasma
de rebaixamento. Um grupo de jogadores, liderado por Renato, faz
aberta campanha contra Horta. Que não resiste e cai.
A
saída de Francisco Horta assinala uma guinada. Na partida seguinte,
contra o Vasco, o Flamengo voa em campo e sai do Maracanã vencedor
por 1-0, gol marcado, a exemplo do ano anterior, por mais um jovem
quase estreante, o garoto Nélio. Nessa partida, o rubro-negro foi
escalado com quatro jogadores egressos da Copa SP (Nélio,
Marcelinho, Júnior Baiano e Piá), sinalizando uma tendência que se
manterá até o final da temporada.
Porque,
mais uma vez, as contratações não suprem a demanda. Bobô, após
bom início, sucumbe à crise e some. Lesiona-se e só volta no final
do ano, exibindo até um bom jogo, mas insuficiente para reverter a
pecha de jogador irregular. Nelsinho, por sua vez, não demora a ser
barrado por Piá, que é o primeiro jogador da Copa SP a efetivamente
ganhar um lugar no time. Zanata, a exemplo de Josimar, não é
propriamente um modelo de comportamento extracampo e acaba perdendo a
vaga para um improvisado Aílton. Victor Hugo, consegue uma sequência
como titular, disputando posição com o jovem Rogério.
O
Flamengo se recupera no Brasileiro e faz bom segundo turno,
tornando-se, inclusive, sério candidato a uma das vagas às Finais.
Renato enfim volta a jogar em alto nível e protagoniza com Gaúcho
uma devastadora dupla de ataque, totalmente afinada dentro e fora de
campo. No entanto há um fato novo: a Copa do Brasil. Ansiosa pela
conquista de um título, a Diretoria “larga de mão” o Brasileiro
e aposta todas as fichas na competição onde o rubro-negro já está
nas Semifinais. E, com efeito, o Flamengo passa por Náutico e Goiás
(com maciça utilização de jogadores da base) e efetivamente
conquista um título nacional que não lograva obter desde 1987.
Finalmente com o elenco na mão, Jair Pereira consegue engatar uma
sequência de vitórias nos últimos jogos e, por pouco, o
rubro-negro também não se classifica para as finais do Brasileiro.
Com
a eliminação precoce, o Flamengo vai excursionar pelo
Norte-Nordeste, em um melancólico clima de “fim de feira”. A
oposição vence as eleições. O novo Presidente desde cedo
demonstra índole de renovação. Avisa que não “fará loucuras” e
que saneará o clube. Para mostrar estar falando sério, “perde”
Renato para o Botafogo. Jair Pereira, Bobô, Zanata e Nelsinho vão
embora. Leonardo é vendido ao São Paulo, em nova troca de
jogadores. Para treinador, traz Vanderlei Luxemburgo, que “elege”
Júnior como o líder de um time jovem, aproveitando os talentos de
1990. “É com esses que vamos”, declara.
E se
dá a ruptura.