sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Vamos Encarar?







Irmãos rubro-negros,



lá vai nosso amado Mengo se embrenhar em mais uma briga, mais uma luta pelo Maracanã.

Não quero focar no passado, no que poderia ou deveria ter sido feito, por esta ou outras gestões, a respeito do assunto.

Essa situação, de fato, era para estar melhor resolvida.

Mas não está.

E o excepcional texto do Flávio, publicado aqui no Buteco, ontem, na verdade um desabafo emocionado, eu diria até um apelo direcionado à diretoria, tenho certeza de que é compartilhado por todos nós.

A indignação de toda a Nação Rubro-Negra com os políticos do estado e do futebol do Rio de Janeiro é gigantesca.

Ninguém aguenta mais a safadeza, o oportunismo, a falta de caráter, de moral e vergonha na cara dessa laia de vampiros, de canalhas.

As tetas rubro-negras, tão avidamente sorvidas durante tantos e tantos anos, não querem mais alimentar toda essa fauna de sanguessugas.

É chegada a hora do basta!





O presidente Eduardo Bandeira de Mello, em entrevista coletiva dada esta semana, afirmou expressamente que, se o Flamengo não for protagonista da administração do Maracanã, o clube nao jogará mais no estádio.

O presidente já fez declarações assertivas e depois não cumpriu o que foi falado.

Me parece, contudo, que dessa vez é diferente. Eu tenho a impressão, e posso estar bastante enganado, que ele tem aprendido no braço como o Flamengo é visto por seus adversários, sejam rivais, sejam políticos.

Ele procurou, desde o início, um discurso de conciliação, com vistas à melhora do futebol carioca e brasileiro.

Infelizmente, não deu certo. Levamos rasteira de todos os lados.

Somos odiados. Odeiam-nos mais do que amam os próprios clubes.

Quanto antes a diretoria se aperceber disso, e tratar de cuidar dos interesses do Flamengo, em vez de tentar mudar o Brasil, melhor.

A questão, porém, está longe de ser simples.

Ano que vem o Flamengo disputará várias competições importantes: Primeira Liga, Campeonato Brasileiro, Taça Libertadores da América e Copa do Brasil.

Como iniciar um ano tão disputado, preterindo de antemão o Maracanã, com toda a receita e comodidade, do ponto de vista da logística, que ele oferece?

Além disso, 2017 será o quinto ano da gestão. A cobrança por resultados aumentará ainda mais.

E tem de ser assim.

É verdade que a diretoria entregará nosso tão esperado Centro de Treinamento em dezembro deste ano.

É verdade, também, que a parceria com a Exos mostrou-se um sucesso.

É verdade, ainda, que nossa base receberá um incremento simplesmente sensacional, conforme nos informou esta semana o Luiz, em seu excelente post.

É verdade, por fim, que o elenco iniciará 2017 muito mais qualificado do que começou 2016.

Muralha, Rever, Vaz, Cuéllar, Mancuello, Damião e Diego elevaram bastante o nível do plantel.

O contexto está longe, muito longe de ser terra arrasada.





Há erros? Há, e existirão sempre.

Mas o quadro é alvissareiro.

Há quem não goste do Zé Ricardo, há quem não goste do Rodrigo Caetano, há quem não goste do Márcio Araújo e há quem não goste de outros atletas.

Faz parte; somos torcedores e temos nossas preferências. Pensamos no melhor para o Flamengo e esse é o norte a nos mover.

Tudo isso, todavia, não desmerece o fato de que, embora 2016 tenha iniciado como prenúncio de desastre, o segundo semestre trouxe o Flamengo de volta à disputa da maior competição nacional.

E isso sem ter estádio, jogando ora num local, ora noutro.

Uma campanha que merece elogios, muitos elogios.

"Ah, mas a culpa é da diretoria, que apostou na itinerância do time, a fim de ganhar mais dinheiro."

Sim, ninguém questiona isso.

No entanto, mesmo com todos esses erros, meus amigos, lutamos bravamente contra todo um estabilishment, que envolve a Cbf, a Ferj, o Stjd, Del Nero, Rubinho, os Governos do estado e do município do Rio de Janeiro, a mídia e os adversários, uns apoiados pelo Poder Público, outros sustentados por mecenas.

Enfrentamos a todos e estamos de cabeça erguida.

É mais que natural a insatisfação, a decepção e a cobrança após a queda de rendimento do time exatamente no momento mais agudo do certame.

Somos rubro-negros e o Flamengo não é para os fracos ou acomodados.

Mas não houve corpo-mole, não houve bunda lelê, não houve desdém ou indiferença.

O técnico pode ter errado, a diretoria pode ter errado, alguns jogadores podem ter caído de produção nesta reta final, mas a luta, a vontade, essas estiveram presentes.

Então, eu acho que, dentre erros e acertos, coisas boas e ruins, o copo está mezzo a mezzo.






A questão é a seguinte: ano que vem, para o rubro-negro, só há um objetivo: títulos!

Queremos e exigiremos resultados.

Após quatro anos de gestão, é chegada a hora de colher os frutos dentro de campo.

Nesse contexto, surge um dilema: resignarmo-nos a aceitar que, premido pela necessidade de conquistar títulos, o clube deve se sujeitar às condições que lhe forem impostas, por piores que sejam, e jogar no Maracanã; ou, ao contrário, defendermos o direito do clube administrar o estádio e, em caso contrário, construir o seu próprio.

Porque são objetivos incompatíveis.

Ou o Flamengo assume o Maracanã de vez ou buscará construir a sua casa; se optar por jogar no Maracanã, sob o jugo de pessoas que querem apenas explorá-lo, o Flamengo até poderá, num primeiro momento, ter ganho esportivo e financeiro. Mas, tendo em vista o futuro do clube, esta última alternativa redundará em sujeição sem termo final.

Por isso a indagação que ilustra esta humilde coluna: estamos preparados, estamos cientes das consequências de abrirmos mão do Maracanã num ano tão importante?

Eu espero, sinceramente, que sim.





De minha parte, sou de opinião que, se o Flamengo não for o administrador do Maracanã, devemos abster-nos de jogar no estádio.

Onde jogaremos? Não sei, mas local não falta: Cariacica, Edson Passos, quem sabe outro local no Rio de Janeiro, como Deodoro ou mesmo a Ilha, caso o Chororô fique apenas com o Engenhão. Pode o time eventualmente jogar, ainda, em Brasília, no Pacaembú, e em outras praças, pois onde o Flamengo se apresenta, está sempre em casa.

Eu acho que o momento exige, mais que buscar culpados, estar realmente ao lado do clube, apoiando-o e defendendo o legítimo direito de termos a nossa casa.

Chegou a hora do Flamengo dar o passo definitivo rumo ao estádio próprio: seja administrando o Maracanã, o que sempre poderá nos trazer surpresas desagradáveis; seja botando a mão na massa e construindo o seu estádio próprio, a sua casa, nem que seja na lua.

Os dados foram lançados.

Mas não se trata apenas de um jogo de sorte ou azar, senão uma disputa que exigirá inteligência, astúcia e muita união, raça e pressão do clube, incluindo, e sobretudo, torcida e diretoria.




...


Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.