Saudações
flamengas a todos.
Semana
próxima passada, o Fluminense FC completou 114 anos de existência.
Uma vez que o Flamengo, através de seu presidente e outros
dirigentes, ajudou a fundar esta relevante instituição, penso ser
cabível prestar uma homenagem ao simpático clube das Laranjeiras.
Assim, deixo aqui uma história pouco conhecida. Muito difundida é a
primeira partida entre Fla e Flu, vencida inesperadamente pelo
tricolor, por 3-2, em 1912. Mas, e as partidas subsequentes? Terá se
repetido aquela história de superação do “eleven” tricolor? Ou
o desfecho terá sido um tantinho diferente?
À
história, então.
1 -
FLAMENGO 4-0 FLUMINENSE
Campeonato
Carioca, Segundo Turno, 27.10.12, Laranjeiras
A dor da
humilhação, da vergonha, do brio ferido é um poderoso estimulante.
Não há doping mais devastador que o riso mordaz, sarcástico, os
dedos apontados por uma multidão aos gargalhos.
A
inesperada derrota do primeiro turno ainda sangra na alma, ainda
marca a pele lanhada, como brasa em gado. O grupo de dissidentes, o
mais talentoso do Rio, anseia, clama sequioso pela desforra, pela
vingança redentora que lhes tirará das entranhas o peso agônico do
escárnio. E treina. Prepara-se como para o último embate de suas
vidas. E chega o dia.
O
Flamengo, pela posição na tabela (disputa, ponto a ponto, o título
com o Paysandu) e pelo time melhor, é o favorito, apesar da
surpreendente derrota no primeiro clássico. Tal como na partida
anterior, o Fluminense mostra coragem e atitude agressiva, tentando
tomar a iniciativa das ações. No entanto, mais calmo, determinado e
com os nervos no lugar, o Flamengo rapidamente se impõe em campo.
O
resultado é um ataque contra defesa. Um massacre. Um bombardeio sem
precedentes, que só não termina num placar verborrágico,
antológico, de almanaque, graças à atuação épica do sistema
defensivo tricolor, cujos elementos saem de campo extenuados. O
irrequieto e irreverente Baiano marca o primeiro gol, depois o
eficiente Miguel anota mais duas vezes e novamente Baiano, já no
final, decreta o placar de 4-0 que traz à tona a real diferença
entre as duas equipes.
2 -
FLAMENGO 6-3 FLUMINENSE
Campeonato
Carioca, Primeiro Turno, 03.08.13, G.Severiano
Time do
Fluminense ainda está em transição, não aparece como postulante
ao título. Flamengo começa mal e isso será fatal. Depois arranca,
mas já é tarde para alcançar o América.
Público
em General Severiano é excelente, chegando a haver espectadores de
pé à beira do gramado. Jogo começa equilibrado, os dois times
trocando ataques, até os 10', quando Baiano abre o placar para o
Flamengo. O Fluminense sente o gol, e disso se aproveita o Flamengo
para intensificar o assédio. Gumercindo (jovem goleador) e Pinho
ampliam, fechando a primeira etapa em 3-0 para o rubro-negro.
Na
segunda etapa, o Flamengo acomoda-se e passa a trocar passes, com
leniência. O tricolor se enche de brios e exerce pressão. Consegue
marcar dois gols em sequência (Oswaldo e Baptista), e parece que a
partida irá incendiar. Ledo engano. O Flamengo se reorganiza, volta
a imprimir um ritmo mais forte e Borgerth anota o quarto tento. O
rubro-negro não diminui o ritmo e avança suas linhas, chegando a
atacar até mesmo com os zagueiros. Encurralado e desgastado, o
tricolor não consegue resistir. Gumercindo marca o quinto, e logo a
seguir Borgerth mais um tento. Somente nos minutos finais o Flamengo
relaxa e, num lance isolado, o atacante fluminense Vidal chuta de
longe e marca mais um gol para as Laranjeiras. Não há mais tempo
para nada. Final, 6-3, num dos melhores e mais animados jogos de todo
o campeonato.
Como
menção, é a primeira partida que Borgerth, pivô da dissidência
fluminense que ocasionou a criação do futebol flamengo, marca
contra seu ex-clube. Haverá outras. Muitas outras.
3 -
FLUMINENSE 0-3 FLAMENGO
Campeonato
Carioca, Segundo Turno, 09.11.13, Laranjeiras
Center-half.
O jogador central da linha de médios, precursor da posição de
volante. Uma das peças-chave de uma equipe de futebol, desde seus
primórdios. Um bom center-half precisa ser completo, ter boa visão
de jogo, saber iniciar as ações ofensivas e desenvolver bom
trabalho na retaguarda.
