Salve, Buteco! Timing. Palavra originária da língua inglesa, foi oficiosamente incorporada ao nosso vocabulário com o significado de "organização temporal do movimento para responder no tempo certo", "tempo determinado para realizar uma atividade" ou "coordenação temporal de uma atividade". Tem sido popularmente utilizada para expressar a tomada ou não de decisões no momento certo. No Flamengo de hoje, acredito que sua falta seja adequada para expressar a demora em reconhecer as decisões equivocadas e tomar as certas diante do que as competições exigem. O treinador demora a admitir seu erro, a Diretoria cruza os braços e o dublê de presidente e vice de futebol se encarrega de conceder entrevistas patéticas atacando parte da torcida e da imprensa, a última nas vésperas da decisiva partida de ontem. Enquanto isso, as chances de disputar os títulos mais importantes da temporada vão desaparecendo diante de nossos incrédulos olhos.
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Jogar fora de casa os confrontos mais importantes tem sido um problema. O Flamengo, com grande posse de bola, vem encontrando dificuldades para definir. Naqueles em que abriu o placar, não conseguiu segurar a vitória. Ontem no Itaquerão contra o Corinthians algo semelhante ocorreu: a marcação alta vista contra Vasco, Cruzeiro e Santos deu a impressão de que o time se imporia no campo adversário, porém não persistiu sequer por quinze minutos. Bastou um gol mal anulado pelo auxiliar e o Corinthians se mostrou melhor posicionado dentro de campo. Como vem acontecendo com constância, os volantes Cuéllar e Márcio Araújo se adiantavam enquanto Diego ou Everton Ribeiro recuavam pra sair com a bola e o time, estático no setor ofensivo, encontrava o Corinthians postado na defesa, pronto para contra-atacar. Foi assim que o anfitrião abriu a contagem, quando Jô ganhou facilmente na corrida de nossa linha defensiva. Diego Alves, talvez sem ritmo de jogo, não engoliu um frango, mas poderia ter defendido, a julgar pelo patamar que ocupa como goleiro. A torcida rezou para o primeiro tempo acabar o mais rápido possível.
Volantes modernos cumprem as mais variadas funções ofensivas, inclusive a saída de jogo e a transição, movimentando-se por todo o setor de frente. Embora até as pedras saibam que Márcio Araújo não é tecnicamente apto para tanto, assim vem sendo repetidamente escalado por Zé Ricardo. Ontem no primeiro tempo foi visto nas duas pontas e até dentro da área ao lado de Guerrero. Cuéllar, por sua vez, tem por melhor característica, além do desarme, a boa saída de bola, mas, a mando do treinador, dela não participa. Como um acessório da peça desfuncional, participa de um esdrúxulo revezamento ofensivo com Márcio Araújo, mesmo não tendo na velocidade o seu ponto forte.
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Vem o segundo tempo e, diante da iminente e catastrófica derrota, Zé Ricardo finalmente desperta, age de forma racional e toma decisões como um treinador de time grande, fixando à frente da experiente, porém lenta zaga o veloz Márcio Araújo, que assim passa a jogar na única posição em que ocasionalmente pode ser útil: executando funções defensivas, especialmente contra o veloz contra-ataque corintiano. No lugar de Cuéllar entra Willian Arão, que tem mais mobilidade e a característica de se infiltrar na área adversária. Com o controle do jogo, Zé Ricardo finalmente ousa, inova e substitui Trauco por Berrío, que entra bem e se torna ótima opção pela ponta direita. Everton recua para a lateral esquerda, permitindo a permanência dos meias Everton Ribeiro e Diego em campo. A postura ofensiva não atrapalha e o time troca mais passes, sem prejuízo de jogadas ensaiadas com bola parada, nas quais Juan sempre leva perigo, numa delas obrigando Cássio a operar um milagre. Em outra, logo na sequência, Réver marca um golaço e empata a partida. A torcida, que começou receosa o segundo tempo, sente que as chances de vitória não são uma mera ilusão.
O empate não cessa o domínio rubro-negro e nem freia seu ímpeto. Não fosse uma inacreditável chance de gol perdida por Diego em uma jogada muito bem construída, o time viraria o placar. Passados alguns minutos, Zé Ricardo novamente não se omite, toma a decisão certa e tira o nosso ótimo meia e líder, mas que não vem conseguido manter um bom nível de jogo após voltar de contusão. Entra Vinícius Júnior, que na primeira jogada encaixa um dos seus característicos dribles de corpo e em seguida deixa Fagner pra trás. O Flamengo muito ofensivo, quem diria, domina amplamente a partida e só dá chances ao líder absoluto do campeonato em uma única oportunidade na qual Diego Alves nos salva defendendo com grande agilidade e reflexo a conclusão de Jô, mais forte do que a do gol mosqueteiro no primeiro tempo. A sensação é que o Mais Querido tomará a frente do placar em questão de minutos, diante das inúmeras oportunidades de contra-ataque.
O gol da virada, porém, não chega. O árbitro apita o final da partida e a torcida mais uma vez fica com o gosto amargo do empate após quarenta e cinco minutos iniciais perdidos, mas dessa vez depois de um segundo tempo no qual finalmente o Flamengo jogou como Flamengo e Zé Ricardo resolveu agir como treinador de time grande.
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Cada ser humano tem seu tempo biológico de amadurecimento, que é influenciado por fatores psicológicos. Os que têm facilidade para se desapegar do próprio ego geralmente se renovam e avançam, enquanto os vaidosos se preocupam primordialmente em provar que estão certos e ser reverenciados. Os primeiros costumam ter um bom senso de timing, enquanto os da segunda categoria tendem a se fossilizar na prisão de suas travas mentais e emocionais.
Qual seria o tempo de Zé Ricardo e da Diretoria do Flamengo, todos noviços no meio do futebol?
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Quarta-feira o Mais Querido, "Rei dos Empates" no Brasileiro/2017, jogará novamente em São Paulo contra o Santos, terceiro colocado, no Pacaembu, em mais um confronto direto pelas primeiras posições. Será que dessa vez vai? A depender do resultado de segunda-feira à noite, o Mais Querido terminará a 16ª Rodada apenas três pontos à frente do combalido rival Vasco da Gama e com uma vitória a menos.
A palavra, como sempre, está com vocês para mandarem suas impressões sobre a partida de ontem, a campanha no Brasileiro e o próximo confronto contra o Peixe, inclusive a escalação que levariam a campo.
A palavra, como sempre, está com vocês para mandarem suas impressões sobre a partida de ontem, a campanha no Brasileiro e o próximo confronto contra o Peixe, inclusive a escalação que levariam a campo.
Bom dia e SRN a tod@s.