1995. Primeiro ano em que comecei
a acompanhar futebol e a viver de um centenário Flamengo.
No auge dos meus 8-9 anos recém-vividos,
acompanhei a chegada do Romário e toda festa realizada pela Nação rubro-negra. Era
um torcedor inocente, que só queria saber de bola na rede para poder comemorar
bem alto o gol e tirar onda com os amigos na escola.
Quando viajava ao Rio ficava no
apartamento dos meus avós e gostava de comprar tudo que existisse sobre o
Flamengo. Boné, bermuda, camiseta, regata, caneta, estojo, agenda, mochila, CD
e até aqueles adesivos gigantes que até hoje vendem em bancas de jornal.
Não ligava se era de marca, se
era oficial, se tinha o logo da Umbro, não interessava. O importante era que
fosse vermelho, preto e tivesse a palavra F-L-A-M-E-N-G-O escrita bem grande.
Fui crescendo e ao passar dos
anos comemorei muitos títulos estaduais, fiquei eufórico com a Mercosul vencida
em cima do Palmeiras, fui as lágrimas com o gol do Pet em 2001 e me sentia o
dono do mundo quando o Flamengo vencia títulos importantes como a Copa do
Brasil em 2006 e o Brasileirão em 2009.
Ao mesmo tempo em que aprendi a
amar um Flamengo dono da maior torcida do mundo, dono das festas e com uma
Nação maior do que muitos países vizinhos, aprendi a conviver com expressões
como Flalido e a ouvir que o clube sempre foi sinônimo de zona, de bagunça, de
salários atrasados e outras irresponsabilidades atribuídas ao mais querido.
E isso incomodava! A bola na rede
e a zoação com os amigos já não eram suficientes para eu me sentir orgulhoso de
ser Flamengo. “O Flamengo finge que me paga e eu finjo que jogo” – como odeio
essa frase.
Além de ser o time da bagunça, o
Flamengo passou a ser o time das páginas policias. Love, Adriano, Bruno, todos
ajudavam a arranhar cada vez mais uma marca que já não tinha mais o prestígio
de outrora.
Eis que entre o acaso das
conquistas e a rotina de barbáries do departamento de futebol do Flamengo,
surgem os blues com uma proposta única, diferente do que todos estavam
habituados. Apesar de não votar, acreditei, apoiei e comemorei a vitória nas
eleições quase como um título.
Sabia que nos últimos anos o
Flamengo precisaria dar um ou dois passos para trás para poder caminhar
firmemente para frente, sem parar nunca mais. Depois de convivermos com alguns
anos de vacas magras, finalmente estamos colhendo os frutos.
Não sei se podemos dizer que
estamos próximos do famoso “ano mágico”, mas com certeza estamos no caminho
certo. Se as conquistas ainda não chegaram como deveriam, pelo menos no final
do ano teremos um CT à altura do clube e um esboço de time com capacidade de
honrar as tradições rubro-negras.
Não é a toa que o Flamengo pelo
segundo ano consecutivo realiza a principal contratação do futebol brasileiro
sem comprometer uma vírgula de seu orçamento. Problemas como a escalação do
Marcio Araújo e Chiquinho são microscópios se compararmos com a revolução que
está sendo realizada fora das quatro linhas pelo clube.
Em breve poderei dizer aos meus
futuros filhos que vivenciei os anos da revolução e de que eles poderão
comemorar os próximos gols e títulos bem alto, no volume máximo que a garganta
aguentar, sem precisar se incomodar com mais nada.
O gigante Flamengo acordou e
dessa vez veio para ficar.
http://balancodabola.blogspot.com.br/2016/07/flamengo-junho2016-graficos.html