O obtuso |
Muito tempo de treinamento não resolveram os problemas já notados por todos na execução deste esquema. Precisa de jogadores que saibam jogar como sanfonas. Recuando e expandindo em sintonia. Abrindo e recuando com a necessidade. Se aproximando e dando opções. Não sei como são os treinamentos feitos pelo Muricy Ramalho, mas em campo as execuções são pífias. Mancuello, que deveria, supostamente, organizar mais o jogo fica meio perdido em campo. Arão se manda pela direita para perto da linha de ataque ocupando espaços que poderiam ser de quem atua pela direita, como o Cirino, que se limita a ficar mais aberto e muitas vezes, recuado. O que atrapalha a movimentação do Rodinei pela lateral direita. Pela esquerda, Fernandinho, o recém-contratado a pedido pelo Muricy e alegremente negociado pelo Rodrigo Caetano, livrando o Grêmio, time onde atuou, de carregar mais este fardo. Como previsto por qualquer um com o mínimo conhecimento de futebol, Fernandinho não jogou nada. Afoito, não passa para ninguém, conduz a bola de cabeça baixa e chuta muito mal. Resultado? Ninguém mais passava a bola para ele, claro. Isolado na ponta esquerda poderia mandar stickers pelo Telegram que ninguém daria a mínima. Jorge avançou pouco também, ocupado que estava em cobrir a defesa, Quanto ao Cuellar, nosso cavaleiro solitário, teve que aguentar praticamente sozinho a carga na entrada da área. Arão se mandava. Wallace e Juan recuavam mais.
Enfim, o Flamengo, neste esquema, são como duas unidades independentes. Defesa e ataque. Distantes entre si com baixo acoplamento. Não há o dinamismo no deslocamento que é observado nos times europeus que seguem o esquema. O Flamengo joga congelado nas posições. Evidente que não dá certo. Mas Muricy insiste. E fico pensando, cá comigo, até onde vai a culpa, neste sentido do Departamento de Futebol, que obviamente deve demais a tudo e todos, se este, ao menos hipoteticamente, dá todas as condições para o técnico desenvolver seu trabalho, um técnico conceituado, e ele simplesmente entrega um trabalho abaixo de qualquer crítica? Precisa esperar para ver o andamento do trabalho? Ou ainda dá tempo de demiti-lo e contratar outro para "salvar" o Brasileiro com o time adotando um esquema que simplesmente dê para jogar organizado e eficiente?
Vejamos o sucesso dos times brasileiros que passaram de fase nas Libertadores. Ambos de técnicos estrangeiros e sabemos todos que o nível técnico de nossos treinadores brasileiros, fazendo uma analogia, são do padrão PV-Wallace para baixo. Muricy, pode ser, que já seja passado. Seu tempo acabou. Vale insistir? Realmente é uma decisão muito difícil. Eu demitiria, para deixar registrado.
Mas no jogo, continuando, vimos problemas de sempre. No primeiro gol do Fortaleza, Wallace vai com a "perna mole" na bola, jogador passa facilmente, vai na direção do gol e PV sai mal. Ele só deu um toquinho para desviar com Juan correndo tentando evitar. Flamengo perde uns gols, Fortaleza outro, e no segundo tempo, Guerrero deixa o seu. Flamengo passa a jogar melhor, aparentemente Fortaleza cansou da correria de contra-ataques. Mas em um lance em que o jogador do Fortaleza recebe a bola no canto da grande área, dribla 1,2,3 vê o gol escancarado e chuta forte no centro do gol que nosso goleiro de braço curto não alcançou. Gol de comercial. Parecia até ensaiado de tanta facilidade em fazer dribles simples e se colocar em posição de chute. Fortaleza 2 x 1.
Por outro lado, neste jogo, diferente do anterior contra o Vasco, em que tomou o segundo gol e desabou em campo, ao menos neste o time reagiu. Criou boas oportunidades que proporcionou duas boas defesas do goleiro Ricardo Berna, ex-Fluminense. Todo goleiro é melhor que PV em qualquer partida que o Flamengo jogue. É impressionante o quanto nosso goleiro é sempre pior em comparação com qualquer outro. E na última oportunidade, cruzamento para pequena área, e o Flamengo perde um gol a lá Deivid. Jogadores se enroscaram e ninguém esticou a perna para meter a bola para dentro. Enfim, seria um empate quase que imerecido. Fortaleza, um time bem fraquinho, sem nada demais, ao menos era organizado dentro de suas limitações e o Flamengo, de nítida qualidade técnica superior, estava muito, mas muito desorganizado. Muito aquém do tanto trabalho e investimento que é colocado para melhor performance.
Recomendaria demais ao Muricy voltar ao esquema que proporcionou ao Flamengo as melhores partidas deste ano, o 4 4 2. Equilibrado, simples, jogadores entendem e compõe e recompõe com facilidade. Mas Muricy não quer. Desde a surra que tomou do Barcelona pela Santos nunca esqueceu. E este trauma do Muricy está sendo nossa desgraça.