Salve, Buteco! Quarta-feira, 15 de março de 2017, o Flamengo jogará pela primeira vez "pra valer" fora de casa na temporada 2017. Se observarmos atentamente, houve um amistoso contra o Vila Nova/GO e uma partida da Primeira Liga contra o Ceará disputada pelo time reserva ou alternativo. Os demais jogos ocorreram com mando de campo ou em campos neutros, considerando as peculiares características de duas das competições atualmente disputadas - Campeonato Estadual e Primeira Liga. O primeiro jogo fora, com torcida francamente contrária (e estrangeira!) será justamente pela Copa Libertadores da América contra o Universidad Católica em Santiago do Chile, pelo Grupo 4 da competição. É como se o Flamengo "saltasse" de uma realidade para a outra. O que esperar do time, do adversário e desse confronto?
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A única referência que temos, por enquanto, é a temporada de 2016, especialmente do segundo semestre e da campanha no Campeonato Brasileiro. Como escrevi semana passada, a primeira fase ou fase de grupos da Libertadores é como um "microtorneio de pontos corridos" e o Flamengo foi muito bem jogando fora de casa pelo Brasileiro/2016, tendo a segunda melhor campanha como visitante, com oito vitórias, atrás apenas do Palmeiras, que terminou com dez. Na maioria das vezes, mesmo jogando fora e em confrontos não vencidos, o Flamengo de Zé Ricardo propôs o jogo e teve maior percentual de posse de bola, principalmente na primeira etapa.
Esse cenário ocorreu em dois jogos que, embora não vencidos, para mim são os melhores parâmetros para destacar o que se fez de melhor e onde é preciso melhorar: Internacional (última derrota em partidas oficiais) e Atlético/MG. Em ambos o Flamengo equilibrou (Beira-Rio) ou dominou e saiu na frente (Mineirão) no primeiro tempo, mas na etapa final não conseguiu manter o ritmo, o que convenhamos é mesmo difícil por noventa minutos, e nem tampouco segurar o resultado ou até mesmo incomodar os adversários. Em ambos o time foi bastante pressionado no segundo tempo e demonstrou pouca capacidade de reação.
Curiosamente, um jogo disputado posteriormente no Maracanã, na minha opinião, demonstrou que o time pode jogar de maneira inversa, ou seja, cedendo a posse ao adversário e jogando em contra-ataques. Aconteceu contra o Santos, no Maracanã, pela 37ª Rodada. O gol de Guerrero aos 4 minutos de jogo tornou tudo mais fácil, mas a realidade é que a ótima equipe santista comandada por Dorival Júnior teve grande índice de posse de bola, enquanto o Flamengo foi mortal, objetivo e efetivo, vencendo o jogo por 2x0 e não oferecendo chances de gol ao adversário.
Outro exemplo interessante é o empate contra o Palmeiras em São Paulo, quando o Flamengo, com um a menos, jogou de igual para igual contra o líder e futuro campeão brasileiro. Porém, acredito que a expulsão logo no início do jogo lhe deu contornos especiais, ao contrário dos três outros citados, embora seja mais uma prova de que o Flamengo de 2016 era um visitante indigesto.
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Como joga o Universidad Católica? Nesta reportagem de Monique Silva, do site Globo Esporte, informa-se que o treinador Mario Salas privilegia as partes defensiva e física, e que gosta de pressionar a saída de bola dos adversários e a velocidade dos pontas. Por sinal, os cruzamentos para a área foram a arma do Catolica para reverter surpreendentemente um 0x2 na Arena da Baixada terça-feira passada, demonstrando grande poder de superação contra o Atlético/PR, o que confirma a informação de força ofensiva nas jogadas pelos lados do campo. A possível pressão na saída de bola obrigará, para evitar os chutões pra frente do Rafael Vaz, que os nossos volantes tenham atenção no posicionamento, facilitando a transição para o ataque, ou do contrário o Flamengo se arriscará perigosamente a sofrer com um jogo de pressão e sufoco do adversário.
Na verdade, não sabemos se Católica jogará como mandante autêntico e atacará desde o início ou, atento ao Fla-Flu, cederá a posse de bola ao Flamengo e tentará os contragolpes. A resposta só virá quando a bola rolar no Estadio San Carlos de Apoquindo, com capacidade para 20.000 (vinte mil) espectadores, o qual, imagino, deverá lotar e funcionar como uma panela de pressão em favor dos chilenos. Mas é difícil imaginar os noventa minutos transcorrerem sem a equipe chilena, empurrada por sua torcida, pressionar o Flamengo em seu campo. A conferir.
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Será interessante observar como o jogo de pontas do Catolica funcionará (ou não) contra o Flamengo, um time que tenta encontrar variações para esse modelo (pontas). Zé Ricardo com certeza está pensando na melhor opção para o lado direito: o colombiano Berrío, que passa a impressão de que é apenas questão de tempo para se tornar o titular da posição; Mancuello, que na teoria é uma boa alternativa (uma boa ideia), mas ainda não transmitiu segurança em jogos de maior porte atuando na posição, e retornar a 2016 com a aplicação tática e limitações ofensivas de Gabriel, principalmente contra adversários de maior envergadura, em que pese o baianinho ensaiar uma boa fase e todos desejarmos que o segundo semestre de 2014 não se limite ao passado como um breve lampejo.
A decisão que Zé Ricardo precisa tomar não é tão simples como parece, pois embora a opção por Berrío pareça ser natural, se o colombiano ainda não estiver pronto para jogar por noventa minutos significa gastar desde logo o melhor cartucho e reduzir eventuais necessidade e capacidade de reação no segundo tempo a nomes como Leandro Damião, Felipe Vizeu, Mancuello e Gabriel, que não têm a mesma força que o colombiano. Por outro lado, também representa uma aposta plenamente aceitável na possibilidade de começar o segundo tempo com vantagem no placar e controlar o jogo com a entrada de um dos jogadores citados.
Seja qual alternativa for a escolhida, o ideal é evitar que, seja em que parte do jogo for, a situação dos segundos tempos das partidas contra Internacional e Atlético/MG se repita, ou seja, o adversário pressionando e o Flamengo sem forças para contra-atacar. Acredito que essa meta pode ser atingida na partida da próxima quarta-feira com a utilização equilibrada das peças do elenco durante os noventa minutos.
Seja qual alternativa for a escolhida, o ideal é evitar que, seja em que parte do jogo for, a situação dos segundos tempos das partidas contra Internacional e Atlético/MG se repita, ou seja, o adversário pressionando e o Flamengo sem forças para contra-atacar. Acredito que essa meta pode ser atingida na partida da próxima quarta-feira com a utilização equilibrada das peças do elenco durante os noventa minutos.
Mas quero ler a opinião de vocês: considerando a forma do Católica jogar, como escalariam a equipe e projetariam as alterações para o segundo tempo, a julgar pelo estado físico atual de todas as peças do elenco e como vêm rendendo dentro de campo?
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De minha parte, agrada-me a postura do elenco, que me parece muito focado e motivado para a Libertadores. A difícil caminhada começou na quarta-feira passada, no Maracanã, quando obtivemos uma contundente goleada na estreia, e na próxima quarta, em Santiago, o desafio prosseguirá, pela primeira vez fora de casa. Seguiremos juntos e apoiando o Mais Querido até o final.
A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.