Salve, Buteco! Subitamente o caro elenco do Flamengo se transformou em um saco de pancadas no Campeonato Brasileiro/2017. A campanha, que já era fraca, inclusive se comparada com a de 2016, simplesmente desandou depois da derrota para o Grêmio na Ilha do Urubu, no dia 13 de julho. Um mês depois, o Flamengo tem uma única vitória, três empates e quatro derrotas. Como frisei semana passada, não tenho dúvidas de que o elenco se abateu com a eliminação na Libertadores e o fracasso em confrontos diretos contra os componentes e aspirantes ao G4. Porém, apesar de ser inegável que o time de Zé Ricardo sempre teve limitações na articulação de jogadas e no setor ofensivo, é incontestável que ao mesmo tempo tinha uma defesa segura. Neste último mês, sem melhorar ofensivamente, passou a tomar muitos gols, perdendo o que tinha de melhor. Se antes era difícil vencer o Flamengo, as derrotas começaram a se acumular e as vitórias necessárias para disputar as primeiras posições se tornaram ainda mais distantes e improváveis, até porque o time perdeu muito no que já deixava a desejar: competitividade.
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Jayme, que desde janeiro não era o principal assistente da Comissão Técnica e portanto não participava das principais decisões, na minha opinião não tem culpa de como pegou o time nos aspectos tático e emocional. Contudo, ontem no Horto ainda assim foi bastante infeliz na escalação. Enquanto o Atlético/MG entrou em campo com um meio povoado de jogadores, Jayme apostou em uma formação com dois pontas velozes, sem levar em conta a falta de padrão de jogo ofensiva do time. A consequência foi a perda da batalha pelo meio. Os jogadores, perdidos dentro de campo, mais uma vez se mostraram acomodados diante da marcação adversária, não dando opção para o passe, o que os levou a estar várias vezes sozinhos e cercados por três, quatro adversários. A perda da posse de bola, inevitável, gerou vários contra-ataques perigosos do Atlético/MG, até que em um deles Trauco, que teve atuação simplesmente desastrosa, cometeu pênalti infantil em Luan, levando à abertura do placar. Repetiu-se o cenário várias vezes visto em jogos nos quais o Flamengo não conseguiu segurar o resultado. A diferença é que sequer os bons momentos existiram.
O gol atleticano teve o efeito de piorar o que já não era bom. O primeiro tempo terminou com a torcida rubro-negra respirando aliviada. Contudo, o time voltou ainda pior do intervalo e desmoronou por completo após a expulsão infantil de Trauco, que já tinha cartão amarelo. Na sequência o Atlético/MG marcou o segundo gol, aproveitando-se da nossa defesa mal posicionada, e passou a administrar o resultado sem forçar sua ampliação. Já o Flamengo desandou de vez. O que se viu daí em diante foi Willian Arão e Márcio Araújo tentando levar o time pra frente, o primeiro sem maiores preocupações táticas e o segundo, batido no cruzamento que levou ao segundo gol atleticano, comprometendo como sempre na parte técnica.
Trauco, aliás, fazia sua pior exibição pelo Flamengo até ser expulso. Se não se pode esperar de Jayme um milagre em dois jogos, é inaceitável que, como treinador, omita-se diante do que ocorre dentro das quatro linhas. Trauco jogou mal desde o início da partida e só por esse fato já merecia ter sido substituído no intervalo, ao que se somava a necessidade de prevenir a expulsão. De qualquer modo, individualmente o time todo foi muito mal. O miolo de zaga, frequentemente exposto, teve atuação fraca no combate direto e na cobertura. No meio Everton Ribeiro tentou liderar a articulação de jogadas mas sucumbiu com uma atuação fraca em um time espaçado e incapaz de agredir o adversário. Geuvânio praticamente nada produziu. Destaco ao menos o espírito de luta, ainda que sem qualidade, de Berrío e Felipe Vizeu.
