Saudações
flamengas a todos,
Muito
se falou e se leu sobre a trajetória da equipe flamenga que se
sagrou Campeã Mundial em 1981. Os jogos históricos, a temporada, as
conquistas. No entanto, poucos se dão conta do que acabou
acontecendo com os onze protagonistas daquela que é a maior equipe
da história do Flamengo. O que houve com cada um deles. Então, é
isso que se propõe visitar a partir de agora.
O
DESTINO DOS HERÓIS
RAUL
Segue
atuando como titular do Flamengo, e nessa condição conquista o
Brasileiro de 1982. Na sequência da temporada, lesiona-se, é
operado e termina substituído pelo reserva Cantarele. Toma de volta
a posição no jogo final do Estadual, contra o Vasco, em decisão
controversa (estaria sem ritmo). No ano seguinte, desmotivado com a
rotina de treinamentos e viagens, anuncia sua aposentadoria. Talvez
querendo deixar boa impressão, realiza sua melhor temporada no
Flamengo, com defesas espetaculares e atuações de gala. Conquista o
Tri Brasileiro. No final do ano, encerra a carreira com um jogo de
despedida no Maracanã para 40 mil pessoas. É o único titular de
1981, além de Zico, a receber essa honraria.
LEANDRO
Atua
como lateral-direito até 1984, quando suas severas limitações
físicas (padece de uma deformação congênita na estrutura óssea
das pernas, o que força seus joelhos além do limite) impõem sua
escalação como zagueiro. Na nova função segue igualmente
brilhante, vivendo seu auge em 1985, temporada em que acaba
considerado o melhor jogador da equipe (condição brindada com o gol
antológico no Fla-Flu das Finais do Estadual). Em 1986 inicia seu
declínio, passando a conviver com sucessivas lesões. Em mais um
drama pessoal (algo recorrente em sua carreira), recusa-se a embarcar
com a Seleção para a disputa da Copa do Mundo. Pouco depois,
envolve-se em um acidente automobilístico fatal (é julgado
inocente). Mesmo assim, recupera-se e conquista, jogando, o Estadual.
No ano seguinte novamente enfrenta dificuldades para seguir atuando
(o médico do Flamengo declara que cada partida de Leandro é “um
pequeno milagre” da Medicina). Mas comete uma falha capital no
lance do gol que tira o título Estadual do Flamengo e entra em
choque com o treinador Antonio Lopes. No entanto, sob o comando de
Carlinhos, recupera-se e, novamente com grandes atuações, conquista
o Tetra Brasileiro. Todavia, em 1988 suas condições físicas chegam
ao limite, e Leandro já não consegue se manter atuando em alto
nível. Falha novamente nas Finais do Estadual e é barrado, primeiro
por Carlinhos, depois por Candinho. É convencido a se submeter a uma
cirurgia arriscada, numa última tentativa de seguir sua carreira. Em
vão. Após mais de um ano afastado, retorna no segundo semestre de
1989, mas jamais consegue engatar uma sequência de jogos. Farto,
decide pendurar as chuteiras no início de 1990.
MARINHO
Segue
na equipe titular em 1982, mantendo um curioso revezamento
(decorrente de lesões) com Mozer e o jovem talentoso Figueiredo. Na
campanha do Bi Brasileiro, marca um gol fundamental nas
Quartas-de-Final contra o Santos (aos 44 do segundo tempo, o gol da
vitória por 2-1, no Maracanã). No ano seguinte vive o céu e o
inferno. Após início irregular, realiza um Brasileiro irretocável,
em seu melhor momento no clube, o que lhe vale a inédita convocação,
por Parreira, para a Seleção Brasileira. Destaque da defesa,
levanta o Tri Brasileiro. Mas no segundo semestre daquele 1983
começam os problemas. Junto com a equipe, cai devastadoramente de
produção na “ressaca” que se segue após a venda de Zico. Com a
substituição de Carlos Alberto Torres por Cláudio Garcia, perde
prestígio e a vaga de titular, barrado por Figueiredo (mais jovem,
técnico e rápido, segundo o novo treinador). Mantido no banco
durante o restante da temporada e o primeiro semestre de 1984, acaba
negociado com o Atlético-MG (em troca do atacante Marcus Vinícius,
jovem promessa mineira). Ainda atua pelo Botafogo e outras equipes
menores antes de encerrar a carreira em 1989 em Londrina, sua terra
natal.
