Jesus dizia: “que o seu sim seja sim, e que o seu não seja não”. Se você assumiu uma responsabilidade, vá até o final. Mantenha sua palavra, porque ela é preciosa.
Paulo Coelho
No dia 26 de junho de 2016, em jogo do primeiro turno do campeonato brasileiro, Flamengo, mandante, dividiu com o Fluminense a ocupação do estádio de Natal pelas torcidas e a divisão de renda, em acordo de reciprocidade para o jogo no segundo turno. Torcidas divididas e divisão igual de renda. Acordo, pelo que parece, verbal entre presidentes de dois clubes da mesma cidade.
Pois bem, agora mandante, Fluminense decide desprezar o acordo. Primeiro recusa que o jogo da 30ª rodada seja disputado na Arena Amazônia em Manaus, dividindo renda e torcida. Talvez não querendo desgastar seus jogadores, o que esportivamente é justo, decide trazer o jogo pro Rio, para o estádio da Portuguesa, cujo locatário é o Botafogo, sem divisão de torcida e sem divisão de renda. Botafogo então, alega que literalmente o estádio está com problemas com esgoto. Jogo então é transferido para o estádio de Volta Redonda.
A torcida do Flamengo se revoltou. Com o não cumprimento da palavra empenhada do dirigente do Fluminense? Não. Com o Flamengo, seu presidente, profissionais envolvidos, etc. Sabemos todos que o mundo está cheio de pessoas com moral, digamos, relativa. Mas o Flamengo foi absolutamente correto na forma de agir e foi passado para trás por um clube que aceitou acordo. Este foi o maior vexatório da questão. A partir do momento que sua palavra não vale nada melhor conversar contigo apenas por escrito sob supervisão de advogados. É um mundo cinza, burocrata sem relacionamentos construtivos entre pessoas e instituições. Se um clube possui um dirigente que o que acorda verbalmente não vale nada, azar de seus associados e torcida, obrigados a desconfiar de todas suas declarações.
Flamengo foi passado para trás. "Ah deveria ter assinado um contrato exigindo reciprocidade!". Com o Flamengo e Fluminense sem Maracanã era possível prever onde e como iria jogar? Talvez por isto não tenha sido feito um contrato ou por outro motivo, até mesmo pelos éticos dirigentes do Flamengo acharem desnecessário no momento, visto que valorizam a palavra empenhada. "isto é ingenuidade!" Sim, acreditar no valor do que se acorda verbalmente, que em outros tempos tornava a pessoa honrada, hoje é sinônimo de ser otário, babaca, estúpido, banana. A honra perdeu seu peso. A honra virou deboche. A honra agora é ser "ixperto". Vamos assinar papéis. Vamos fazer gravações. Precisa ter o que mostrar porque quando não se tem honra o mundo inteiro se torna instrumento do abjeto.