E mais uma vez em partida decisiva o Flamengo joga de forma burocrática. Um Flamengo sem fome, sem ousadia, sem ímpeto de vitória consegue um empate contra o Chapecoense, que se mostrou tecnicamente limitado, mas que conseguiu boas jogadas pelas pontas, contando com uma atuação bem sofrível do Rodinei na proteção pela direita.
Arão fez ótima partida. Cobrindo a defesa, fazendo a saída de bola, dando passes ofensivos, jogou como gente grande. Com atuações apagadas de Berrio e Diego, Flamengo ficou sem jogadas, tendo como válvula de escape as famosas tijoladas em direção ao Guerrero. Everton se machucou no início e entrou Vinicius Jr em seu lugar em uma atuação apagadíssima. A marcação da Chapecoense também ajudou. Sabendo da má fase do Diego concentrou-se em fechar o caminho pelas laterais. Guerrero era marcado com seguidas faltas, e o juiz boliviano caseiro não punia os infratores. Punia o Flamengo. Qualquer simulação de falta que os jogadores da Chape representavam este cidadão amarelava o Flamengo enquanto deixava o time da casa agredir impunemente. Fica difícil jogar assim. Contra 11 mais o juiz. Embora isto não seja desculpa para uma atuação tão anêmica.
Rueda também não teve boa atuação. Demorou demais a substituir o apagado Diego por Everton Ribeiro, para tentar mudar as coisas dentro de campo. Fez uma boa substituição colocando Paquetá no lugar do Berrio, e justamente ao centralizar mais o jogo o Flamengo criou mais oportunidades. Espero que tenha tomado uma lição nisso.
Chapecoense teve boas chances para fazer seu gol. Criou melhores oportunidades. E numa delas Diego Alves, seguindo o melhor da escola "Victor Hugo", bateu roupa, deixando o atacante adversário livre para finalizar. Felizmente o fez para fora.
Rueda, ao fim do jogo, fez severa crítica ao elenco, o chamando de não-competitivo e não se ligar que disputa eliminatória. É um elenco de acomodados. E isto, Rueda, não é de hoje. Faz anos.
Flamengo dá a impressão de um time em fim de temporada, sem chances de nada. Como se fosse um time em que os jogadores sabem que não irão ter contrato renovado então jogam por jogar. Mas não é o caso. O que acontece no Flamengo é um ambiente não-competitivo no futebol, que começa pela falta de cobrança por parte dos dirigentes amadores em resultados esportivos condizentes. Há um passar a mão na cabeça nocivo por parte dos dirigentes neste Departamento. EBM e Fred Luz frequentam assiduamente ônibus, vestiários e talvez até participem de preleções tal a tara que demonstram em estar no ambiente de futebol. Na minha visão isto é errado. A relação se torna pessoal, de amizade, dificultando enormemente a cobrança mais firme que vem da distância e da análise fria dos resultados. Fica um sentimento então de proteger fulano e sicrano, que permite que perebas bem relacionados tenham contrato continuamente renovados e profissionais de péssimo gabarito se perpetuem em seus cargos. Tornam-se amigos.
Flamengo não é repartição pública. Flamengo é uma entidade esportiva que deve ser altamente competitiva. E não é na "proteção e amizade" que conseguirá sê-lo.