terça-feira, 9 de maio de 2017

Batismo Rubro-Negro

Quando descobrimos que o nosso primeiro filhote era um menino, não tive dúvidas. Ainda na sala da ultrassografia o nome da criança espocava na minha mente: será Petkovic!

Não me recordo bem o momento em que resolvi compartilhar este pensamento com a minha amada esposa, só lembro de ouvir um “Nem pensar!”. Confesso aos amigos leitores que até hoje não consegui entender o porquê dela ter sido tão intransigente...

No fim, como dois bons matemáticos, chegamos a um denominador comum: o menino se chamará Pedro e já nascerá devidamente apelidado, Pet!


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A paixão pelo Flamengo, na nossa família, é genética: eu e meus irmãos herdamos do nosso pai, que herdou do nosso avô. 

Uma das passagens mais marcantes desta relação familiar é a lembrança que tenho do meu saudoso pai no primeiro jogo da decisão do brasileirão de 92. Estávamos a fazer aquele tradicional churrasquinho dos dias de jogos lá no Largo do Bicão, ouvindo pelo rádio o Flamengo encaminhar o pentacampeonato. Lembro perfeitamente do meu velho passando por mim, ao final do primeiro tempo, sorriso aberto de felicidade, com aquela galhofa marota, tão típica em nós, rubro-negros: “Filho, três vira, seis acaba!”.

(Nota Histórica: no dia 12/07/1992, o Flamengo venceu o Botafogo por 3x0 na primeira partida da final do campeonato brasileiro. Os gols de Júnior, Nélio e Gaúcho foram todos marcados no primeiro tempo da partida) 

É dentro desta tradição familiar que tento educar o Pet: a plaquinha da maternidade, o primeiro Manto, a primeira bola, tudo isto remetendo à paixão dos nossos ancestrais, o Flamengo! Quando o irmão mais novo do Pet estava por chegar, estávamos nós lá, firmes e fortes, devidamente uniformizados para a chegada dele.


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Depois de aprender “onde o Flamengo fazia gol” e a cantar o Hino, visitar a Gávea e torcer comigo também no basquete, faltava apenas um detalhe na relação do Pet com o Flamengo: o Maracanã. Ele já havia feito aquele tour pelo estádio, mas assistir ao Flamengo, in loco, era um presente guardado para o momento certo.  

E eis que o momento chegou: Fla x Flu, Maraca lotado, valendo título, promessa de muitas emoções. Durante toda a semana fomos conversando sobre o domingo e a expectativa dele para o jogo.

E lá fomos nós para o estádio...


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Primeiro tempo, começa o jogo e gol do Fluminense. Ele deu uma murchada, crianças demoram a compreender que no esporte, assim como na vida, às vezes se ganha e às vezes se perde. Enquanto todos a nossa volta estavam de pé, ele preferiu se sentar e comer sua batatinha, tentando se mostrar indiferente, embora eu saiba que, no íntimo, aquela era apenas uma reação normal, do jeito dele, à ideia de ver o Flamengo perder.

Segundo tempo, renovadas as batatinhas, o Pet despertou: talvez mais entrosado com aquela multidão que gritava e incentivava o time, ele ficou de pé na cadeira e passou a assistir ao jogo junto com a gente. “Pega o apito aí, filho!” E ele apitava. “Pô, no meu ouvido não, apita pra lá!” E ríamos. E o Flamengo retomava as investidas, após as substituições do Zé Ricardo...

Até que o caô acabou! As pessoas enlouquecidas, todo mundo pulando, gritando gol... Nós nos abraçamos, eu, ele e a mãe, quando vimos sangue. Pet chorava e sangrava, ele batera em alguém ou em alguma coisa no momento da comemoração. Foi só o susto, cortezinho no lábio, nada que um pouco de água não resolvesse. Aquela seria a contribuição dele no gol do Guerrero.


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Dali pro final, só festa! Apito, Hino, Acabou o Caô, expulsão do goleiro e gol do Rodinei. É campeão! É campeão! O Flamengo é campeão carioca de 2017, assim como escrito nas faixas que compramos na chegada ao Maracanã. Vimos a comemoração dos jogadores no palco, tiramos fotos, coloquei-o sobre as minhas costas e comemoramos juntos. 

Chegamos em casa exaustos, mas realizados. Obrigado, Flamengo! O Pet fora devidamente batizado...