MOZER
Continua
formando a zaga titular com Marinho (e eventualmente Figueiredo).
Conquista, nessa condição, dois Brasileiros. Amadurece com
espantosa rapidez, a ponto de, com apenas 23 anos, ganhar a vaga de
titular na Seleção Brasileira, na temporada de 1983. Em 1984 vive
seu auge no Flamengo, agregando à sua conhecida qualidade técnica a
capacidade de marcar gols. Sua atuação na estreia da Libertadores
(4-1 Santos, Maracanã, em que anota dois belíssimos tentos) o faz
ser considerado o melhor jogador brasileiro em atividade, algo quase
impensável para um zagueiro. No entanto, a partir de 1985 Mozer
começa a conviver com lesões, especialmente no tornozelo, que
tornam menos frequente sua aparição na equipe. Lesiona-se dias
antes da primeira partida das Finais do Estadual de 1986, e das
tribunas do Maracanã assiste ao jovem Aldair ajudar a parar o ataque
vascaíno. Em 1987 consegue recuperar a forma física e as boas
atuações, que chamam a atenção do Benfica-POR, com quem é
negociado após a Taça Rio do Estadual (não disputando, assim, os
jogos finais da competição). Erige sólida carreira internacional,
com vários títulos por Benfica (em duas passagens), Olympique
Marseille-FRA e, por fim, Kashima Antlers-JAP, onde encerra sua
vitoriosa carreira, em 1996.
JÚNIOR
Segue
sendo uma das referências técnicas da equipe, que continua seu
ciclo vitorioso. Conquista os Brasileiros de 1982 e 83 e, com a venda
de Zico, chega a ser deslocado para o meio por Carlos Alberto Torres,
durante o Mundialito da Itália, com bons resultados. No entanto,
ainda não está preparado para ser o “sucessor natural” do
Galinho, como muitos acreditavam. Mesmo assim, de volta à lateral,
consegue se recuperar e termina o ano como um dos destaques da
equipe, condição que mantém no primeiro semestre de 1984, o que
torna impossível mantê-lo no Brasil. Por US$ 2 milhões (valor alto
à época) é vendido ao Torino-ITA. O treinador “Gigi” Radice o
desloca de vez para o meio-campo (“não vou desperdiçar seu
talento pondo-o para correr atrás de atacantes”). Seu futebol, já
de primeira linha, cresce assustadoramente de produção e Júnior
conduz um elenco limitado ao vice-campeonato italiano. Mais que isso,
é eleito o melhor jogador da temporada, o que não é pouco numa
Liga recheada de craques como Zico, Maradona e Platini, entre outros.
É titular e um dos principais nomes da Seleção que disputa a Copa
de 1986. O alto nível de seu jogo é mantido nas temporadas
seguintes. Mas desentende-se com Radice e é negociado com o modesto
Pescara-ITA (já com 33 anos, não consegue espaço num mercado
restrito a estrangeiros). Segue mantendo boas atuações (é eleito o
segundo melhor jogador da temporada 1988-89), mas não resiste à
falta de competitividade da equipe. Desmotivado com a experiência
italiana, resolve voltar ao Brasil em 1989, encontrando o Flamengo de
portas abertas. O início é atribulado. Júnior convive com lesões,
algo raro na carreira e não consegue uma sequência de boas
atuações, apesar de conquistar uma Copa do Brasil. Chega a ser
escalado na zaga por Valdir Espinoza e a ser barrado por Jair
Pereira. No entanto, quando já pensava seriamente em abandonar a
carreira, recebe a missão de comandar e liderar um time jovem e
talentoso. Nasce o Maestro. Agora plenamente amadurecido, exerce com
brilhantismo o papel de referência moral e técnica de um grupo que
se mostra vencedor. Conquista um Estadual e um Brasileiro e se torna
celebridade, vivendo o auge de sua trajetória aos 38 anos, idade em
que é convocado à Seleção para ajudar na montagem da equipe de
Parreira. Após disputar a Libertadores de 1993, decide encerrar a
carreira. Despede-se do futebol num torneio em Milão, onde é
ovacionado pelo público.
