A Taça
Guanabara chega à reta final, faltando três rodadas. Flamengo e
Botafogo dividem a liderança, com o Vasco correndo por fora. Apenas
essas três equipes ainda buscam o título.
Fla-Flu.
Zico é a
novidade. Já treina com desenvoltura e não sente mais as dores
musculares que o tiraram das últimas cinco rodadas. No entanto, a
imprensa demonstra reunir dúvidas sobre a efetividade da entrada do
Galinho. O Flamengo de Telê Santana, após um início claudicante
(empate medíocre na Gávea por 0-0 contra o modesto Porto Alegre,
1-1 suado contra o Botafogo, 0-0 em Campos com o Americano e vitórias
pouco convincentes sobre América, Bangu e Volta Redonda), parece
estar encontrando uma forma de jogar. Justo agora, que o time fez
dois bons jogos (4-0 Cabofriense e 3-0 Olaria), a entrada de Zico
poderá, na visão de alguns cronistas, “travar” e “tirar o
dinamismo” de uma equipe leve e técnica, que joga em velocidade.
Pior, o Flamengo defensivamente “jogará com dez”, pois o
Galinho, como não reúne condições físicas ideais, não ajuda na
marcação.
Esse é o
pensamento de boa parte da crônica.
Do outro
lado, nas Laranjeiras, o cenário é tenso. Convivendo com salários
atrasados, o elenco não disfarça sua insatisfação. Alguns
jogadores começam a dar entrevistas insinuando que uma “ajuda”
do Botafogo de Emil Pinheiro seria bem vinda (“Em tempos de carne
escassa, um churrasquinho não cairia mal”). O capitão Edinho
rechaça a ideia, acendendo um velado atrito no plantel. Para piorar,
num dos coletivos da semana o ponta Marcelo Henrique, jóia da base,
dá dois dribles desmoralizantes no titular Eduardo. Conhecido por
seu temperamento difícil, no lance seguinte Eduardo acerta uma
voadora no garoto, que se contorce em dores, com suspeita de trinca
nas costelas. Marcelo Henrique é dúvida, mas acabará relacionado
para o clássico, entre os reservas. Uma arma importante do time vai
pro jogo no sacrifício.
Mesmo com
os problemas, o Fluminense tenta mostrar confiança. Com a
confirmação da escalação de Zico, o volante Jandir provoca: “É
bom que ele esteja em plenas condições, senão será melhor que
fique em casa.”
Ricardo
Pinto, Carlos André, Torres, Edinho e Eduardo; Jandir, Donizete,
Marcelo Gomes e Marquinho; Cacau e Hélio. Essa é a formação que o
Fluminense mandará a campo. Apesar de não reunir chances de título,
o tricolor pretende vencer, por conta da rivalidade e da
possibilidade de juntar pontos na soma geral do campeonato, tentando
alguma vantagem nas finais, caso vença a Taça Rio. Não é bom
subestimar. Apesar de modesto, o time é aplicado e já venceu o
Vasco, com boa atuação.
Zé
Carlos, Jorginho, Aldair, Zé Carlos II e Leonardo; Ailton, Zico,
Zinho e Renato; Alcindo e Bebeto. É a primeira vez que o Flamengo
manda a campo essa formação. A imprensa novamente crava, “é um
time muito aberto. Ninguém marca. Flamengo terá sérias
dificuldades e poderá sair de campo com uma derrota até
contundente.”
No
entanto, ninguém, absolutamente ninguém, nem os mais otimistas, é
capaz de imaginar o que está por vir.
A
atmosfera no Maracanã é perfeita, apesar do estranho horário de 18
horas. Nem mesmo a transmissão em TV aberta para o Rio é capaz de
afugentar o público, que crava 40 mil nas arquibancadas. Fogos de
artifício, sinalizadores, fumaça, cantos de louvor ou provocação,
tudo contribui para o clima de clássico. As presenças de Zico e
Edinho acendem um certo halo de nostalgia, remetendo a um tempo onde
se praticava um futebol bonito, artístico, suave, algo praticamente
extinto nestes rudes tempos, onde o preparo físico e a aplicação
tática pautam a formação das equipes.