O
Flamengo dispõe de um dos melhores nomes nessa posição. Amarante
tem sido o destaque absoluto da equipe na temporada, figurando na
seleção do campeonato. Dotado de intensa mobilidade, bom jogo
vertical, capaz de lançar e eficiente na marcação individual,
Amarante vive o auge de sua carreira. E toda sua categoria será
mostrada nesse Flamengo e Fluminense do returno.
Apesar do
tempo chuvoso, o Campo da Rua Guanabara (onde se erguerá o Estádio
das Laranjeiras) está tomado por um público numeroso e “bem
selecionado” (o futebol ainda é um esporte de elite). Chama a
atenção o número de adeptos do Flamengo, que já divide a
assistência com os torcedores do time local.
O
Fluminense está motivado por uma vitória sobre o Botafogo (3-0) e
deseja repetir o feito contra o Flamengo, seu algoz de confrontos
recentes. O time tricolor posiciona-se em campo de maneira
extremamente agressiva, buscando a pressão desde os primeiros
minutos. Será seu erro. O Flamengo, recuado, faz um jogo de
paciência, de “gato e rato”, buscando cansar o rival. O tricolor
ataca por cima, por baixo, pelo centro e pelos lados, mas não
consegue transpor a parede formada por Píndaro e Nery (os melhores
zagueiros do país) e pelo exímio goleiro Baena. Apesar dos inúmeros
ataques fluminenses, o primeiro tempo termina sem gols.
Na
segunda etapa, o Flamengo se solta mais, aproveitando-se do desgaste
físico e emocional do adversário. Amarante, que no primeiro tempo
dedicou-se a anular o perigoso atacante Welfare, agora arma e dá
início a todas as jogadas flamengas. O center-half fluminense,
Robertson, não está em campo, e isso fará a diferença.
O
primeiro gol é de Riemer, numa confusão dentro da área. Como de
hábito, após abrir o placar o Flamengo solta a cavalaria para
aproveitar-se do desequilíbrio gerado pelo tento. Logo a seguir,
Raul recebe na frente, dribla o goleiro e, sem humildade em gol,
entra com bola e tudo, embolando-se nas redes. Já perto do fim, com
o Fluminense inteiramente subjugado, o “matador” Riemer manda uma
bomba de longe e fecha a contagem em 3-0. As derrotas fluminenses
para o rival já começam a se revestir de uma incômoda rotina. Mas
ainda está longe de acabar.
4 -
FLUMINENSE 0-2 FLAMENGO
Amistoso,
11.06.14, Laranjeiras
O
Flamengo inicia a temporada de maneira irregular, apresentando
atuações opacas. Vem de um empate contra o São Cristóvão, obtido
nos descontos (o jogo esteve parado porque os zagueiros rivais
mandavam chutões para os telhados das casas vizinhas) e é encarado
pela imprensa como um azarão na disputa pelo título.
Nesse
contexto, surge um amistoso contra o Fluminense, jogo beneficente em
favor da Paróquia da Glória. Esse tipo de evento é comum na época.
O
tricolor começa a mostrar sinais de recuperação, e já apresenta
uma equipe bem mais qualificada, que inicia bem o campeonato. Por
isso, e pelo momento ainda errático do rubro-negro, o time das
Laranjeiras recebe a pecha de favorito para esse interessante
match-training em seu campo.
O Campo
da Rua Guanabara (Laranjeiras) recebe brilhante e colorida decoração,
engalanado para o evento. Mas, seja pelo fato de estarmos em uma
tarde de quinta-feira, seja pela informação de que os dois times
jogarão com equipes mistas, o que se registra é um público pouco
mais que razoável, longe de proporcionar ampla lotação. No
entanto, quem foi ao campo viu um jogo bastante animado.
Os
jogadores do Fluminense começam a demonstrar nervosismo com a
recorrente superioridade do Flamengo nos confrontos. Seu time entra
em campo para disputar um match oficial, enquanto o rubro-negro
aparece mais comedido, poupando o ritmo. Muito mais aguerridos, os
tricolores bombardeiam a meta do goleiro reserva Cazuza, que se vira
como pode. Num desses ataques, a bola rebenta no travessão após
voleio de Bartolomeu.
Aos
poucos, o Flamengo entra no jogo. O experiente Gallo substitui
Amarante, e dita o ritmo da equipe. O rubro-negro, com um conjunto
melhor, trabalha a bola e envolve o adversário. Numa dessas tramas,
há um lançamento a Arnaldo, que cruza para Baiano emendar de
sem-pulo e abrir o placar. É mais um tento de Baiano, à vontade no
papel de “carrasco”.
