Salve Buteco! O Fla-Flu de ontem, no Pacaembu, foi muito ruim, uma injustiça para a vibrante e fiel torcida rubro-negra paulista. Com um público semelhante ao Fla-Flu disputado em Brasília há quase um mês atrás, o clássico dos clássicos brasileiros dessa vez deixou muito a desejar no aspecto técnico por ambas as equipes, o que talvez seja fruto da exaustiva maratona de jogos a que ambas vêm sendo submetidas. O Fluminense me pareceu ter começado melhor em ambas as etapas; no primeiro tempo, com o nosso Cuéllar tendo dificuldades para marcar Diego Souza e no segundo tempo errando alguns passes, fugindo do seu correto padrão técnico. Todavia, pareceu-me que a tônica do jogo foi o Flamengo no campo do Fluminense, porém com sua segunda linha de quatro funcionando mal, sejam os pontas, sejam os meias internos. Os passes não saíram e o jogo foi muito truncado, resultando em mais uma atuação com Guerrero isolado na frente. O Fluminense ameaçou em contra-ataques rápidos e na bola aérea, quando Cícero quase abriu o placar no primeiro tempo em um lance de indecisão de Willian Arão e Wallace. Em linhas gerais, achei que o sistema defensivo funcionou melhor do que no último Fla-Flu, tendo Paulo Victor feito uma boa partida, assim como Diego Cavalieri pelo lado tricolor, em um Fla-Flu no qual o Mais Querido finalizou um maior número de vezes.
Houve reclamações no estádio em relação a Marcelo Cirino, segundo informou a transmissão da Rede Globo, e nas redes sociais em relação a Emerson Sheik. Todavia, observo que os pontas, em que pese terem irritado mais a torcida pela quantidade de lances perdidos, foram mais voluntariosos e participativos em um jogo truncado e de baixo nível técnico. Emerson Sheik, por exemplo, sofreu duas faltas importantes não assinaladas pelo árbitro Rodrigo Carvalhaes. Vários torcedores esperavam que Ederson permanecesse em campo, mas deve-se ponderar que foi menos participativo que os pontas e também errou passes, apesar de ter sido importante na bola parada. Como se não bastasse, ainda segundo a transmissão da Rede Globo, permaneceu em campo exatos cinco minutos a mais do que na partida contra o Confiança, o que permite imaginar que a sua volta está obedecendo um cronograma planejado, dentro da cuidadosa filosofia implantada pela Comissão Técnica, que vem tendo inegável sucesso na prevenção de contusões. Calculo que cuidado semelhante esteja sendo tomado com Alan Patrick.
Por outro lado, os torcedores não deixam de ter razão quando indagam ao treinador Muricy Ramalho por que não utilizou todas as substituições, dado que a maratona é exaustiva e quarta-feira o time disputará uma partida decisiva contra o Atlético/PR pela semifinal da Primeira Liga. A torcida deveria levar em conta, em contrapartida, que o normal é o treinador escalar os jogadores em melhores condições e tentar acertar o time.
Enfim, acho muito cedo para condenar o esquema (4-1-4-1 e não 4-3-3!) e mesmo os jogadores. O time já jogou bem com esse esquema tático. Ainda que algumas críticas, como a do amigo @bittencourt23, sejam pertinentes, no sentido de que há muitos jogadores "carregadores de bola" no time e poucos "pensantes", o trabalho deve ser julgado a longo prazo, até porque as circunstâncias são bastante difíceis e nem todos os jogadores estão no mesmo patamar em nível de condições físicas, o que certamente influi na escalação. Ao menos temos um time organizado dentro de campo, em que pese não ter apresentado um bom futebol nas últimas partidas.
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O Pacaembu mostrou que pode ser uma ótima alternativa para o Flamengo durante o ano de 2016. Comparando com Brasília, São Paulo talvez perca no quesito número de sócios-torcedores, mas ainda assim é uma região com enorme número de torcedores rubro-negros, certamente de alto poder aquisitivo, e de localização central, considerando o eixo sudeste, e de logística incomparável, em razão da infra-estrutura aeroviária e rodoviária. O custo operacional tende a ser mais barato e o desgaste das viagens também tende a ser minimizado.
É claro que isso não significa que Brasília não deva ser utilizada, assim como Juiz-de-Fora, por exemplo. Todavia, por razões óbvias, inclusive porque o Flamengo não terá a concorrência dos grandes paulistas para utilizá-lo, o Pacembu aparece como uma solução bem mais racional, especialmente pelas constantes viagens que parecem estar aumentando o desgaste físico do elenco. Salvo outro ataque de venalidade da CBF e da FFERJ, bastaria a Diretoria se acertar com as autoridades paulistas de segurança pública com base no calendário dos grandes locais.
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Independentemente da solução para 2016, acredito que já passou do momento de aceitar o fato de que o Maracanã jamais será "do Flamengo" e nem por ele administrado. É mais do que necessário partir para a aquisição de um terreno e a construção de um estádio próprio, adquirindo a tão sonhada independência e atingindo um novo patamar na história do clube. É importante ocasionalmente atender algumas praças e prestigiar a Nação espalhada por todo o Brasil de dimensões continentais, o que é bem diferente de termos um Flamengo cigano, como vem ocorrendo.
Maratona de jogos, multiplicidade de estádios, contusões e recuperação de importantes jogadores, viagens constantes, arbitragens desfavoráveis, briga política com a FFERJ e a CBF, tudo isso forma um contexto extremamente negativo. À medida em que o time enfrenta a parte mais difícil do calendário no primeiro semestre e a qualidade das apresentações diminui, o treinador expõe o problema e começa a ser criticado pela torcida, curiosamente após três meses de trabalho, média histórica de duração dos treinadores no clube há muitos anos, inclusive na gestão Eduardo Bandeira de Melo.
Bem ou mal, é o melhor treinador que o Flamengo tem em anos. Voltar para a ciranda tri/quadrimestral seria um retrocesso desastroso. Cabe à Diretoria resolver o problema apontado por Muricy ou, mudando a postura do último triênio, efetivamente prestigiá-lo e trabalhar a longo prazo, sendo coerente com o discurso e suportando a pressão de sua exausta e impaciente torcida.
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Maratona de jogos, multiplicidade de estádios, contusões e recuperação de importantes jogadores, viagens constantes, arbitragens desfavoráveis, briga política com a FFERJ e a CBF, tudo isso forma um contexto extremamente negativo. À medida em que o time enfrenta a parte mais difícil do calendário no primeiro semestre e a qualidade das apresentações diminui, o treinador expõe o problema e começa a ser criticado pela torcida, curiosamente após três meses de trabalho, média histórica de duração dos treinadores no clube há muitos anos, inclusive na gestão Eduardo Bandeira de Melo.
Bem ou mal, é o melhor treinador que o Flamengo tem em anos. Voltar para a ciranda tri/quadrimestral seria um retrocesso desastroso. Cabe à Diretoria resolver o problema apontado por Muricy ou, mudando a postura do último triênio, efetivamente prestigiá-lo e trabalhar a longo prazo, sendo coerente com o discurso e suportando a pressão de sua exausta e impaciente torcida.
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Como sempre, gostaria de ler as ponderações d@s amig@s quanto aos temas que abordei e, especialmente, as perspectivas para a partida de quarta-feira contra o Atlético/PR pela Primeira Liga, em Juiz-de-Fora, as 21:45h.
Bom dia e SRN a tod@s.