Trila o
apito.
“Bebeto...
volta com Leonardo...daí a Zinho...mais atrás a Aldair...agora
Jorginho...de primeira! MAS QUE COISA! O OLÉ NÃO PARA!”
O
tresloucado desabafo do narrador, notório tricolor, se dá na parte
final da segunda etapa. A essa altura, o Flamengo já vence por 3-0.
No entanto, mais do que o placar dilatado, a exibição rubro-negra
assombra e desconcerta. O Maracanã assiste a uma atuação que
conjuga técnica refinada, aplicação tática e uma velocidade
alucinante. O Flamengo passa um fenemê por cima do rival que,
entregue, exangue e absolutamente sem capacidade de reação, aceita,
agora, um olé que se estende por QUATRO minutos cronometrados. Bola
de pé em pé, quase tudo de primeira, com um sincronismo de
relojoaria, tintas do mais puro êxtase.
A entrada
de Zico, ao contrário do “anunciado”, AUMENTA a mobilidade da
equipe. O Galinho vai jogar como uma espécie de “regista”,
posicionado como um “segundo volante”, fazendo a saída de bola,
atuando de uma intermediária a outra, sem participar das jogadas de
choque, tendo o campo livre, à sua frente, para pensar. No lado
esquerdo, Leonardo, Zinho e Renato Carioca (enfim atuando perto da
área adversária, como um camisa 10, posição em que se destacou
pelo América). Na direita, Alcindo, Jorginho e Ailton (este como
primeiro volante, mas com liberdade para se mexer na lateral). Na
frente, Bebeto, que se movimenta por todo o ataque, abrindo espaço
para as infiltrações de Zinho, Renato ou Alcindo, que se revezam
com o Baianinho no comando. Quando o time perde a bola, Zinho volta
por dentro e Alcindo recompõe no meio, junto com Renato. Como não
bastasse, Aldair, zagueiro muito técnico, também tem liberdade para
apoiar, como elemento surpresa. É um time que imprime uma sufocante
marcação em bloco, em todas as partes do campo. Capaz de atacar com
linhas altas, os dez de linha no campo contrário, ou de esperar o
adversário em seu território, igualmente compacto e, na retomada de
bola, acionar, através de precisos lançamentos de Zico, os
imparáveis Alcindo, Bebeto e Zinho. O jornalista João Saldanha,
após o massacre, bem define: “Diziam que o meio-campo do Flamengo
'não marca', porque ninguém ali é brucutu. O meio do Flamengo
cercava e imprensava com todo mundo, até tomar a bola. Compacto.
Fechado. O adversário, cheio de cabeças de bagre que só corriam
atrás da bola. Flamengo jogou futebol atual, moderno. Abram o olho.
Vejam o que o Flamengo fez em campo. Atualizem-se.”
O
Flamengo ainda marca mais um gol, fechando a contagem em 4-0.
Flamengo 4, Fluminense 0. Gols de Zé Carlos II (de cabeça, num
preciso cruzamento de Zico), Alcindo (bonito sem pulo), Aldair (bela
jogada individual) e Bebeto (escorando cruzamento rasteiro). É uma
exibição de gala, uma partida “quase perfeita”, nas palavras de
Telê.
Chama a
atenção a participação de Zico. Seus números são eloquentes:
36 passes (sendo 34 verticais para a frente, todos certos), uma
assistência e cinco chutes a gol (dois com perigo). Quatro dribles e
três desarmes. Com o jogo ainda 0-0, o Galinho vai cobrar uma falta
na ponta esquerda. A torcida fluminense, talvez sem memória, grita
“Bichado, bichado”. Não dá outra. Na cobrança, bola na cabeça
de Zé Carlos II, gol. No fim do jogo, a massa flamenga se diverte e
canta “bichado, bichado”, antes de exaltar Zico como seu Rei.