Fim do
primeiro tempo. Os tricolores estão tensos, rosto crispado, cabeça
baixa. No outro canto, os flamengos riem e contam piadas, nitidamente
descontraídos.
Na
segunda etapa o roteiro se repete. Fluminense toma a iniciativa,
ataca em desespero, acossa a meta de Cazuza, e aí se destaca o
zagueiro Nery. E o Flamengo, num contragolpe fulminante, amplia com
Riemer. No fim, com um Fluminense desanimado e um Flamengo
desinteressado, pouco mais acontece. Flamengo 2-0.
5 -
FLUMINENSE 2-3 FLAMENGO
Campeonato
Carioca, Primeiro Turno, 26.07.14, Laranjeiras
Costuma-se
invocar a mística do Fla-Flu, dos jogos emocionantes, fantásticos.
Sim. Mas somente quando o Fluminense ganha. Veja-se que os Fla-Flu's
mais célebres que são lembrados são os que têm como desfecho a
vitória tricolor (1969, 1983, 1995). O Flamengo gosta de recordar
goleadas no rival.
Mas há
os jogos sensacionais, espetaculares, que o Flamengo vence. É o caso
desse inesquecível match do primeiro turno. Um jogo antológico que,
tivesse havido outro desfecho, figuraria nos anais do clássico.
Uma
multidão aflui para a Rua Guanabara. Multidão inflamada, disposta a
berrar por suas cores. O clima é de decisão, de final, embora
estejamos ainda nas primeiras rodadas do campeonato. Grupos esboçam
cantos e palmas, já em provocação, no que são respondidos. Não
há violência. Mas há tensão, a típica apreensão dos dias de
grandes jogos.
A partida
inicia em ritmo alucinado. Logo nos primeiros minutos, há uma bola
alçada na área flamenga, alguém corta com a mão. Pênalti, que
Bartolomeu converte, abrindo o placar para o Fluminense. A plateia
explode em gritos, incendiando o estádio. O Flamengo vai à frente e
luta muito, mas não consegue alterar o placar na primeira etapa. O
tricolor parece, de fato, determinado a quebrar a escrita. As equipes
vão ao intervalo com o placar de 1-0 para o time local.
Segundo
tempo, o Flamengo “queima navios” e parte ao ataque. Em poucos
minutos, uma bola é passada a Riemer, que chuta meio de bico, meio
mascado, mas a bola pega um efeito estranho. Marcos, o legendário
goleiro Marcos de Mendonça, vai agarrar, mas é traído pela
trajetória da bola e deixa-a escapar, sorrateira e zombeteira, para
o fundo das redes. Está empatada a partida.
O jogo se
torna feérico, esfuziante. Os times trocam ataques. Os goleiros
Baena e Marcos vão executando defesas fantásticas, mantendo uma
igualdade que pode ser quebrada a qualquer momento. O final do jogo
se aproxima. E dele a loucura, o transe, o êxtase.
Escanteio.
Bola alçada na área fluminense. A zaga tricolor tenta afastar, mas
não consegue. Há uma “scrimmage” (rebu, bololô, confusão)
dentro da área, a bola perereca e sobra para Raul que, num laivo de
lucidez, dribla um contrário e manda, bico de chanca, pra dentro da
meta. Flamengo 2-1. Agora é o lado de fitas negras e rubras que se
agita. O Flamengo está na frente. Mas não há tempo sequer para
calar o grito. O Fluminense dá a saída e ataca em bloco. Troca
passes com fúria e a bola chega a Welfare, o temido Welfare, que em
bela jogada individual arremata e crava novamente o empate. Em
questão de segundos, o Fluminense reage. 2-2. O estádio enlouquece,
chapéus jogados ao alto, gritos de ordem, apitos, palmas. Já
estamos nos minutos finais. Mas não acabou. Agora o Flamengo dá a
saída e abandona a defesa. A vitória se torna questão de honra. O
rubro-negro exerce uma pressão no limiar do insuportável. Massacra
a meta de Marcos. O tempo está escoando, rápido. Estamos no minuto
final. Há um escanteio. Não resta mais tempo. É o último lance.
Bola cruzada, cabeçada, fora do alcance de Marcos. Mas, na última
hora, o zagueiro Vidal, em cima da linha, consegue cortar. Com a mão.
Pênalti para o Flamengo, no último segundo do jogo.
