Salve, Buteco! Feliz 2017! Muito se discute tanto no Buteco, como nas redes sociais em geral a questão da priorização ou não da Libertadores em detrimento do Estadual. O tema é bastante relevante por vários motivos e talvez o mais visível deles seja a experiência com edições passadas nas quais restou evidente que o desgaste sofrido pelo time em finais de turno ou mesmo do próprio Estadual prejudicaram o desempenho em momentos decisivos da Libertadores, seja na fase de grupos, seja na fase eliminatória (a partir das oitavas-de-final). É natural, portanto, que o tema volte a debate em 2017 após a conquista da vaga direta para a fase de grupos, especialmente observando que as finais da Taça Guanabara/2017 em pouco antecederão a estreia do Flamengo na fase de grupos, jogando em casa contra a forte equipe argentina do San Lorenzo de Almagro, contra quem será disputado, fora-de-casa, o último jogo, e que, além da fanática torcida, desfruta da "bênção" do Papa Francisco.
Há alguns anos atrás, quando o então presidente Márcio Braga declarou que "o Estadual é o nosso ganha-pão", recebi tais palavras de forma negativa, interpretando-as como a exteriorização de uma histórica recusa do clube (portanto não apenas do ex-presidente) em priorizar a disputa de competições com maior significado esportivo, como é o caso da Taça Libertadores da América. Refletindo um pouco melhor, e sem prejuízo de manter todas as críticas quanto à preparação e falta de priorização do Flamengo para a disputa de edições anteriores da competição, hoje eu consigo enxergar outras nuances na declaração do nosso importante ex-presidente em um contexto diferente.
Há uma parte do Estadual que é simplesmente injustificável, deficitária, em algumas edições disputada em estádios mantidos em condições precárias e contra clubes que simplesmente não têm nível para jogar contra o Flamengo e os outros grandes do Estado. Em contrapartida, não podemos dizer o mesmo das semifinais, na maioria das edições disputada entre os grandes, sempre envolvendo jogos de grande apelo. A questão que me parece particularmente relevante é que esses confrontos são transmitidos (e sempre foram desde as priscas eras do rádio esportivo) para um extenso número de estados em todo o território nacional, e nesse ponto devo lembrar que a torcida do Flamengo se caracteriza por ser uma Nação (com "N" maiúsculo mesmo!), espalhada por todo o território desse país de dimensões continentais.
Orgulhamo-nos de ser essa Nação e de sermos uma torcida tão numerosa. Por isso mesmo, quando analiso a frase do ex-presidente Márcio Braga dentro desse contexto eu não tenho como deixar de compreender o valor que o campeonato estadual teve em toda a sua história e até década passada na formação plural, qualitativa e quantitativa da nossa torcida.
Por outro lado, o Flamengo de 2017 talvez tenha chegado a um ponto em que tenha mais condições do que em qualquer temporada passada para disputar de forma competitiva ambos os torneios (Estadual e Libertadores), o que não significa que tenha atingido o ponto ideal (algo que pode ser objeto de discussão). Em que pese tal fato, o contexto atual é de crise gravíssima com a FERJ e de adoção de uma postura histórica e corretíssima postura por parte da Diretoria de não apenas reivindicar um valor compatível com a grandeza do clube a título de direitos de transmissão, como também de recusar a intermediação de seu repasse pela FERJ, procedimento esdrúxulo, inaceitável e lesivo para o clube. Além disso, e como se não bastasse, o Estadual jamais esteve tão mal organizado e degradado como nas últimas edições, a ponto do Flamengo ter sido sistematicamente prejudicado pela arbitragem e edição de regras as mais estapafúrdias e insólitas, o que torna compreensível pensar em não levar a competição como prioridade, especialmente em um ano de Libertadores da América, competição que não é disputada todos os anos, ao contrário do Estadual.
A questão é saber o que fazer e o que o clube e a torcida querem, bem como o que é melhor para o clube. Será que é o mesmo?
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Um dos diversos fatores que precisam ser levados em conta ao se decidir o tratamento esportivo que será dado ao Campeonato Estadual é o da rivalidade. Sou dos que acredita que o futebol é movido pela rivalidade, sem a qual não o esporte não teria a menor atratividade, muito menos o número de adeptos e fãs no mundo inteiro, como é o caso, nem tampouco seria o grande negócio que efetivamente é. É inegável que, quando se chega às etapas decisivas, a rivalidade explode e os Estaduais inevitavelmente despertam a atenção, não se podendo dizer que sejam indiferentes para as torcidas, incluindo a nossa.
O Flamengo há longos anos tem retrospecto positivo contra os três grandes rivais do Rio de Janeiro. Analisando o seu desempenho contra esses mesmos rivais desde 2013, abrangendo as duas gestões Eduardo Bandeira de Mello e todas as competições disputadas (estadual e nacionais), temos o seguinte retrospecto: Botafogo - 16j, 4v, 8e e 4d; Fluminense - 13j, 7v, 2e e 4d, e Vasco da Gama - 17j, 5v, 6e e 6d.
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Diante de todo esse contexto, o que seria melhor para o Flamengo: a) abrir mão incondicionalmente do Estadual e disputá-lo com uma equipe mista, formada entre jogadores da base e outros pouco aproveitados, b) mesclar a opção anterior com o time titular nos clássicos e jogos decisivos, c) disputar pra ganhar ou d) outra opção (explicar)?
A palavra, como sempre, está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.