segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Desempenho

Salve, Buteco! O tema do dia não pode ser outro que não o desempenho do Flamengo sob o comando de Zé Ricardo, recém-demitido do comando técnico do futebol profissional. Os números globais refletem um desempenho bastante positivo, com 47 (quarenta e sete) vitórias, 25 (vinte e cinco) empates e 17 (dezessete) derrotas, além de 146 (cento e quarenta e seis) gols marcados e 86 (oitenta e seis) sofridos, o que representa um aproveitamento de 62,2%. Contudo, como, apesar da conquista do título estadual de forma invicta, o Flamengo foi precocemente eliminado da Libertadores da América/2017, ainda na fase de grupos, e faz campanha decepcionante, inferior a do Brasileiro/2016, no Brasileiro/2017, resolvi analisar esses números em contextos específicos. O final do primeiro turno do Brasileiro/2017, pouco mais de um mês após Zé Ricardo completar um ano à frente do Flamengo, traz a oportunidade perfeita para a análise. Outro fato que enseja essa abordagem é a vertiginosa queda de rendimento do time após a vitória contra o Vasco da Gama, em São Januário: uma única vitória, dois empates e categóricas quatro derrotas em oito jogos.

Começarei pelo desempenho contra os rivais do Rio de Janeiro e depois abordarei um tema que vem sendo recorrente não apenas aqui no Buteco, como também no Twitter: o confronto direto contra os adversários de maior porte. Nesse grupo eu considerei os seguintes rivais: Atlético/PR, Atlético/MG, Corinthians, Cruzeiro, Grêmio, Internacional, Palmeiras, São Paulo e Santos. Somados esses dois grupos de adversários, temos nada menos do que 13 (treze) clubes e pelo menos 12 (doze) confrontos por turno do campeonato brasileiro, considerando que volta e meia um deles disputa a Série B.

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No âmbito estadual o Flamengo de Zé Ricardo foi absoluto, com 7 (sete) vitórias, 8 (oito) empates e 1 (uma) derrota em 16 (dezesseis) jogos. Ainda que empate mais do que ganhe, é inegável a supremacia, refletida no título estadual invicto em 2017. O retrospecto com Zé Ricardo engloba a reversão da curva decrescente nos confrontos diretos contra o Vasco da Gama e supremacia até aqui indiscutível contra Botafogo e Fluminense, embora deva ser ressaltado que, seguindo a tendência de queda de rendimento no primeiro turno do Brasileiro/2017, contra a dupla do "Clássico Vovô" o time não saiu do empate.

O quadro muda bastante quando avaliamos os números no contexto interestadual.

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Contra os grandes de outros estados o retrospecto global é pouco acima do mediano: em 31 (trinta e um) jogos, o Flamengo venceu 11 (onze), empatou 12 (doze) e perdeu 8 (oito) vezes. A maioria dos jogos ocorreu pelo campeonato brasileiro: 26 (vinte e seis), com 8 (oito) vitórias, 12 (doze) empates e 6 (seis) derrotas, o que começa a mostrar o perfil do Flamengo que prevalece nesse tipo de confronto. Nesse contexto, a queda de rendimento no primeiro turno do campeonato brasileiro é evidente: enquanto em 2016 o time teve 7 (sete) vitórias, 7 (sete) empates e 4 (quatro) derrotas em 18 (dezoito) jogos, lembrando que Muricy dirigiu o time contra o Sport Recife e Jayme contra Grêmio, Chapecoense e Atlético/MG (Brasília), no primeiro turno de 2017 o time venceu um único jogo, contra o São Paulo na Ilha do Urubu, empatou 5 (cinco) e perdeu 2 (duas) vezes.

O perfil do time começa a se desenhar melhor quando são analisados os números como mandante e visitante. O retrospecto como mandante é bom; não ótimo, não excelente, mas bom, com 9 (nove) vitórias, 5 (cinco) empates e 1 (uma) derrota. Já como visitante o problema da ineficiência se expõe claramente: em 15 (quinze) jogos o Flamengo de Zé Ricardo venceu um único jogo, o quinto do treinador no comando da equipe, contra o Cruzeiro (então na zona do rebaixamento) no Mineirão, na estreia do Réver, que marcou de cabeça. Além dessa vitória, o time tem 8 (oito) empates e 6 (seis) derrotas. 

O desempenho do Flamengo de Zé Ricardo fora de casa, contra os grandes rivais de outros estados, é um dos fatores que explica a distância dos maiores títulos.