“Bichado, eu? Ué, a torcida deles saiu de campo antes de mim”,
responde Zico, às risadas.
Penúltima
rodada. Agora o Flamengo irá receber, na Gávea, o pequeno Nova
Cidade, enquanto o destroçado Fluminense (Edinho, no vestiário após
o Fla-Flu, deu um soco em um diretor e foi afastado do elenco. Os 0-4
para o Flamengo significaram a última partida do legendário capitão
tricolor por sua equipe do coração) tentará juntar os cacos antes
do clássico contra o Botafogo. Indiferente à crise do rival, Zico
alerta: “é nesse jogo contra o Nova Cidade que teremos que provar
que somos grandes.”
Com
efeito. O Nova Cidade, de Nilópolis (manda seus jogos em Mesquita) é
uma equipe modesta, mas perigosa. Em sétimo lugar, vem surpreendendo
como o melhor dos pequenos, capaz de arrancar pontos de Fluminense e
Vasco (ambos 1-1). Vem de vitória sobre o América (2-1) e está em
ascensão, confiante, como mostra seu treinador. “Vamos fechar uma
retranca selvagem na Gávea. Eles ficarão descontrolados e poderemos
até vencê-los. Por que não”?
“QUEBRA,
QUEBRA!!! Porrada neles!”
Aos
gritos, o goleiro Maurílio, do Nova Cidade, tenta exortar seus
zagueiros a acabar com aquele tormento. Leva um sonoro esporro, dedos
em riste, de um irritado Zico. “Foi desespero, bicho...
de-ses-pe-ro!!!”, tentaria explicar, aos soluços, lágrimas
incontroláveis, um desolado e envergonhado Maurílio aos jornalistas
após o jogo.
Zico na
intermediária, bola longa para Alcindo, Zinho ou Bebeto. Daí a
arrancada para um arremate, um cruzamento ou uma tabela com os
laterais vindos de trás. Esse enredo se repete ao longo de noventa
minutos, com impressionante regularidade e eficácia. O Nova Cidade
ainda resiste por 25 minutos, por “méritos” dos afoitos Alcindo
e Bebeto, capazes de desperdiçar sistematicamente as chances que
aparecem. Mas após o primeiro gol, o time vermelho derrete e
simplesmente não consegue acompanhar a imarcável movimentação do
ataque flamengo.
“Foi
uma excelente apresentação de todo o time e o resultado de... ahn,
de... desculpe, quanto foi o jogo mesmo?”, pergunta o goleiro Zé
Carlos, constrangido, ao radialista que o entrevista. 8-1. OITO A UM.
E, na avaliação da crônica, o resultado é excepcional. Para o
Nova Cidade. Não fosse a ansiedade dos atacantes, especialmente de
Bebeto (que, apesar dos quatro gols marcados, perdeu inúmeras
oportunidades sozinho diante do goleiro, inclusive um pênalti), o
placar facilmente superaria os dois dígitos. O Flamengo repete a
atuação exuberante de uma semana antes e, encantada, a torcida
retribui: “ê, ê, ê, ê, sem o Telê a Seleção vai se f...”,
em alusão ao mau momento vivido pela Seleção de Lazaroni.
Mais
tarde, o Flamengo vê um Fluminense mordido e aguerrido travar um 0-0
com o Botafogo, no Maracanã. O rubro-negro agora é o líder isolado
da Taça Guanabara. Com uma vitória simples sobre o Vasco,
conquistará o título.
Não será
fácil. Os jornalistas vaticinam, “agora o Flamengo terá um
adversário de verdade. Nada de um time desunido ou um pequeno
deslumbrado. O adversário é o Vasco.”