ANDRADE
É
o coadjuvante discreto, o ponto de equilíbrio do meio-campo, jamais
tendo ameaçada sua condição de titular. Ironicamente, vê o
reserva Vítor ser agraciado sucessivas vezes com convocações para
a Seleção de Telê. O próprio Andrade é lembrado apenas uma vez e
não aproveita a oportunidade. Conquista o Brasileiro de 1982. No ano
seguinte sofre séria lesão no joelho durante a Segunda Fase do
Campeonato Nacional e, operado, vê de longe a equipe conquistar o
Tri (na sua ausência, Vítor brilha e o jovem Bigu ganha chances no
time titular). Retorna no segundo semestre e não sai mais da equipe.
A partir de 1987, com as saídas de outros craques, seu futebol
refinado e eficiente passa a ser mais notado, e Andrade ganha o
status de protagonista. É, ao lado de Zico, Bebeto e Renato, um dos
principais nomes da campanha do Tetra Brasileiro de 1987. Em 1988,
com as lesões de Zico e Renato, passa a ser considerado o melhor
jogador do Flamengo, com atuações sólidas que lhe conferem, enfim,
a convocação constante para a Seleção Brasileira, pela qual
disputa as Olimpíadas em Seul. Em um amistoso pela Seleção em
Viena, marca um gol de placa (dribla vários jogadores e o goleiro),
que lhe vale um contrato com a Roma, ao final do primeiro semestre.
No entanto, naufraga em sua passagem na Itália e já no ano seguinte
está de volta ao Brasil. Mas o Flamengo, que já repatriara Júnior
e Renato e ainda conta com Zico, descarta a contratação do volante
(“a equipe ficaria muito velha”). Andrade, então, vai atuar no
Vasco, onde conquista o Brasileiro. Mas em 1990, diante de uma crise
em São Januário, não tem seu contrato renovado. Perambula por
várias equipes periféricas até encerrar a carreira, em meados dos
anos 90.
ADÍLIO
Outrora
contestado, Adílio cresce de produção nos anos que se sucedem ao
Mundial. Em 1982 faz um grande Brasileiro (que conquista) e chega a
ser lembrado por Telê para a Seleção, onde tem boa atuação no
difícil amistoso contra a forte Alemanha, no Maracanã (dá a
assistência para o gol da vitória, de Júnior), mas a isso se
resume sua passagem pela equipe “canarinho”. No segundo semestre,
marca no último lance da partida contra o Vasco o gol do título da
Taça Guanabara, ratificando sua condição de goleador em jogos
decisivos. Em 1983 vive seu grande momento no Flamengo. Realiza um
Brasileiro primoroso, especialmente quando ganha de Carlos Alberto
Torres a função de “flutuar” no ataque, sem obrigações
defensivas. Sua atuação na Final, contra o Santos (em que marca o
terceiro gol, nos minutos finais), é tida como a melhor com a camisa
rubro-negra. Com a venda de Zico, é testado na “camisa 10”, sem
sucesso. De volta à posição original, segue marcando gols
importantes (marca os gols dos títulos da Taça Guanabara-84 e Taça
Rio-83 e 85), agora sob o apelido de “Brown”. Adílio é
peça-chave para a conquista do Estadual de 1986. Entretanto, quando
parece se aproximar do auge do amadurecimento, sofre uma lesão no
joelho em um amistoso em Gijón-ESP, em meados de 1986. Após
artroscopia, retorna ao time, mas perde a agilidade e o dinamismo que
o celebrizaram. Torna-se lento, quase burocrático. No início de
1987 chega a ser barrado por Lazaroni, recuperando a posição após
a chegada de Antônio Lopes. Entretanto, Lopes, após a perda do
Estadual, recomenda à Diretoria que não renove o contrato do meia,
que ganha passe livre e passa a atuar pelo Coritiba. Após discreta
passagem pelo clube paranaense, pulula por várias equipes, mostra
algum destaque no Avaí e no pequeno América-TR, até pendurar de
vez as chuteiras, sem jamais esconder seu descontentamento com a
forma como fora dispensado do Flamengo.
