Salve, Buteco! As Eliminatórias para a Copa do Mundo/2018 causaram uma incomum pausa no Campeonato Brasileiro durante este final de semana. Uma pausa com gosto amargo, agora que o Mais Querido ocupa apenas a terceira colocação, atrás do líder Palmeiras, considerado pela esmagadora maioria o virtual campeão, e também do ótimo time do Santos, o qual, além de ter uma tabela amplamente favorável, vem em franca ascensão no campeonato. Nesse contexto, percebo que já se discute 2017 e os diversificados assuntos que envolverão o Departamento de Futebol e poderão influir decisivamente no desempenho do time. Os temas variam desde a composição do elenco até que estratégia utilizar diante da indefinição do Estado do Rio de Janeiro em relação à administração do Maracanã. Esses assuntos têm dominado as discussões nas redes sociais a ponto de superar até a disputa pelo G3.
A Diretoria parece que já jogou a toalha em relação ao Campeonato Brasileiro/2016. Mas e a torcida? Será que a torcida não vê no clube em geral mobilização para lutar até o fim pelas últimas chances de ser campeão brasileiro nessa temporada?
Acredito que o quadro é propício para abordar um assunto que vem me incomodando e envolve a atual administração. Tenho a impressão que falta, desde o presidente, passando pela vice-presidência de futebol e gestores do Departamento de Futebol mais envolvimento com o aspecto competitivo do futebol. O Flamengo tem doze pontos para disputar o Campeonato Brasileiro/2016, que ainda não acabou. Entretanto, o presidente Eduardo Bandeira de Mello concede entrevistas falando sobre o 2017 que ainda não começou, até porque a temporada de 2016 ainda está em curso. Parece uma obviedade ululante, mas o ponto é que o Flamengo ainda não perdeu esse título, porém se comporta como se tudo já estivesse perdido.
A postura lembra a do Campeonato Brasileiro de 2015, quando, após seis vitórias consecutivas, o time foi fenecendo e se desintegrando na competição, terminando-a de maneira absolutamente melancólica. A desculpa de então foi a crise política interna e as disputadíssimas eleições presidenciais. Qual será a da ocasião?
Sou do tempo do "a bola pune", do "quem morre de véspera é peru de natal", do "há campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos" (Carlos Drummond de Andrade), do "campeões não são feitos em academias, mas de algo que têm profundamente dentro de si - um desejo, um sonho, uma visão" (Muhammad Ali), do "só quem vestiu essa camisa e entrou no Maracanã lotado, ouvindo o grito da torcida, pode conhecer o orgulho de ser campeão pelo Flamengo" (Rondinelli).
Sou do tempo daquele tempo no qual quem comemora título antes da hora, fazendo roda e rezando dentro do gramado ou concedendo entrevista depois do jogo lépido e faceiro, considerando a conquista da taça favas contadas, costuma quebrar a cara.
Sou do tempo que o Flamengo não desiste.
Ocorre que essa não é a hora da Diretoria que vende carga de ingressos em grande número para as torcidas adversárias, minimizando o mando de campo. Não é hora de falar de 2017 de forma plácida e insossa, como se 2016 e o campeonato já tivessem acabado.
Títulos não se conquistam com um estalar de dedos, quando se quer e bem entende. Os campeões no futebol são aqueles que amam a competição e não jamais deixam de lutar enquanto as chances ainda existem.
Doze pontos. O mínimo que o Flamengo alcançará se conquistá-los é evoluir em relação a 2015 e começar 2017 com o espírito competitivo de quem pode de fato disputar uma Libertadores com reais e efetivas chances de conquistar o título, compondo o G3.
Doze pontos. É hora de mostrar que a flama rubro-negra está viva.
Bom dia e SRN a tod@s.