É uma
tarefa que exige sangue frio. É o momento adequado para o bandoleiro
Riemer. Ricardo Riemer, atacante que faz do gol um ofício. Uma
ocupação. Um jogador que nasceu para as redes. O primeiro grande
goleador da história flamenga. Riemer, sem demonstrar um hiato de
hesitação ou temor, ignora a presença de Marcos de Mendonça à
sua frente, vira a cara e manda um bico, um tiro violentíssimo, que
arromba as redes tricolores e faz metade do estádio urrar das
entranhas a felicidade e a alegria da vitória. O Flamengo vence de
forma dramática por 3-2. Arrancará para o título. E a noite no 66
será longa. Haja reco-reco.
6 -
FLAMENGO 2-1 FLUMINENSE
Campeonato
Carioca, Segundo Turno, 15.11.14, G.Severiano
Falava
dos “grandes Fla-Flu's”. E das decisões? Criou-se uma aura, um
mito, uma lenda, um lugar-comum que, quando Fla e Flu se enfrentam em
jogo decisivo, a vitória usualmente é do tricolor. Relembra-se, com
tediosa exaustão, os jogos de 83, 84, 95. Mas houve outros momentos.
Entre eles, a final perfeita. Que tal um Fla-Flu, final de
campeonato, no dia do aniversário do Flamengo? Isso aconteceu. E o
desfecho não foi bem o que quer fazer crer a tal lenda tricolor.
15 de
novembro. Toma posse o Excelentíssimo Sr. Presidente da República,
o Sr. Venceslau Brás. Chefes de Estado e a mais alta sociedade está
na Capital Federal para prestigiar a solenidade. Mas o centro das
atenções é o Estádio de General Severiano, onde está em jogo a
decisão do Campeonato Carioca de 1914. Flamengo e Fluminense fazem
aquela que pode ser a partida final.
A
vantagem é do Flamengo que, se vencer, decreta o final da
competição. Em caso de vitória tricolor, haverá a necessidade de
nova partida para definir o campeão.
O público
transborda, aperta-se e se pendura no exíguo espaço disponível, já
levando a crer que logo haverá a necessidade de palcos maiores para
os jogos. O risco de superlotação é real, e não é raro que se
recorra a morros, árvores, barrancos ou mesmo telhados para que se
consiga uma forma de se assistir ao match.
O momento
é todo do Flamengo. O time, após um início irregular, dominou
completamente a competição, e poderia ter sido campeão antecipado,
não fosse uma inesperada derrota para o Botafogo. Mas o Fluminense
vem de uma arrancada, e a rivalidade intrínseca ao clássico
recomenda prudência.
Prudência
esta que certamente não está presente nas dependências da Sede no
66. O casarão amanhece enfeitado, decorado e totalmente engalanado,
à espera da comemoração de um título que irá coroar, à guisa de
ápice, os festejos do 19º aniversário do clube.
O jogo é
disputado, renhido, mas menos dramático que a partida anterior. O
Flamengo é melhor desde o início. Abre o placar quando Marcos sai
mal num cruzamento e Borgerth, esperto, aproveita a sobra, mandando a
bola para o gol. Logo depois, o rubro-negro amplia num arremate de
Riemer, mas o próprio atacante avisa ao árbitro ter ajeitado a bola
com as mãos e o gol é anulado (os tempos ainda são românticos).
Mas,
apesar da ampla superioridade rubro-negra, não se pode desligar em
um clássico. Um escanteio isolado, bola perfeitamente cruzada na
cabeça de Oswaldo. É o empate, o injusto empate nos minutos finais
da primeira etapa.
Mas não
durará muito. A tarde é flamenga. Na volta do intervalo, o
rubro-negro parte impetuoso, disposto a assegurar a vitória desde
cedo. Já aos 3', Borgerth, o nome do jogo, recebe, livra-se de um
contrário e serve ao implacável Riemer, que fuzila Marcos,
decretando os 2-1 no placar que, a despeito de algumas tentativas
tricolores, não mais serão alterados.
O
Flamengo administra a vantagem e, com o apito final, transforma o Rio
de Janeiro em uma linda festa. Corsos, reco-recos, chopadas de graça,
os dias que se seguem são comemorados com incrível e contagiante
alegria. O Flamengo é campeão no dia do aniversário, contra o
maior rival, com gol do pioneiro Borgerth. Mais, agora ufana-se de um
título inédito, que o acompanhará por todo o sempre. Uma marca
indelével, dentre tantas.
Campeão
de Terra e Mar.
