segunda-feira, 17 de abril de 2017

Sem Diego

Salve, Buteco! Mal deu pra comemorar a liderança no Grupo 4 da Libertadores/2017 e a boa vitória sobre o Furacão no Maracanã, na quarta-feira passada, e veio a má-notícia da contusão e afastamento do Diego por período que durará de quatro a seis semanas. A torcida ficou triste, não era pra menos, eu inclusive, mas não desanimei. Ainda que me esforce, não consigo enxergar no Atlético/PR um elenco superior ao do Flamengo, mesmo com a ausência do nosso principal jogador. Guardadas as devidas proporções, a situação me lembra um pouco as semifinais do Campeonato Brasileiro de 1980, contra o arqui-rival do Furacão, o Coxa - o Mais Querido havia vencido o primeiro jogo no Couto Pereira, por 2x0, com exuberante atuação do Galinho de Quintino, que, porém, não pôde atuar no segundo jogo da semifinal, no Maracanã. Vitória por 4x3, de virada, e classificação para a final, seguida da conquista do primeiro título Brasileiro em dois jogos contra o Atlético/MG.

Outra boa lembrança são as duas vitórias sobre o Paraná Clube na Libertadores/2007. Vejo os dois jogos em sequência contra o Atlético/PR como um confronto eliminatório e quem perder duas ou tiver grande desvantagem ficará em situação difícil no equilibrado Grupo 4.

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Mas como jogar sem Diego? O único jogador no elenco que em tese pode substituí-lo à altura é Dario Conca, que, porém, ainda não se encontra plenamente recuperado da contusão. Então, a solução não pode ser pura e simplesmente a substituição por outro atleta e sim tática e coletiva. Qualquer time no mundo sentiria a falta do Zico, do Maradona, do Pelé, do Messi ou do Cruijff. Diego é excelente jogador, não está no patamar desses expoentes do futebol mundial. Ainda assim, representa para o Flamengo, hoje, o que eles foram ou, no caso de Messi, é para suas respectivas equipes. A referência à partida de 1980 contra o Coritiba, de um dos melhores times do Flamengo da história, não foi à toa: quando o time joga coletivamente, pode ocasionalmente suprir a ausência do seu principal jogador com o seu jogo coletivo. Além disso, repito, o Flamengo não tem, em valores individuais, mesmo sem Diego, um time pior do que o do Atlético/PR, ao contrário. Pode-se dizer o mesmo em relação a Universidad Católica e San Lorenzo, com todo o respeito.

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Os gols da vitória de quarta-feira foram emblemáticos por mostrarem que, na mesma partida, o Flamengo pode se valer de mais de um estilo de jogo para marcar gols, como fazem as grandes equipes do futebol mundial. Não é por que os maiores talentos hoje se encontram no futebol europeu que não se possa jogar taticamente com qualidade por aqui. Tal como lá, não há mal algum em utilizar recursos como o contra-ataque em velocidade, cruzamentos para a área (rasteiros ou pelo alto) e lançamentos longos; o problema está na utilização excessiva e sem variação dos mesmos recursos, quando o elenco propicia a construção de jogadas por trocas de passes e tabelas. O longo e magistral lançamento pelo alto de Trauco para Guerrero, assim como a longa, em extensão e duração, troca de passes que resultou no golaço de Diego, mostram que o Flamengo tem condições de se valer dos dois recursos. Não há razão para abrir mão da qualidade.

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E qual formação seria a ideal? Na quarta-feira, o Flamengo se defendeu no 4-4-2, com Diego e Guerrero dando o primeiro combate na saída de bola do adversário, mas quando atacou Diego recuou para exercer as funções de meia e muitas vezes o time formou uma linha ofensiva na qual Trauco tanto se posicionava aberto, como internamente, sempre pela esquerda. O 4-2-3-1, muito utilizado nessa temporada, encaixa-se perfeitamente com a intensidade e o volume de jogo imprimidos por Diego. Temo que com as opções que o elenco ora oferece (Mancuello, Trauco ou Matheus Sávio), no 4-2-3-1, o time perderia em intensidade; já em uma linha de quatro ofensiva a armação pelo meio ficaria dividida entre dois meias internos (um deles Arão), o que em um time mais compactado e com os jogadores se movimentando para dar opção de passe facilitaria a construção de jogadas.

Essa linha de 4 pode ter várias formações. Exemplos: 1) Gabriel - Arão - Trauco - Everton; 2) Everton - Arão - Mancuello - Trauco; 3) Matheus Sávio - Arão - Trauco - Everton; 4) Everton - Arão - Paquetá - Trauco; 5) Rodinei - Arão - Trauco - Everton e 6) Everton - Arão - Rômulo - Trauco. Tanto poderia funcionar com um volante atrás (4-1-4-1) como à frente da linha defensiva, com um segundo atacante ao lado de Guerrero - Vizeu, Damião ou Cirino, disponíveis para a partida, dada a suspensão de Berrío.

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Qual escalação você levaria a campo? Em curso, um período de quase duas semanas de treinos até o jogo na Arena da Baixada onde o Flamengo tem condições de tanto ter a posse de bola, quanto jogar no contra-ataque, inclusive variando de estratégia durante a partida, a depender de fatores como as substituições do adversário e o andamento do jogo (placar inclusive).

Confio na vitória, o que deixará a equipe em condições de jogar contra o Universidad Católica, no Rio de Janeiro, com tranquilidade para assegurar a classificação.

Bom dia e SRN a tod@s.