Willian Arão - O destaque |
E o Flamengo saiu do estádio do Arruda com mais três pontos na carteira. Que é que vale. Sem espetáculo. Aliás, quer ver espetáculo vá ao Teatro Municipal, não o Flamengo de Zé Ricardo. Um técnico interino que vem organizando taticamente o time do Flamengo, embora escolhendo, ao meu ver, mal o esquema tático e o elenco a aplicá-lo. Coincidentemente ou não, é o mesmo time que seu auxiliar técnico Jayme, mais experiente e com voz ativa a nível desconhecido mas potencialmente perigosa, infelizmente colocaria em campo.
O Primeiro tempo, apesar do gol e de algumas oportunidades que o Flamengo fez questão de isolar, foi bem ruim. Rodinei, péssimo, distraído, junto com Cirino que errava todos os lances. Jorge e Everton competiam, pelo outro lado do campo, qual era pior dupla. Displicência, erros em série de posicionamento e erros de passe. Na frente Vizeu literalmente sumiu. Sua função deve ser tática ("Prende os zagueiros deles quando tiverem atacando!") e só. No meio, Marcio Araújo no seu usual desfile de mediocridade em campo. Não se posicionava nunca para uma transição rápida para frente. Flamengo excessivamente dependente do tirocínio do Arão e da visão de jogo do Alan Patrick que distribuía bons passes na meia, embora com aproveitamento ruim dos jogadores do Flamengo.
Santa Cruz, então, mesmo com elenco tecnicamente inferior, avançou bem suas linhas do meio para o fim do primeiro tempo, e teve predomínio do jogo, chegando com muita facilidade ao gol do Muralha, que fez, mais uma vez, uma ótima partida. Flamengo, muito desorganizado, lembrava bem aqueles momentos fúnebres sob a direção do Jayme. Mas saiu ganhando no primeiro tempo, graças ao belo gol do Arão, em chute de longa distância pegando o goleiro adiantado. Deve ter sido o único chute que foi pro gol que o Flamengo deu em toda partida.
No segundo tempo, Flamengo acertou a marcação pelas laterais, mas não a falta de inteligência de jogada de ataque pelas pontas. Até porque com Everton e Cirino não se deve ter grandes esperanças. Santa Cruz passou a ir pro ataque, ,estava perdendo e o Zé Ricardo substituiu Vizeu pelo Cuellar, garantindo assim, mais marcação pelo meio e ganhando também mais um para se posicionar e fazer transição. O problema é que o ataque continuava nulo com nossos pontas que não funcionam. Santa Cruz passou a pressionar, mas, da forma "arame liso", cercando sem machucar, sem criar grandes chances de gol. Flamengo, vivendo perigosamente, atraía o adversário para seu setor defensivo para poder armar contra-ataques que só existiam no mundo das idéias. Zé Ricardo, portanto, mostrou-se um aprendiz de técnicos com este perfil do "1x0 é goleada". Um Zagalo redivivo. Muricy. Joel. Enfim, ao menos no segundo tempo viu-se um setor defensivo organizado, bem arrumado. Rodinei e Jorge se encontraram e o meio deixou de ser a peneira que o Santa Cruz atravessava.
Mas, ironicamente, acabou que a melhor chance de gol do segundo tempo veio de uma falha do Cuellar, o tão lastimado como reserva do controvertido Marcio Araujo. Cuellar vacilou em um lance, e o atacante do Santa Cruz recuperou a bola e avançou livre para grande defesa do Muralha. Mostrando o quanto perdemos com um goleiro bem fraco como Paulo Vitor no gol. Espero que seja efetivado como reserva. Mas Zé Ricardo sinalizou que o pode colocar em breve como titular. Para os que se espantam com este absurdo lembrem-se que seu auxiliar é o Jayme. Esperem sempre o pior.
Enfim, quanto a ainda interinidade do Zé Ricardo, concordo com ela. Mostrou que falta muito a ele ainda para fazer do Flamengo um time à altura do potencial do elenco. Embora, claro, haja melhores sensíveis em relação a terra arrasada encontrada antes dele. Mas no momento me parece que conseguiria fazer do time qualificado, ao final do campeonato, para estar ali pelo G8, G10. Melhor que estaria com Muricy? Sem dúvida. Mas para mim com um técnico bom e experiente poderíamos sim conseguir G4, classificando-se para a Libertadores.