A temporada está no fim.
Entretanto,
ainda restam 28 dias para acabar o ano.

favoráveis na última rodada para que o milagre
da classificação brotasse do solo. Não aconteceu. Foi o preço
pago pela priorização da Copa do Brasil, que custou duas derrotas
em casa (São Paulo e Grêmio), que se revelaram fatais.
Ao
anticlímax decorrente da eliminação do Brasileiro soma-se uma das
mais pesadas e virulentas campanhas eleitorais dos últimos anos no
Flamengo. As eleições acontecerão no início de dezembro, e duas
chapas, adversárias figadais, têm dedicado seu tempo a trocar notas
ofensivas e declarações contundentes pelos jornais. O ar do clube
anda irrespirável, nada recomendável a crianças e pessoas de
coração puro.
Mas é
preciso arrecadar. Quitar dívidas. Fazer o time rodar.
Não há
outra alternativa. O jeito é girar amistosos.

A
primeira etapa dos amistosos é relativamente tranquila. Um torneio
em Varginha-MG, do qual o Flamengo sai campeão, após derrotar o
Flamengo-MG (9-8 nos pênaltis, após empate por 2-2 no tempo normal)
e o Cruzeiro (1-0, gol de Bobô). Após as partidas na cidade
mineira, os jogadores terão alguns dias para descansar. Vão
precisar.
Vai
começar o “Bye-Bye Brasil”.
RIO
NEGRO-AM 2-3 FLAMENGO, 06 DE DEZEMBRO DE 1990
O
Flamengo chega à primeira escala da excursão ao Norte-Nordeste. Irá
enfrentar o Rio Negro, o “Galo” do Amazonas, numa partida que se
promete recheada de atrativos. Além dos próprios jogadores do
rubro-negro (Júnior, Bobô, Zé Carlos e Zinho, entre outros), há
uma atração “local”. O Rio Negro consegue contratar,
especificamente para esse amistoso, o veterano Roberto Dinamite, que
anda em litígio com o Vasco. Dinamite, aliás, viajou junto com a
própria delegação flamenga, o que assanhou jornalistas mais
criativos e dados a especulações de mercado. De qualquer forma, a
presença do craque vascaíno irá conferir ao Vivaldo Lima um clima
de “Flamengo x Vasco” que tornará o amistoso, no mínimo,
interessante.
Mas há
problemas. No dia marcado para o jogo, um temporal derrama-se sobre a
capital amazonense. Receosos e amparados em previsão contratual, os
organizadores adiam a partida para o dia seguinte, não sem protestos
da diretoria rubro-negra. O adiamento, em tese prosaico, terá
efeitos no decorrer da excursão.

PAYSANDU-PA
3-1 FLAMENGO, 07 DE DEZEMBRO DE 1990

O
“encavalamento” se deve ao adiamento forçado pela partida contra
o Rio Negro. Assim, a delegação flamenga chega a Belém de
madrugada, acorda pela manhã, almoça e já se concentra para o jogo
da noite, que provavelmente nada terá de amistoso. A situação
irrita o elenco, que cobra explicações da diretoria, até porque o
adiamento da partida de Manaus era algo previsível, por conta do
(sempre) instável clima local e, mesmo assim, os dirigentes
flamengos agendaram o jogo no Pará levando em conta o risco.

DESPORTIVO
TREM-AP 0-9 FLAMENGO, 09 DE DEZEMBRO DE 1990


Como de
costume, o Flamengo encontra mais um estádio lotado. Mas dessa vez,
mais relaxados e diante de um adversário consideravelmente mais
fraco, o rubro-negro não toma conhecimento do campeão amapaense e,
mordido e disposto a deixar melhor impressão, aplica impiedosos 9-0.
Bobô, com 3 gols, é o destaque.
MOTO
CLUB-MA 1-3 FLAMENGO, 11 DE DEZEMBRO DE 1990
A
delegação do Flamengo sofre mais um desfalque. Agora é o zagueiro
Fernando (o heroi da Copa do Brasil) que alega problemas particulares
a serem resolvidos em Portugal e, de forma unilateral, se desliga do
elenco. O desfecho não é totalmente imprevisível, uma vez que
Fernando vinha sendo, de longe, o mais insatisfeito jogador da
excursão, inconformado com alguns problemas logísticos e com o
próprio cansaço decorrente dos jogos, mas a indisciplina será
determinante para abreviar a trajetória do zagueiro, que não jogará
mais pelo Flamengo. No entanto, as perdas de jogadores começam a
irritar os empresários organizadores dos amistosos, que reclamam do
alegado “anti-profissionalismo” do Flamengo e ameaçam reter as
cotas do clube caso não seja estancada a sangria.

A parada
seguinte é o Estádio Nhozinho Santos, em São Luís. O Moto Club,
clube tradicional da capital maranhense (também rubro-negro),
contará com dois reforços ilustres: o goleiro Valdir Peres (titular
da Seleção na Copa 82) e novamente Roberto Dinamite. Mas o
Flamengo, cujo treinador Jair Pereira exige competitividade e
seriedade, faz boa partida e não encontra dificuldades para abrir
três gols no placar, marcados pelos jovens Luís Antônio e
Djalminha, e por Bobô, que começa a chamar a atenção e a se
revelar o grande destaque do Flamengo na excursão. O Moto ainda
diminui nos descontos, fechando o placar em 3-1 a favor do
rubro-negro carioca.
CONFIANÇA-SE
0-1 FLAMENGO, 13 DE DEZEMBRO DE 1990


Outro
ponto controverso é a concorrência com a Final do Brasileiro,
realizada no mesmo horário. Assim que atentaram para a coincidência
de horários, os organizadores cogitaram desistir da partida. Mas o
Flamengo não abre mão do recebimento da cota milionária. Os ânimos
arrefecem quando se descobre que a Bandeirantes, detentora exclusiva
dos direitos de transmissão, não possui repetidora na cidade. O
jogo, assim, é confirmado.
Para
alívio dos jogadores flamengos, a partida é disputada em ritmo
lento, quase de treino. O Confiança, temendo perder jogadores para
as finais do Estadual, joga como num coletivo, e o rubro-negro
“aceita a dança”, tornando a partida monótona e arrastada. Um
gol de Nélio define a vitória do Flamengo, que recebe uma Taça
oferecida pela Associação dos Cronistas Desportivos do Estado.
SERRANO-BA
1-3 FLAMENGO, 16 DE DEZEMBRO DE 1990



Motivados
pelo fim da “Caravana Rolidêi”, os jogadores se empenham e jogam
o suficiente para derrotar o Serrano local por 3-1, de virada, com
gols de Luís Antônio e Bobô, que, com dois tentos, encerra,
justamente em terras baianas, sua participação pelo Flamengo. Após
a partida, a delegação retorna ao hotel, toma banho, janta numa
churrascaria e, à meia-noite, embarca num ônibus para Ilhéus, onde
chega às 04:30 da madrugada e, após mais três horas de espera,
enfim embarca com destino ao Galeão.
Começam
as férias.