E, lamentavelmente, o encanto do simpático estádio Kleber de Andrade, em Cariacica-ES, se quebrou na noite de quarta-feira. Flamengo perdeu de 2 a 1 do Palestino, time meia-boca do Chile, e foi eliminado da única competição internacional que encarou este ano.
Flamengo vinha de uma vitória lá. E, não sei porque, achou que a classificação estaria ganha aqui. Poderia entrar com time misto e fazer um resultado positivo que garantisse classificação. Fazer jogadores importantes sequer viajarem. Para que? O elenco dá conta...
Ledo engano. O misto era frio.
Flamengo entrou em campo com uma formação já problemática. Cirino pela direita, e Cirino não vem bem desde que segurou a camisa do Flamengo em sua apresentação à torcida. Chiquinho, lateral bem questionável pela esquerda, e o grande erro, ao meu ver, a dupla de volantes água-e-óleo, Marcio Araujo e Cuellar. Eles não dão liga. Não se misturam. Não há diálogo. Cuellar busca se posicionar mais a frente da zaga. Marcio Araujo cisca. E combinando com um ataque disfuncional pois completamente envolvido pela marcação do Palestino, simplesmente o Flamengo ficou sem volume de jogo pelo meio. Para começar o jogo mais turbinado talvez fosse importante ter um dos dois mais o Mancuello. É preciso em partida decisiva em casa, fazer logo o resultado. Zé Ricardo optou por não. Esperar a vez. Enquanto isto Alan Patrick tentava se aproximar de Guerrero. Fernandinho insistia em várias jogadas pelos cantos mas cruzando mal de 10 em 10 tentativas. Guerrero em noite apagadíssima dava várias sequencias erradas nas jogadas. Palestino compensava sua deficiência técnica numa disciplina tática absurda. Todos sabiam o que fazer com a bola, e a giravam em torno do Flamengo como queriam. Mostrou que apesar de todo alarido em cima de nosso treinador iniciante festejado, ainda estamos bem aquém a nível tático de time mediano do Chile.
E numa destas, falta frontal. O jogador Palestino cobra a falta de forma muito bonita. Estoura na trave e sobra sem marcação para um jogador deles botar para dentro. Palestino 1 a 0 e Flamengo perdido, insosso, frio e entediado no jogo. Palestino vai cozinhando. Resultado já era legal. Ia para os penaltis, e aposto que eles treinaram isto arduamente. Flamengo já não sei. Porém bem no finalzinho, Pará volta a ser o Pará das antigas e erra seguidamente pela direita, até eles recuperarem a bola, o fazerem de gato e sapato e chutarem de longe para um frangaço espetacular do Muralha, nível escala 9.9 PV. Palestino 2 x 0. Resultado justíssimo. E pior, nem parecia que Palestino tinha feito "grande esforço". Flamengo estava horroroso mesmo. Não entrou no jogo. Não sei como foi a preleção mas deve ter sido um fiasco.
Entra segundo tempo, Flamengo ao menos demonstrando mais vontade em que pese a precariedade dos jogadores no jogo. Zé Ricardo fez a alteração óbvia, colocando Mancuello no lugar do Cuellar, avançando assim o meio de campo. Porque não fez isto de início não me pergunte. Flamengo passa enfim a existir como um time que deseja algo mais. Ataca. Tenta. Não produz grandes oportunidades. Vamos lembrar a superioridade tática do Palestino. Mas de tanto tentar consegue um penalti. Bem cobrado por Alan Patrick. Faltou um gol. O técnico do Palestino rearruma o time taticamente, comprime as linhas ao mesmo tempo que avança a marcação e o Flamengo desmonta como time. Entra Sheik, sai Guerrero, entra Vizeu e nada. As melhores chances ficam com Palestino, que poderia até ampliar. Não o fez. Mas saiu classificado com enorme justiça.
Flamengo precisa aprender a dar toda prioridade a competição internacional. Não é de hoje que encara um torneio sul-americano com ar blasé, poupando titulares e se concentrando na competição nacional da vez. Se quer sua marca alçando voos fora do Brasil, o Flamengo, como instituição, deve obrigar toda e qualquer comissão técnica do momento a encarar a competição internacional com toda prioridade possível. Jogador ganha bem demais para ser poupado de fazer o que é muito bem pago.