De certa
forma, não deixa de haver lógica. O Vasco vem em ascensão, após
um mau início. Duas vitórias por 3-0 sobre Bangu e América
devolveram a confiança e a disposição aos de São Januário. O
Vasco ocupa a terceira colocação e ainda reúne chances remotas de
título. De qualquer forma, a vitória é importante, pois fará o
time encostar no rival (embolando a briga pela melhor campanha, fator
relevante na hora da decisão do Estadual) e, principalmente,
decretando a “sena”. O time vem de uma sequência de cinco
vitórias sobre o rubro-negro, fator que tem sido fartamente
explorado por seus dirigentes. O treinador Sérgio Cosme avisa,
“faremos marcação especial sobre Zico, é ele quem faz o Flamengo
andar”. Os zagueiros do Vasco tentam intimidar Bebeto, “vamos
entrar duro, muito duro. Ele não vai nem dominar a bola.”. Para
aumentar a motivação, a direção do Vasco avisa que pagará “bicho
dobrado” por vitória. O cenário converge para um jogo
verdadeiramente sensacional.
No
entanto, Cosme parece preocupado. Assiste QUATRO vezes a um VT
mostrando a forma do Flamengo jogar. Segue confuso. “A movimentação
deles é muito complexa, teremos que estar muito concentrados”. Ao
menos, seu time estará completo, sem qualquer problema para a
escalação. Acácio, Paulo Roberto, Célio Silva, Leonardo e
Mazinho; Zé do Carmo, Geovani, Bismarck e Roberto; Vivinho e Sonny
Anderson.
“Sempre
sofri marcação especial na minha carreira. Mas agora, com 36 anos?
Então não estou tão acabado assim, ao que parece”, ironiza Zico,
referindo-se aos seus cada vez mais numerosos detratores, cronistas
que, apressadamente, tentaram decretar o fim da carreira do craque.
De qualquer forma, o Galinho treina, durante a semana, uma variante
interessante, onde cairá mais para a ponta-direita, alternando-se
com Zinho, que cobrirá o espaço no meio do campo. A ideia é
confundir ainda mais a marcação do adversário. “Sena? Eu conheço
é o Senna, aliás domingo tem corrida e ele vai ganhar. Ele ganha de
manhã e a gente à tarde”, segue Zico, injetando confiança no
time, especialmente nos mais jovens.
No
sábado, o Botafogo vence o Bangu (2-0) e assume provisoriamente a
ponta, eliminando matematicamente o Vasco. O Flamengo precisa da
vitória para sair de campo como campeão. Um empate provocará um
jogo-extra com o alvinegro. Derrota manda a taça a Marechal Hermes.
Maracanã
enfeitado, cerca de 70 mil vozes digladiando-se. Do lado esquerdo, a
esmagadora maioria em preto e vermelho, pronta para gritar “é
campeão”. À direita, bandeiras ostentando ao centro uma solitária
estrela ou a cruz de malta, camisas mescoladas, listradas ou com a
faixa diagonal. É uma fusão de torcidas. O Flamengo irá enfrentar
um arco-íris em preto e branco.
“SAI,
SAI! MEXE! ESTAMOS ACUADOS!”
Lívido, suando frio, o treinador
Sérgio Cosme tenta, em vão, tirar seu time das cordas. O Vasco
passa mais de dois terços da primeira etapa confinado à sua
intermediária. O Flamengo, surpreendendo a todos, começa a partida
com uma marcação extremamente agressiva, linhas altas, e acua,
estrangula, sufoca o rival. Sete, oito rubro-negros transitam pelos
arredores da área vascaína. O domínio flamengo é tão
verborrágico que, nos primeiros 45 minutos, o Vasco não acerta um
mísero chute a gol. No entanto, o natural, o inevitável, o
inexorável gol do Flamengo somente irá acontecer aos 42, quando
Bebeto, num lance de raro oportunismo, aproveita um rebote de um
escanteio e abre o placar.
