Irmãos rubro-negros,
o Conselho Deliberativo do Flamengo votou ontem a destinação de parte das luvas do contrato de TV recentemente aprovado para quitar a dívida com o Consórcio Plaza.
São os esqueletos que ainda saem do armário, verdadeiras bombas deixadas pelas gestões anteriores.
Esse caso do Consórcio Plaza é emblemático do modus operandi que vigorou no Flamengo até alguns anos atrás, em que os dirigentes, em ver de servirem ao clube, dele se serviam.
Por causa de seis milhões de reais gastos na contratação do Edmundo, que não ficou nem dez meses no Flamengo, o clube agora terá de desembolsar algo em torno de sessenta milhões de reais.
E a explicação do ex-presidente? Você começa a ler, daí tem um negócio de shopping e estádio na Gávea, daí entra uma troca com o Júnior Baiano e depois de dois ou três parágrafos já não se entende mais nada.
É proposital: não se deseja que a transação, altamente lesiva ao clube, seja realmente compreendida.
E o mais revoltante, amigos, é o sujeito dizer que não sabia que o clube estava sendo processado, que ninguém lhe avisou nada, pois ele poderia explicar tudo direitinho em juízo.
Sem-vergonha é um adjetivo eufemístico para definir a pessoa.
Mas nossas agruras não terminam no Consórcio Plaza, não.
Temos que enfrentar ainda o "irretocável" contrato feito com o Ronaldinho Gaúcho, pelo qual, após três meses de inadimplemento, ele poderia executar o valor integral do ajuste.
E ele executou.
A instituição, assim, do dia para a noite, viu-se devedora de quarenta, cinquenta milhões de reais.
Esse é o grande legado dos ex-presidentes que celebraram os referidos contratos.
Cem, cento e cinquenta milhões de reais, patrimônio sagrado do clube, indo para o ralo.
É evidente que a crítica aqui feita não exime a diretoria atual de receber os apupos que lhe são devidos pela péssima condução do futebol do Flamengo.
Mas convenhamos, é muito complicado gerir uma instituição que, malgrado gigantesca e inigualável, tem, a cada esquina, que deparar com verdadeiras armadilhas colocadas por quem deveria, antes de tudo, zelar pelos seus interesses.
E o clube, financeiramente asfixiado, constata, impotente, que a sua capacidade de investimento vai sendo minada pelos negócios altamente danosos celebrados em seu nome.
Triste realidade, que, embora faça parte do nosso passado recente, deve ser lembrada e relembrada, a fim de que tais práticas jamais se repitam.
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E o longo Campeonato Carioca finalmente vai chegando à sua reta decisiva.
Após uma infinidade de jogos burocráticos, a aproximação da fase final traz novo ânimo.
O Flamengo, porém, ainda não está garantido na fase final do Carioca.
Falta vencer o Bangu, na última rodada da segunda fase de grupos (até essa tradição a Ferj esvaziou: já não há mais Taça Guanabara ou Taça Rio, reduzidas à mera formalidade terminológica, mas "primeira e segunda fase de grupos").
Ultrapassado esse desafio, o Flamengo não pode escolher adversário; quem vier, terá de ser derrotado.
E parece que as finais serão no Maracanã, o que denota o baixíssimo nível moral que rege hoje a política partidária e futebolística no Rio de Janeiro.
Mas isso agora não interessa.
Preparemos o bolso e o coração. O Flamengo vai decidir mais um título.
Que a glória seja nossa.
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Abraços e Saudações Rubro-Negras.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.