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A cidade de São Paulo, top ten no PIB mundial, não por acaso tem 3 (três) dos maiores clubes de futebol profissional do Brasil e, portanto, rivais diretos do Flamengo em qualquer competição importante: Corinthians, Palmeiras e São Paulo. Pertinho, descendo a Imigrantes, tem o Santos, de enorme tradição e o maior clube sediado em cidade que não seja capital (de estado ou do país) no Brasil e na América do Sul. Na grande maioria das vezes em que disputar um título de grande porte, o Flamengo enfrentará como rival um desses quatro adversários. Pois bem. Contra esses quatro rivais, o Flamengo de Zé Ricardo, em 14 (quatorze) jogos, tem 3 (três) vitórias, 7 (sete) empates e 4 (derrotas).  Como mandante, foram 7 (sete) jogos, com 3 (três) vitórias, 3 (três) empates e 1 (uma) derrota; como visitante, 3 (três) empates e 4 (quatro) derrotas. As três vitórias foram conquistadas contra Santos (duas vezes com mando) e São Paulo (com mando). Enfrentando Corinthians e Palmeiras, apenas empates e derrotas.

O desempenho do Flamengo de Zé Ricardo contra os grandes rivais de São Paulo é outro fator que explica a falta de grandes títulos.

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Com a Libertadores e a Copa do Brasil em 2017, e ao contrário do que ocorreu em 2016, quando Zé Ricardo não dirigiu o time na maior competição sul-americana e na maior competição eliminatória brasileira, surgiram novos cenários para avaliar o desempenho do Flamengo sob o comando do treinador. Excluo a Primeira Liga e, até aqui, a Sul-Americana, porque evidentemente não tiveram adversários do mesmo nível das outras duas, lembrando que o Flamengo já entrou na Copa do Brasil/2017 nas oitavas-de-final.

Como mandante, os números na Copa do Brasil e na Libertadores são irretocáveis: 4 (quatro) vitórias e 100% (cem por cento) de aproveitamento. Como visitante, vão além do ridículo: 4 (quatro) derrotas e 100% (cem por cento) de fracasso.

Esse Flamengo de extremos, sem equilíbrio, na Copa do Brasil se classificou na bacia das almas contra o Santos na Vila Belmiro; na Libertadores, conheceu a eliminação no último minuto do jogo contra o San Lorenzo, em Buenos Aires. Sempre no limite extremo, sem segurança alguma.


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Como se pode constatar, os números globais e mesmo o que se extrai de mais competitivo no trabalho de Zé Ricardo à frente do Flamengo não resistem a uma análise contextualizada e pormenorizada. O time até ganha alguns dos confrontos decisivos, mas em contextos bastante específicos e não na proporção suficiente para conquistar os títulos mais importantes.

Os jogos pela Libertadores e Copa do Brasil no Maracanã e na Ilha do Urubu foram, ao lado das semifinais e finais do Estadual, o que o Flamengo produziu de melhor em 2017. Tiveram presença maciça e participação inflamada da Nação Rubro-Negra. Fora de casa, porém, o Flamengo não tem se portado como time grande. Além disso, as melhores atuações ficaram no passado: a realidade atual, de julho até esse início de agosto, é o rendimento despencando a nível de rebaixado, com ou sem mando de campo, contra rival grande, médio ou pequeno, paulista, mineiro, gaúcho ou baiano, pelo Brasileiro ou Copa do Brasil.

É curioso observar que, na partida que deu início não apenas à sequência de maus resultados, mas também de más atuações, disputada no dia 13 de julho na Ilha do Urubu, o Grêmio, que estava atrás do Flamengo na tabela do Campeonato Brasileiro, iniciou um espiral positiva, enquanto o Mais Querido despencou. Hoje, os gaúchos estão a inacreditáveis 10 (dez) pontos à frente do Flamengo, como time grande e não desistindo do título, apesar do desempenho do Corinthians.

Não tenho dúvidas de que o time, que já havia sentido a eliminação na Libertadores, sentiu novamente o fracasso em um confronto decisivo, dessa vez com mando de campo e em disputa direta pela segunda posição na tabela. Posto à prova mais uma vez com mando de campo contra o Palmeiras, nada conseguiu além do empate. Fora de casa, sofreu duas derrotas marcantes contra o Santos (Vila Belmiro e Pacaembu). A confiança desmoronou, mas a gana sempre deixou a desejar.

O detalhe é de grande importância: na verdade, julho marcou a queda de rendimento de um trabalho que não evoluiu em relação a 2016 e já se mostrava insuficiente para disputar as decisões e títulos mais importantes de 2017. São os números e resultados que confirmam, assim como a postura do time dentro de campo, fraquejando na maioria dos momentos decisivos.

Portanto, não é exagero afirmar que o futuro treinador terá que fazer melhor ou haverá risco de não alcançar o que no início do ano todo mundo dava como certo: disputar a Libertadores/2018. O futebol não perdoa acomodação. Em 2016 o time terminou o primeiro turno a nove pontos do futuro campeão Palmeiras. Em 2017 está a dez do segundo colocado e dezoito do primeiro. O futuro treinador pegará um Flamengo decadente em rendimento.

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O Flamengo é raça, fibra, gana e títulos conquistados através de uma vontade de vencer que não se limita a palavras contidas no hino oficial. É força viva, positivo, ofensivo, democrático, mistura social, plural, alegre, corajoso e vencedor. Flamengo não combina com elitismo, despeito com a torcida, vaidade, panelas, grupinhos, covardia e estagnação.

Bom dia e SRN a tod@s.