ZICO
O
maior jogador da história do Flamengo continua sendo a referência
técnica e mental da equipe. Conduz o rubro-negro para as conquistas
dos Brasileiros de 1982 e 83, sempre com grandes atuações e gols
nos momentos decisivos. Em 1983, com 30 anos e desfrutando da sólida
reputação de melhor jogador do país, é negociado com a
Udinese-ITA por US$ 4 milhões. Apesar de inevitável e até
previsível, a saída do Galinho acende uma pesada crise na Gávea,
que dura semanas. Zico é recebido com carinho em Udine e realiza
ótima temporada de estreia. Mesmo perdendo alguns jogos por lesão,
é o vice-artilheiro da competição (19 gols) e por pouco não
classifica sua equipe à Copa dos Campeões (precursora da atual
Champions League). Mas no ano seguinte surgem os problemas.
Desmotivado com a fragilidade da equipe (que é desmontada),
padecendo com sucessivas lesões musculares e às voltas com um
rumoroso processo movido pelo Fisco Italiano (do qual, mais tarde,
será julgado inocente), Zico decide retornar ao Flamengo que, numa
ousada e bem-sucedida operação comercial, consegue repatriar o
Galinho em meados de 1985. Os dias de festa que se sucedem após a
chegada de Zico desconcentram o clube, que perde a vaga às
Semifinais do Brasileiro. Mas o pior está por vir. Em sua segunda
partida pelo Estadual, Zico é abatido a patadas, numa entrada
criminosa do lateral Márcio Nunes, do Bangu, e sofre várias lesões.
A mais grave, nos ligamentos do joelho esquerdo, o tira de atividade
por quase dois anos. Nesse período tenta voltar algumas vezes,
realiza exibições antológicas pelo Flamengo e pela Seleção, mas,
após a pior fase de sua vida profissional (perde um pênalti contra
a França, nas Quartas-de-Final da Copa do Mundo, sendo
estigmatizado), submete-se a uma cirurgia arriscada, mas
bem-sucedida. Retorna em 1987. A duras penas, consegue uma sequência
de jogos no Segundo Turno do Brasileiro. É o bastante para que possa
liderar e conduzir um time qualificado, mas inseguro, à conquista do
Tetra Brasileiro. Embevecida com a capacidade de superação de Zico,
a torcida rubro-negra passa a lhe dedicar uma veneração quase
religiosa. O Galinho ainda atua por mais duas temporadas, dessa vez
fustigado por problemas musculares. Em seu último jogo como
profissional do Flamengo, marca de falta o primeiro gol dos 5-0 no
Fluminense, em Juiz de Fora. Em fevereiro de 1990, despede-se da
torcida em um amistoso no Maracanã para 100 mil pessoas, juntando
vários craques. Mais tarde, vai atuar no Japão, ajudando a
disseminar a cultura futebolística no país.
TITA
O
Mundial não tira de Tita a condição de “anti-heroi” da
torcida. No primeiro momento de dificuldade, é a ele que a massa
procura para agraciar com vaias e apupos. No entanto, já acostumado,
Tita segue como titular, ajudando na conquista do Bi Brasileiro de
1982. Mas no final do ano, com o fracasso na reta final, Tita é
“eleito” um dos bodes expiatórios (já vivia algumas rusgas com
o treinador Carpegiani) e é emprestado ao Grêmio, em troca do
atacante Baltasar. Ironicamente, a torcida, que sempre perseguira o
jogador, mobiliza-se na porta da Gávea para protestar contra a saída
de Tita. Na equipe gaúcha, Tita assume a camisa 10 (sonho antigo e
motivo dos atritos no Flamengo) e é peça fundamental para a
conquista da Libertadores. No segundo semestre, com a saída de Zico,
o Flamengo tenta trazê-lo de volta antes do final do empréstimo.
Mesmo com a perspectiva de disputar o Mundial Interclubes, Tita
aceita retornar à Gávea. Ao receber das mãos do Presidente a
Camisa 10 do Flamengo, chora copiosamente. Mas, apesar do futebol
voluntarioso e extremamente técnico, Tita não consegue conduzir o
rubro-negro à conquista de títulos. Não “emula” Zico. Ao
contrário, falha em alguns momentos decisivos (perde vários
pênaltis). Em 1985, com a volta do Galinho, pede para ser negociado
e é atendido. Atua no Internacional (não reedita o sucesso
conseguido no rival) e no Vasco, onde marca o gol da conquista do
Estadual de 1987 e vira ídolo. Pouco depois, é negociado com o
B.Leverkusen-ALE, volta ao Vasco em 1989 (com o objetivo de disputar
uma Copa do Mundo, o que consegue, mesmo na reserva) e, em 1991,
transfere-se para o futebol mexicano, onde deixa saudades. Encerra a
carreira atuando no futebol da Guatemala.