Na
segunda etapa, o Flamengo entra com a mesma mentalidade arrasadora,
mas recua um pouco as linhas, traiçoeiro. O Vasco avança, troca
passes na intermediária. A defesa rubro-negra pressiona, aperta,
toma a bola. Zico é procurado, está na ponta-direita. Recebe pelo
alto, gira o corpo e acerta de sem-pulo um passe espetacular a
Alcindo, que arranca e cruza na cabeça de Bebeto. 2-0.
Segue-se
um massacre. Bebeto sofre pênalti claro, ignorado. Aldair, emulando
o Fla-Flu, arranca, dribla vários, mas se atrapalha na hora do
chute. Em outro lance, Bebeto desperdiça na cara de Acácio. O Vasco
parece em dia com suas obrigações religiosas. Vai escapando, por
milagre, de sofrer uma goleada histórica.
Até que
o Flamengo relaxa. Inebriados com os gritos de “olé” e com a
inusitada facilidade, os jogadores relaxam e passam a trocar passes
de efeito, dispersivos. Num desses lances, Jorginho erra a saída de
bola, e na sequência há uma falta pro Vasco, na entrada da área.
Na cobrança, a bola vai a Ernane (que entrara no lugar de Sonny
Anderson), que escora para Bismarck diminuir. O Vasco (e por tabela o
Botafogo) volta ao jogo. Ensaia-se um drama. Enlouquecido, Zico grita
e xinga tanto que alguns jogadores sairão de campo aos prantos.
“Depois pedi desculpas. Sei que fui duro. Mas valia taça pô, não
podia ficar ali dando toquinho.”
O esporro
de Zico parece dar resultado. Os gritos da torcida vascaína também
ferem os brios do Flamengo, e, como que aceso um interruptor, o time
volta a exercer um ritmo devastador. Zico começa a jogada. Agora a
bola está com Zinho, deslocado pela direita, daí de volta a Zico,
que rola para Bebeto. O baianinho percebe a chegada de Renato Carioca
e apenas deixa a bola passar. Renato ajeita e dá um tapa, de leve,
com “nojinho”, fazendo a bola morrer suavemente no canto.
Flamengo 3, Vasco 1. Acabou.
No tempo
que resta, o Vasco, prudente, tranca-se na defesa, defendendo o que
resta de sua dignidade. Sentindo a fatura liquidada, o Flamengo
mantém o controle da bola e, dessa vez com seriedade, dedica-se a
trocar passes esperando o relógio correr.
“Ô, ô,
ô, a sena acumulô...”, vão embora vascaínos, botafoguenses e o
raio que os parta, ao som infernal de bocas e peitos flamengos. Trila
o apito. O Flamengo é o Campeão da Taça Guanabara.
As mais
diversas circunstâncias impedirão que aquele onze mágico prospere.
Fatores internos e externos solaparão com uma temporada que se
anunciava tão promissora, mostrando que, muitas vezes, o maior
adversário do Flamengo é o próprio Flamengo. Mesmo assim, felizes,
muito felizes, são aqueles que viveram a experiência de presenciar
o mais deslumbrante futebol de um time flamengo desde o mágico
início dos Anos 80. Um futebol lírico, romântico, sofisticado, mas
ao mesmo tempo pulsante, cortante, feérico, passional. Um time capaz
de marcar, em três jogos, sendo dois clássicos, um total de 15
gols. Uma equipe indelével, inesquecível, posto que (ou talvez por
isso) fugaz. Que fez o torcedor flamengo escancarar-se no mais feliz
dos sorrisos. O sorriso da alma. Sim, foi para nunca mais esquecer.
Para guardar com o mais terno dos carinhos.
Quinze
dias. Quinze dias do mais bonito dos sonhos.
(PS – Ayrton Senna
venceu o GP de San Marino, em Imola-ITA, realizado em 23 de abril de 1989, no dia da
Final da Taça GB. Zico acertou a previsão)