Depois da conquista da carioquinha em uma decisão tensa contra o Fluminense, decidida nos últimos minutos, o Flamengo teve que se preparar para jogar outra partida, três dias depois, contra o Atletico GO no Maracanã. Ducha de água fria. Nem pôde comemorar direito, já tinha que pensar em outro jogo. Sabidamente, o técnico resolveu poupar a maioria dos titulares, afinal, Atletico GO não é equipe de primeira linha. "Os reservas tem capacidade de trazer a vitória", deve ter pensado Zé Ricardo. Ledo engano.
Entrando com uma escalação em que a maior controvérsia estava na entrada de Leandro Damião no lugar do Felipe Vizeu, o Flamengo veio com um time razoavelmente bem postado de início, com Matheus Sávio articulando as jogadas pelo meio, embora sempre com problemas no último passe, pois Atletico GO fazia uma boa marcação. Paquetá, em que pese as boas entradas durante este ano, esteve muito mal. Franzino, tentava ganhar no corpo contra os defensores adversários, mas batia na "parede" e caía. Não dando sequencia a nenhuma jogada. Rodinei fazia uma boa partida pela lateral direita, tentando sempre, embora sempre muito bem marcado. Renê defendia bem, mas não apoiava, ficava mais preso atrás. Cuellar e Ronaldo, fizeram uma dupla com razoável entendimento no primeiro tempo. Cuellar mais postado atrás e Ronaldo fazendo o indo e vindo, tal como Arão. A defesa estava segura com Rever e Vaz, e Muralha quase sem grandes intervenções. Gabriel, apagadíssimo todo o tempo. Damião, que não faz pivô, precisa das jogadas indo em direção a ele, ficava lá, passeando como um turista pelo campo.
Mas era um jogo chato. As jogadas não fluíam. Qualquer torcedor de outro time vendo a partida imediatamente trocaria de canal. Mas o Flamengo, embora com o time sem ritmo e desentrosado ainda apresentava algum arremedo organizacional no primeiro tempo. Um lance peculiar da bola pegando na nuca do Paquetá e indo ao gol, fazendo o goleiro fazer bela defesa, foi um momento marcante do jogo monótono.
Veio o segundo tempo. E Zé Ricardo esvaziou o time. Substituiu Gabriel por Pará, depois tirou Matheus Sávio e o Flamengo desabou. Não tinha mais ninguém para articular jogadas. Como se o Flamengo tivesse sentido um AVC e ficasse catatônico. O colapso aconteceu. Ataque não funcionava mais, meio de campo sem foco, e defesa rebatendo bola para o nada. Ronaldo sumiu do jogo e Cuellar ficou por ali meio perdido também.Trocou Damião por Vizeu, colocou até o bravo Ederson, mas o Flamengo continuava numa mistura de apatia e desentrosamento.
Atletico GO tentava alguns arremedos de ataques, que eram bem defendidos. Juan e Vaz fizeram boa partida, assim como Muralha. Pará e Rodinei, nossa dupla sertaneja, tentavam acelerar o jogo pela direita mas sem sucesso. Atlético GO concentrou sua marcação por ali.
Mas no final falta perto da área. Paquetá pega a bola para bater. Ele sabe fazer gol de falta. Já fez um. Mas eis que surge Rafael Vaz. O "não-solicitado", que empurra o moleque e puxa a bola de suas mãos para bater. Ele é o cara, é o dono do time.
Isola a bola. Óbvio.
Culpa é dele?
Não. É do treinador. Ele que define quem pode bater e que posição. Não pode deixar isto para jogador resolver, que aí o veterano pereba engole o mais novo talentoso. Está na hora de rever isto urgente.
No final 0 a 0. Placar injusto pois os dois times mereciam perder. Mas o Flamengo está por um empate com gol contra o Atlético GO jogando lá. Pode até ganhar. Mas tem que levar esta competição a sério, com vontade de conquistar. Parar no carioquinha achando que tudo está bom é enorme erro. E, lembrando, que permanecendo este resultado dá disputa de pênaltis. E a vantagem é toda deles.