Homenagem ao rubro-negro Marcelo
Rezende, que nos deixou semana passada.
* * *
Começa a partida. O Flamengo parte para a primeira falta, prometida por
Tita: um pontapé no joelho de Jorge Valença. Éder corre. Nunes também.
- Calma – diz Nunes – que aqui é Maracanã e te meto porrada.
São três minutos e o Atlético desce para o ataque. Júnior acerta a
perna de Chicão, que retruca:
- Não avança não, filho da p..., que eu vou te pegar.
Nunes passa perto de Osmar para lembrar-lhe “daquela palhaçada do
Mineirão” e prometer vingança. Agora são 7 minutos. Osmar avança e João Leite
grita desesperado: “Volta, pelo amor de Deus!” A bola é lançada para Nunes e
João Leite abandona o gol berrando para assustar o atacante. Esforço inútil: Nunes
toca para as redes e sai gritando um palavrão. Agora é o Galo que ataca e, num
chute de Reinaldo, empata o jogo. É a vez de Carpegiani se desesperar:
- Onde está a cobertura dessa merda?
Júnior balança a cabeça. Raul incentiva e protesta:
- Aqui não tem homem? Isso não é gol que se tome. Vamos entrar firme,
dar porrada. Cadê os homens?
Corre a partida. Chicão manda por na roda, Chicão pega Zico, que reage:
- Olha aqui, se me pegar de novo eu te quebro. Vai pra p...
Chicão coloca o dedo na cara de Zico:
- Sossega, guri.
O Fla está acuado. Quarenta minutos. Nunes pega Luisinho – o zagueiro
será substituído no segundo tempo por causa dessa entrada na perna. Falta de
Valença em Tita. Chicão chama Valença para a área, enquanto Osmar pede a
atenção de Cerezo na marcação de Zico. Mas o Galinho aparece na área e, de
virada, faz 2 x 1.
Começa o segundo tempo e Osmar acena para o banco, sai. Aos 16 minutos,
Raul pega uma bola nos pés de Palhinha, que toca de leve com a bola na cabeça
do goleiro:
- O juiz tá prejudicando a gente. Segura teu pessoal senão o jogo mela.
Raul:
- Isso é guerra. Adoro você mas não entro nessa catimba.
Outro gol de Reinaldo – machucado, capenga, ele empata o jogo.
Instala-se uma crise na defesa do Flamengo. Um xinga o outro, Zico grita:
O time avança. Zico grita com Júlio César para marcar, ordena que
Adílio seja mais rápido. Reinaldo cai em campo – sente o músculo, faz cera,
xinga a mãe do juiz.
José de Assis Aragão revida:
Quebro a cara desse moleque. Tá expulso!
Do túnel, Reinaldo adverte:
- Cuidado, vai ser gol! Faz a falta em Nunes. Mata ele, Silvestre!
Nunes invade, Silvestre hesita. João Leite grita:
- Quebra ele, pega firme!
- Tá satisfeito, seu juiz de merda? Você queria o Flamengo, não é
mesmo?
Nunes ri:
- Calma, garotada, que agora é que a festa vai começar.
Zico emenda:
- Vai tomar seu banhinho lá dentro e deixa o campeão dar seu baile.”
* * *
Por Marcelo Rezende, publicada na Revista Placar nº 527, e republicada na Edição Especial nº 1204, da mesma revista.