Já cansado do discurso mais conformista e preguiçoso que lembro do futebol do Flamengo. "Fizemos tudo certo, os resultados virão", que impregna com seu cheiro nauseabundo, do CEO ao faxineiro do Departamento de futebol. A fé religiosa em processos burocráticos sem metas e cobranças, que podem dar certo em repartições públicas ou privadas, que só querem tocar a vida e receber contra-cheques, com o chefe lendo jornais do dia, aquela semi luz econômica, cadeiras quebradas, computadores lentos e ventiladores de teto fazendo barulhos estranhos, que ninguém conserta, pois dá trabalho e se acostuma. Vida tocada como os passes de Marcio Araujo, para trás, para os lados, de forma lenta, sem audácia.
Mas o amanhã é uma construção mental. O que temos na vida, é o hoje, o agora, junto com o aprendizado, traumas, alegrias ou tédios do passado, que ao mesmo tempo que nos dá subsídios para a ação também pode nos tirar a energia.
E o passado desta gestão até aqui é um ode a procrastinação esportiva, preguiça e conforto sem cobrança. Não é a toa que mantém profissionais de qualidade duvidosa ou bem aquém que o Flamengo precisa. Seja em campo, seja como consultor psicológico,auxiliar técnico, preparador de goleiros e mesmo em outras áreas, como o Centro de Inteligência. Vai tocando, deixando a vida os levar.
Temos, portanto, o hoje para fazer certo. Corrigir os problemas, aperfeiçoar o que se tem, para que a equipe entre em campo dando o melhor de si e se cobrando para isto. As vitórias são consequências da preparação física, técnica e tática e, principalmente, do estado de espírito com que os jogadores entram em campo. E, como todos viram, Flamengo entra de forma burocrática e tediosa em campo. Talvez o passado de eliminações vexatórias e de protestos da raivosa torcida do Flamengo, tenha deixado os jogadores acanhados. Ou a demissão do técnico parceiro e amigo.
Mas o Rueda, contratado ainda que tardiamente para este ano, dá mostras em entrevistas que também não está satisfeito com este marasmo. Fala em competitividade e ganhar o tempo inteiro. Tem um nome a zelar. Sabe que na Colômbia prestam a atenção em seu trabalho. Rueda quer fazer o hoje, enquanto o resto do staff do futebol pensa no amanhã.
Hoje tem jogo contra o Bahia, que os jogadores entrem em campo esquecendo este passado burocrático fedido, para entrar em campo hoje (e nos demais "hojes"), com a faca nos dentes. Aí sim, conquistarão as vitórias que o amanhã promete.