Salve, Buteco! O pior campeonato estadual em muitos anos encaminha-se para o final. Piedosamente, talvez corados de vergonha por terem permitido que a situação chegasse a tal ponto, quiseram enfim os Deuses do Futebol que o campeonato fosse decidido pelos times que desafiam o status quo pútrido reinante na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro há anos, e que, coincidentemente, são os únicos que podem proporcionar um espetáculo de futebol digno para a torcida carioca. Teremos um Fla-Flu na final do estadual, algo que não ocorria desde... 1995 (!), apesar de serem os dois maiores campeões na história da competição. Com ideias iguais em algumas frentes extracampo, os "Irmãos Karamazov" do futebol parecem agora ter entrado em rota de colisão na disputa pelo Maracanã, provável palco das duas partidas pela final, o que apenas apimentará a centenária rivalidade. Que o Fluminense é aliado só no nome e não é confiável, ninguém precisa me explicar, e pra quem quer o Maracanã, a oportunidade parece ser única para cravar a bandeira (sem trocadilho) da territorialidade no âmbito esportivo.
Em um contexto de Libertadores normalmente seria o caso de perguntar se o time titular deveria ou não ser utilizado (ou poupado, como queiram), mas todo mundo sabe que o debate em torno do tema seria pura perda de tempo. Particularmente, acho que a Libertadores deveria ser prioridade absoluta, mas com a escassez de títulos e como a maior parte da torcida encarará o confronto como uma oportunidade histórica, fora o simbolismo da disputa pelo Maracanã, o negócio é torcer para que o time suporte a sequência e o elenco seja rodado com inteligência. E que no final o Mais Querido levante a taça.
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O primeiro tempo foi tão morno que pareceu um "jogo de desinteresses": o Flamengo jogando de forma protocolar para carimbar a vaga e o Botafogo não fazendo questão de disputá-la. Apesar disso, o Mais Querido foi o time com postura mais ofensiva dentro de campo e criou algumas oportunidades, todas desperdiçadas. Teve muita posse de bola, pouca objetividade e nenhuma efetividade. Em compensação, o adversário não ameaçou. O panorama mudou um pouco com o gol de Guerrero no início da segunda etapa, nascido de uma jogada em velocidade com Éverton pela esquerda, que propiciou a Gabriel a disputa pelo alto e o rebote para o atacante peruano. O domínio rubro-negro, que já era grande, passou a ser absoluto. Com sua única estratégia de jogo comprometida, baseada na marcação no próprio campo e em contra-ataques rápidos, o festejado treinador do time vira-latas se viu perdido e sem opções para fazer o seu time reagir. Ao menos na partida de ontem, não encontrou uma brecha contra a formação rubro-negra povoada de jogadores defensivos no meio de campo, que praticamente espelhava a formação canina. O placar não disse o que foi a partida e, se não fosse o incompreensível pênalti cometido por Réver, o curso natural do jogo deveria ter sido a ampliação da contagem pelo Flamengo sem que o Botafogo o ameaçasse.
Fiquei com a impressão de que ambas as equipes têm como prioridade outra competição, mas que o Flamengo "quer" mais o Estadual do que o Botafogo, e que o confronto, acaso disputado pela Libertadores da América, terá outras condições de temperatura e pressão, o que não tira em qualquer medida o mérito da vitória rubro-negra.
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Quarta-feira o jogo será bem diferente. É Libertadores. O Atlético/PR, na Arena da Baixada, certamente partirá para um jogo de marcação forte e pressão sobre o Flamengo, seguindo suas tradições. Em suma, será um adversário muito mais ofensivo do que o pouco ousado e neutralizado Botafogo de ontem. Apesar da boa vitória, acho que o Trauco pode perfeitamente jogar pelo meio, repetindo a formação pela esquerda com Renê e, agora, com Everton a disposição. Rômulo deixou a desejar na armação e no ataque e o Flamengo não pode abdicar das ações ofensivas, especialmente dos contragolpes em velocidade em Curitiba.
O Furacão também teve um confronto regional bastante difícil, talvez até mais intenso do que o Flamengo ontem, contra o Londrina no Estádio do Café. Derrotado no tempo regulamentar, classificou-se nos pênaltis para a final do Campeonato Paranaense. No segundo tempo do jogo de 180 (cento e oitenta) minutos que representam as duas partidas em sequência entre as equipes pelo Grupo 4, o Mais Querido levará grande vantagem acaso não seja derrotado na Arena da Baixada. Penso que a melhor estratégia é não abdicar do ataque, evitando uma postura excessivamente defensiva, que temo ocorrer com a formação que iniciou a partida ontem. A vitória é perfeitamente possível, o que manteria o Flamengo na liderança independentemente do resultado da partida entre San Lorenzo x Universidad Católica, a ser disputada na terça-feira, em Buenos Aires.
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A minha opinião já está posta. Agora passo a bola pra vocês e como de praxe pergunto qual seria a melhor escalação para o importante confronto na Arena da Baixada na quarta-feira, além das impressões a respeito da vitória de ontem.
Bom dia e SRN a tod@s.