7 -
FLUMINENSE 3-5 FLAMENGO
Amistoso,
11.04.15, Laranjeiras
Mais um
amistoso beneficente, jogo que praticamente abre a temporada. O
Flamengo apresenta novidades. O atacante Bartolomeu, ex-Fluminense, e
o médio inglês Sidney Pullen, formidável jogador que vem para o
lugar de Amarante, retirando-se dos gramados. Não poderia haver
melhor reposição. Pullen é um jogador ainda mais completo que o
ótimo Amarante, pois também pode ser usado no ataque.
O público
é bom. O Fluminense tinha a ideia de abrir o estádio apenas para os
sócios, mas a baixa procura fez sua diretoria mudar de opinião, o
que se mostrou acertado.
O jogo é
movimentado, mas pouco disputado. As equipes, ainda com alguns
desfalques e nitidamente sem condições físicas, fazem uma partida
pouco competitiva, com marcação frouxa. O Flamengo, com um conjunto
melhor e alguns valores individuais se destacando, impõe-se sem
dificuldades. Chega a abrir 3-0 e 5-2, com gols de Bartolomeu,
Curiol, Borgerth, Riemer e Vidal (contra, num recuo desastrado de
bola a Marcos), enquanto Welfare (2) e Nabuco marcam os tentos
tricolores.
8 -
FLUMINENSE 0-5 FLAMENGO
Campeonato
Carioca, Primeiro Turno, 09.05.15, Laranjeiras
Após
sete derrotas seguidas para o Flamengo, o Fluminense decide ser o
momento do “basta”. Reúnem-se os jogadores para sessões
esfalfantes de treinamentos pesados durante toda a semana. Há uma
fome no olhar de cada jogador tricolor. Informantes são enviados a
General Severiano, para acompanhar e investigar os movimentos do
Flamengo, que enfrenta o Rio Cricket. Tudo é minuciosamente
estudado, planejado e calculado. A instituição está mobilizada
para o jogão do dia 09. É chegado o momento. Não há como um clube
da envergadura do Fluminense FC amargar uma sequência tão duradoura
e prolongada de derrotas para qualquer adversário, que dirá o
Flamengo, grande rival nos gramados. Associados e admiradores são
convocados para o confronto da Rua Guanabara. O estádio irá lotar.
O Fluminense não aceitará a derrota.
Mas falta
combinar tudo isso com o adversário.
A chegada
de Sidney Pullen e do chileno Hector Parras trazem um notável
equilíbrio ao Flamengo. Outrora tido como um conjunto de defesa
forte e ataque criticado (por ser pesado), o rubro-negro agora
apresenta uma equipe harmônica, bem azeitada e extremamente
perigosa. Um time disposto a ratificar sua condição de Campeão de
Terra e Mar. E que, enfim, já lida bem com a condição de favorita.
O estádio
está abarrotado. Os fluminenses atendem aos apelos da diretoria, e
enchem as dependências da Guanabara. Provavelmente chegam mesmo a
ser maioria entre a plateia.
Mas o
time está nervoso. Tenso. Sente a pressão do jogo. Não consegue
atacar. Ao contrário, o Flamengo, com categoria e um meio-campo
sólido, domina inteiramente as ações. E começa a atacar. E os
gols vão sair com naturalidade.
O
primeiro é de Borgerth, num tiro violento que vara a gaveta de
Marcos. Logo depois, Sidney Pullen, num tiro cruzado, amplia. Antes
do intervalo, o estabanado zagueiro Vidal falha, e Baiano marca o
terceiro. É o fim. O Fluminense está destruído, a espinha
quebrada, o estádio em silêncio (ao menos a parte tricolor).
Na
segunda etapa, o Flamengo seguiu controlando o jogo com
tranquilidade. Faltava o gol do “matador”. E Riemer, para não
frustrar seu público, cravou logo duas vezes, em dois tiros fortes,
bem ao seu estilo. O jogo termina com o Flamengo colocando o
adversário na roda, tocando calmamente a bola, sem pressa. É, até
ali, a mais humilhante derrota da história do Fluminense em seu
estádio. Nenhuma equipe havia vazado as redes tricolores, nas
Laranjeiras, tantas vezes desde a fundação do clube. A goleada
humilhante acenderá uma crise profunda nas hostes tricolores, da
qual emergirá um time forte e temido.
Enquanto
isso, o Flamengo ratificará seu favoritismo e marchará para o
bicampeonato, dessa vez invicto. De novo, Campeão de Terra e Mar.
* A
sequência de vitórias flamengas será quebrada com um empate (1-1)
em General Severiano, a 22/08/1915. O rubro-negro somente voltará a
ser derrotado no clássico em 1916. Ao todo, terão sido 12 jogos sem
derrota para o rival, com 8 vitórias consecutivas.