NUNES
O
“Artilheiro das Decisões” disputa a Primeira Fase do Brasileiro
de 1982. Pouco depois, sofre uma lesão no joelho que quase o tira da
competição. É operado e retorna nos jogos finais, a tempo de
marcar, no Olímpico, o gol do título contra o Grêmio. No entanto,
é seu “canto do cisne”. Lesiona-se novamente e não consegue
recuperar o ritmo de jogo. É sistematicamente sacado do time por
Carpegiani, com quem abre uma guerra pelos jornais. É substituído
num jogo contra o América, pelo Triangular Final do Estadual (seu
substituto, Wilsinho, entra e marca o gol da vitória), e sua reação
explosiva acende forte crise na Gávea. Após a perda do título, dá
declarações pesadas e ofensivas contra a Comissão Técnica. É
punido, afastado e posteriormente emprestado ao Botafogo, pelo qual
disputa a temporada de 1983. Mas também arruma confusão no
alvinegro e não deixa saudades. De volta ao Flamengo em 1984,
enfrenta a forte concorrência do veloz centroavante Edmar, que conta
com a preferência do treinador Cláudio Garcia. Após passar todo o
primeiro semestre na reserva, Nunes recupera a vaga na equipe com a
chegada de Zagalo. No entanto, o atacante é bastante criticado e não
consegue reeditar as atuações de sua primeira passagem pelo
rubro-negro. No início de 1985 é envolvido em uma troca com o
Náutico, que cede o atacante Hêider. Após passagens apagadas pelo
clube pernambucano e pelo Santos, Nunes se reencontra no Atlético-MG,
onde volta a ser artilheiro e campeão (ganha o Estadual-MG de 1986).
Em 1987, após breve passagem pelo futebol português, retorna ao
Flamengo (que anda precisando de um centroavante). Mas dessa vez
coleciona apenas problemas e confusões. Da reserva, vê o
rubro-negro carioca conquistar o Tetra Brasileiro. Ao fim do ano, é
dispensado. Perambula por algumas equipes menores, até encerrar a
carreira no Santa Cruz, não sem antes arrumar uma crise por exigir a
escalação como titular. Em 1990, realiza um jogo de despedida do Flamengo, num amistoso contra uma Seleção Carioca no Caio Martins.
LICO
Há
em algumas equipes o “décimo-segundo” titular. Lico é uma
espécie de variação do tema. Porque, sempre que Carpegiani busca
alguma variação tática da equipe, é Lico o “eleito” para ser
sacado. Não é raro vê-lo na reserva, preterido pelo volante Vítor.
No entanto, Lico segue titular na maioria dos jogos, e nessa condição
conquista o Bi Brasileiro de 1982. No segundo semestre a equipe vai
mal, mas Lico mantém o nível de suas atuações, marcando gols
importantes, apesar da derrocada da equipe. Para a temporada de 1983,
o Flamengo contrata atacantes, mas Lico segue titular, inabalável,
sempre dando consistência ao rubro-negro. Antes de uma partida
contra o Palmeiras, o treinador paulista Rubens Minelli crava: “É
o jogador deles a ser marcado. É mais importante que Zico”.
Exageros à parte, Lico segue atuando em alto nível, quando sofre
grave lesão no joelho esquerdo. Operado, perde o restante do
Brasileiro, conquistado pelo Flamengo. Retorna na Taça Guanabara,
mas lesiona novamente o joelho, dessa vez o direito. Ligamentos e
meniscos. Mais uma vez operado, Lico enfim consegue retornar à
equipe no início da temporada de 1984. Vai entrando aos poucos e,
com grandes atuações, barra o badalado ponta-esquerda João Paulo.
Mas, num jogo em Cali pela Libertadores, sofre forte pancada no
joelho operado (o direito) e ressente-se de dores no local. O
problema faz cair seu rendimento, Lico perde espaço na equipe
(especialmente com a ascensão do jovem Bebeto) e, ao final do
Brasileiro, submete-se a mais uma cirurgia, desta vez para extração
dos meniscos. No entanto, complicações decorrentes do procedimento
abreviam sua carreira. Lico não consegue retornar aos gramados e,
aos 33 anos, é obrigado a abandonar precocemente o futebol.