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Não consigo tirar da cabeça que o Atlético/MG vinha de três derrotas em quatro jogos, duas delas consecutivas. Já o Flamengo também vinha de duas derrotas consecutivas e agora acumula três. Pior do que o resultado, para qualquer torcedor é difícil aceitar que o time entregou completamente os pontos antes de completados dez minutos da segunda etapa. Não tomou uma goleada porque o Atlético/MG literalmente "tirou o pé".
Por isso mesmo, tenho a impressão que os desafios imediatos de Reinaldo terão um forte componente psicológico, e o primeiro deles será recuperar emocionalmente o elenco. Os jogos no Maracanã pela Libertadores da América mostraram que os jogadores acreditavam e queriam o título, mas certamente não contavam com um desempenho tão fraco do time como visitante e nem com a perda de rendimento a ponto de levar à demissão do treinador. Sem inspiração, hoje o time não reage nem mesmo a provocações dos adversários. O segundo desafio, em sequência, será introduzir novos conceitos de dinâmica de grupo sem sucumbir ao evidente status quo que empodera alguns jogadores. Vale dizer: desfazer a panela e incutir uma cultura realmente meritória no Departamento de Futebol. Afinal de contas, foi o próprio presidente Eduardo Bandeira de Melo que disse claramente ter seus "protegidos". Nesse momento Rueda terá que ser frio e sereno para avaliar se algum jogador é empecilho para atingir seus objetivos.
O terceiro desafio será incutir uma mentalidade efetivamente vencedora nos jogadores, fugindo da acomodação que surgiu da linha de discurso "os títulos virão na hora certa", "o trabalho está sendo bem feito" e "estamos com a consciência tranquila". O Flamengo hoje é sobretudo um time sem estímulo e metas. Somente então Rueda conseguirá enfrentar o último desafio, o mais esperado pela torcida, que está na parte tática: voltar a ter consistência defensiva e simultaneamente explorar a vocação natural do elenco a jogar com posse de bola, não estimulada pelo treinador anterior. Ou seja, implementar um futebol moderno, ofensivo, de qualidade e ao mesmo tempo eficiente.
Por isso mesmo, tenho a impressão que os desafios imediatos de Reinaldo terão um forte componente psicológico, e o primeiro deles será recuperar emocionalmente o elenco. Os jogos no Maracanã pela Libertadores da América mostraram que os jogadores acreditavam e queriam o título, mas certamente não contavam com um desempenho tão fraco do time como visitante e nem com a perda de rendimento a ponto de levar à demissão do treinador. Sem inspiração, hoje o time não reage nem mesmo a provocações dos adversários. O segundo desafio, em sequência, será introduzir novos conceitos de dinâmica de grupo sem sucumbir ao evidente status quo que empodera alguns jogadores. Vale dizer: desfazer a panela e incutir uma cultura realmente meritória no Departamento de Futebol. Afinal de contas, foi o próprio presidente Eduardo Bandeira de Melo que disse claramente ter seus "protegidos". Nesse momento Rueda terá que ser frio e sereno para avaliar se algum jogador é empecilho para atingir seus objetivos.
O terceiro desafio será incutir uma mentalidade efetivamente vencedora nos jogadores, fugindo da acomodação que surgiu da linha de discurso "os títulos virão na hora certa", "o trabalho está sendo bem feito" e "estamos com a consciência tranquila". O Flamengo hoje é sobretudo um time sem estímulo e metas. Somente então Rueda conseguirá enfrentar o último desafio, o mais esperado pela torcida, que está na parte tática: voltar a ter consistência defensiva e simultaneamente explorar a vocação natural do elenco a jogar com posse de bola, não estimulada pelo treinador anterior. Ou seja, implementar um futebol moderno, ofensivo, de qualidade e ao mesmo tempo eficiente.
Não será fácil, mas ao menos o primeiro desses desafios precisa começar a ser enfrentado antes da partida de quarta-feira, no Engenhão, contra o Botafogo pelas semifinais da Copa do Brasil.
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A palavra, como sempre, está com vocês para mandarem suas impressões, sugestões e expectativas, além do mais importante: a escalação para quarta-feira!
Bom dia e SRN a tod@s.