Salve, Buteco! O domingo amanheceu com os portais que cobrem o dia-a-dia do Flamengo apostando em uma escalação muito parecida com a da última quinta-feira, quando o Mais Querido disputou a primeira partida da final da Copa do Brasil contra o Cruzeiro, no Maracanã. Criou-se a expectativa de que o time entraria em campo apenas com três modificações: Diego Alves, Rhodolfo e Guerrero nos lugares de Thiago, Juan e Lucas Paquetá. Todavia, Rueda surpreendeu a todos quando divulgou a escalação com a volta desses três jogadores, em tese titulares, porém apenas com Cuéllar do restante do time "titular", e de Rodinei, que vem jogando na lateral direita. O restante do time foi composto por jogadores que não podem jogar a Copa do Brasil e/ou que não jogavam há um tempo. O Botafogo, a seu turno, foi a campo com a formação titular.
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O Flamengo começou controlando o jogo e com muito mais posse de bola. A falta de entrosamento do time que entrou em campo pôde ser constatada pelos erros de passe e a dificuldade para criar situações de gol, tanto que a nossa melhor chance de gol ocorreu em lance de bola parada, na cobrança de falta de Guerrero, que levou Gatito Fernandez a defender com grande dificuldade. Ainda assim, o Flamengo era superior até cerca da metade do primeiro tempo, quando então o Botafogo começou a encaixar alguns contra-ataques, sempre pela direita, forçando o jogo sobre Rodinei. Em um desses contra-ataques Rodrigo Pimpão cruzou com pé trocado para Roger, que cabeceou obrigando Diego Alves a fazer grande defesa. Antes do intervalo o Botafogo já era mais intenso e objetivo, porém os times desceram para os vestiários com o placar em branco dentro de um quadro de equilíbrio.
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Na volta do intervalo a tendência do final do primeiro tempo se concretizou: apesar de Rodinei subir um pouco de produção, o Flamengo continuou com sérias dificuldades para criar e se limitou a uma finalização de Everton Ribeiro de fora da área, ao passo que o Botafogo mostrava mais coordenação e intensidade nos contra-ataques. O gol canino parecia maduro e aconteceu em jogada de bola aérea, quando Igor Rabello, marcado por Cuéllar, cabeceou na trave e no rebote Roger, desmarcado, abriu o placar. Rueda logo em seguida colocou Berrío em campo e o time tentou pressionar, porém, apesar de ganhar ainda mais força pelo setor direito, não criou situações de gol. O time já estava com Arão no lugar de Rômulo quando em jogada pelo lado esquerdo da nossa defesa Trauco foi superado Bruno Silva, que cruzou para Roger se antecipar a Rhodolfo e ampliar o placar, dando números finais à partida.
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Ao contrário de partidas anteriores pelo próprio Brasileiro e também pela Copa do Brasil, o time não teve intensidade alguma e a atuação foi fraca inclusive no campo tático. Rômulo, Geuvânio e Matheus Sávio comprometeram, seja por atuações individualmente fracas, seja pela falta de ritmo de jogo, antes mesmo do fato de não estarem entrosados. Além de mais articulado por ter jogado com o time titular, o Botafogo, a partir da metade do primeiro tempo, foi sempre mais coeso e intenso do que o Flamengo, que só voltou a mostrar um mínimo de articulação nos minutos finais, quando Berrío, Arão e Everton estavam em campo e o Botafogo segurava o resultado.
Por sinal, na entrevista pós-jogo Rueda justificou a escalação no confronto da última quinta-feira e também no jogo da próxima quarta-feira, contra a Chapecoense, pela Sul-Americana, mencionando ainda que o Botafogo não jogou no meio da semana passada. O experiente treinador tem a sua disposição informações ligadas às condições atléticas e fisiológicas dos jogadores, não disponíveis para nós, torcedores. Tudo indica que não achou viável escalar o mesmo time nos três jogos em sequência. Todavia, muitos questionamentos foram feitos pela torcida, desde a escalação do time misto em um clássico estadual, passando pela a desistência do título brasileiro até a priorização da Sul-Americana diante do risco de não conquistar uma vaga na Libertadores.
Tudo isso força a discussão a respeito de prioridades. Se escalar o time de quinta-feira poderia inviabilizar a utilização da maior parte desses jogadores na próxima quarta, contra a Chapecoense, ou quem sabe, por contusão, até na decisão do dia 27, a questão passou a ser qual competição priorizar no momento. Tudo indica, então, que o Flamengo passou a trabalhar com as metas de G4 ou G6 no Brasileiro, por considerar as chances de título remotas, e de conquistas da Copa do Brasil e da Sul-Americana. Na teoria não soa absurdo, muito pelo contrário; o que não se esperava é um rendimento tão baixo do time dentro de campo.
Já não é fácil para a torcida lidar com tão pouca ambição na competição mais longa e com mais jogos no ano. Para piorar, a fraca atuação e a derrota sem mal conseguir agredir o adversário são do tipo "inaceitável", e no Flamengo felizmente não se convive bem com o fracasso nas competições e confrontos mais importantes.
Já não é fácil para a torcida lidar com tão pouca ambição na competição mais longa e com mais jogos no ano. Para piorar, a fraca atuação e a derrota sem mal conseguir agredir o adversário são do tipo "inaceitável", e no Flamengo felizmente não se convive bem com o fracasso nas competições e confrontos mais importantes.
É importante que Rueda compreenda essa característica do clube e de sua torcida.
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Apesar disso, a conclusão inevitável é que o Flamengo tem um elenco caro e forte no papel, mas na prática há muitos jogadores rendendo muito abaixo do esperado, o que compromete a imprescindível rodagem nas três principais competições que disputa no segundo semestre do ano. Ao contrário do que se esperava, o elenco, desnivelado em performance, hoje não reúne condições para disputar o título nas três competições, o que é fruto de decisões tomadas no início do ano, no âmbito do planejamento da temporada, tanto pela Diretoria, como pela comissão técnica anterior.
É bom que se diga que essas constatações não impedem que o colombiano dê melhor padrão tático aos times que mandar a campo e nem tampouco que faça escolhas mais eficientes na rodagem do elenco; contudo, por mais que melhore o rendimento do time "alternativo", o novo treinador inevitavelmente trabalhará com esse quadro de limitações, que na minha opinião força escolhas e priorizações.
É importante que a torcida compreenda o quadro herdado pelo atual treinador e os limites do que ainda pode fazer na temporada de 2017. Mais um fracasso na Sul-Americana geraria críticas do mesmo naipe. O cenário é de cobertor curto.
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Nunca precisamos tanto de um título. Até dia 27 teremos muitas dúvidas e a ansiedade atingirá índices altíssimos, que só melhores atuações serão capazes de amenizar.
A palavra, como sempre, está com vocês para falarem do jogo de ontem e do que esperam do jogo de quarta-feira.