Salve, Buteco. O Flamengo está se desintegrando nesta reta final, entre desfalques por contusões, crises e uma maratona de jogos sem precedentes. Sempre achei que as coisas são mais difíceis para o Mais Querido, mas o que está acontecendo em 2017 escapa a qualquer análise racional. Na minha opinião, o time vinha seguindo o seu padrão como mandante, pressionando e fazendo o placar. Vi o time pressionar por 90 (noventa minutos), dentro das limitações táticas e impostas por desfalques. Senti no time o espírito das duas partidas anteriores, contra Corinthians e Junior de Barranquilla, quando, embora apresentando as já tradicionais dificuldades ofensivas, ao menos conseguiu pressionar o adversário e jogar com intensidade. Destaco a raça e a entrega de Lucas Paquetá, uma grande revelação das nossas categorias de base. Alguns jogadores importantes não atravessam boa fase, casos de Diego e principalmente de Everton Ribeiro. Contudo, não tenho como atribuir a eles e nem a qualquer jogador de linha a derrota de ontem. O adversário não jogou melhor e nem seus jogadores foram superiores ou se empenharam mais do que os nossos. Foram 25 (vinte e cinco) finalizações do Flamengo contra 3 (três) do Santos, das quais 2 (duas) entraram.
Não culpo a escalação. Pará, principalmente, e Trauco vinham de uma sequência muito longa e não se mostrava razoável arriscar uma contusão de Juan antes do segundo jogo da semifinal na Colômbia. Concordo com as críticas dirigidas a Rueda em dois pontos: primeiro, por demorar a substituir, o que ontem só ocorreu após o Santos virar o placar; segundo, por Vinicius Jr. continuar a entrar apenas quando o time está em desvantagem. Mas nada disso determinou a derrota e sim a desastrosa e insólita atuação de Alex Muralha, que falhou nas duas vezes em que o Santos finalizou em direção ao gol (a outra finalização foi para fora).
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Rueda deveria ter escalado o César?
Goleiro sempre foi uma posição a qual dei muito valor e por isso há tempos venho defendendo em posts, comentários e tuítes que o Flamengo deveria ter um goleiro de seleção e reservas muito qualificados. Recordo-me muito bem do nível das atuações de Paulo Victor e César em 2015. O primeiro já se foi do Flamengo, mas César, que está no elenco e desde 2015 não joga como titular, com direito a banco de reservas na Ferroviária de Araraquara, não dava e nem dará mais segurança do que Muralha. Curiosamente, ou tragicamente, César passou a ser a última esperança para a posição no ano, após a contusão de Diego Alves e de Muralha haver se mostrado não apenas incapaz de jogar no Flamengo, mas sobretudo um completo irresponsável. Não atribuo a falha no primeiro gol a deficiência técnica, mas a impostura profissional que o torna incompatível com o clube e a torcida.
A outra opção no elenco é o adolescente Gabriel Batista, que sequer está inscrito na Copa Sul-Americana. Estamos sem goleiro, essa é a verdade.
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Distingo claramente duas situações: o contexto que Rueda "herdou" no Flamengo e a avaliação de seu nome para estar à frente do comando técnico do clube em 2018. Não tenho a menor sombra de dúvida que, se não fosse a experiência do colombiano, a situação estaria muito pior, em que pese aqui ou acolá se poder apontar erros em escalações e substituições.
Serei mais claro: acaso o futebol do Flamengo, em 2018, continue a ser comandado por Eduardo Bandeira de Mello, Fred Luz, Rodrigo Caetano e Fernando Gonçalves, a discussão a respeito de Rueda não fará o menor sentido. E por discussão quero me referir à própria avaliação do trabalho de Rueda e as perspectivas de sucesso. Por exemplo, se pela lista de dispensas e reforços haveria viabilidade de conquista das competições oficiais a serem disputadas pelo Flamengo. O colombiano não fará a menor diferença se a política de formação de elenco e contratações, além da gestão do setor continuarem com as mesmas filosofia e pessoas.
A maldição dos protegidos é um mal que precisa ser cortado pela raiz.
A maldição dos protegidos é um mal que precisa ser cortado pela raiz.
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À nossa frente, a segunda semifinal da Copa Sul-Americana. Após uma semana favorável, com o time subindo de produção e conseguindo sua segunda virada no ano em jogos decisivos, a crise mais uma vez se instalou no clube. O clima é ruim, mas espero que o grupo consiga se concentrar e tenha capacidade de superação.
A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.