Irmãos rubro-negros,
o jogo de quarta-feira passada foi uma enorme decepção para todos nós.
A insatisfação é ainda maior por se tratar de um fato repetido: basta o adversário entrar firme, jogar duro, tentar se impor pela força, que o time hesita, afrouxa, sucumbe.
Quarta-feira, infelizmente, consistiu em mais um vexame para a conta.
Não sei sinceramente o que pode ser feito para modificar isso. É certo que o clube não fará novos investimentos no elenco; no máximo, talvez, mais um zagueiro.
Então, amigos, o elenco para o ano é este mesmo que jogou na quarta-feira.
Minha preocupação é menos pela qualidade individual dos atletas, que não é grande, mas também não é tão inferior assim aos adversários.
A grande questão, na minha modesta opinião, é a falta de élan, entusiasmo, brio, desejo de briga, se a situação assim o exigir.
O time atual carece gravemente desses atributos que, tanto ou mais que a técnica, são imprescindíveis para formar uma equipe vitoriosa.
Terá Muricy Ramalho a capacidade de incutir no elenco o desejo de vencer?
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Presidente Eduardo Bandeira de Mello, o senhor tem feito um bom trabalho de articulação junto a outros clubes, na luta pela moralização do futebol brasileiro; o senhor encabeça uma diretoria que tem desenvolvido um trabalho ímpar, histórico, em relação à estrutura do Clube de Regatas do Flamengo; o senhor tem se portado de modo sóbrio, sensato, elegante.
Mas o senhor agiu muito mal, praticou ato deveras reprovável, ao trocar ofensas com um torcedor do Flamengo no estádio Batistão, em Aracaju.
Não é papel adequado ao cargo ocupado pelo senhor.
A torcida prestou todo apoio e carinho desde o momento em que a delegação do Flamengo pisou em solo sergipano.
E como retribuição, o time sofreu um revés humilhante.
O torcedor tem o direito de, pacificamente, expressar sua indignação. É parte do pacote. E das mais saudáveis.
Portanto, presidente, reflita sobre o episódio e compreenda que o mais alto posto na hierarquia do Flamengo impõe respeito e consideração ao torcedor rubro-negro.
Se houve vexame dentro de campo, também houve fora dele.
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Absterei-me de opinar sobre o assunto, embora os amigos saibam o que penso a respeito.
Apenas peço, incluindo-me nos destinatários, que mantenhamos a cordialidade aqui no Buteco.
Que não deixemos que o ambiente de grande convulsão política e popular nos influencie.
Será inevitável que o tema político permeie os debates. Não tem jeito. É até desejável que isso ocorra.
Ninguém precisa encarar o contexto político como um avestruz.
Todavia, que o debate limite-se ao campo das idéias.
Que sejam peremptoriamente evitadas as ofensas.
Somos Flamengo. Somos rubro-negros. Fazemos parte de uma fraternidade.
O Sagrado Pavilhão Vermelho e Preto abriga sob as suas cores a todos nós, com nossas diferenças e semelhanças, nossas qualidades e imperfeições.
Eu acho que o Flamengo e o Buteco do Flamengo são exemplos do Brasil que dá certo.
Eu sinto grande orgulho de compartilhar este espaço com pessoas tão especiais.
O Buteco nos proporciona diariamente uma lição de tolerância e respeito.
É a prova cabal de que a Nação Rubro-Negra é a maior e melhor torcida do mundo.
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Amigos, foi com profundo pesar que eu soube, ontem à noite, do falecimento de Luís Carlos Tóffoli, mais conhecido como Gaúcho.
Camisa nove, artilheiro nato, ele conquistou com a camisa do Flamengo a Copa do Brasil de 1990, o Campeonato Carioca de 1991 e o Campeonato Brasileiro de 1992.
Formou, com Júnior, a liderança que conduziu o Mengo a grandes conquistas no período.
Quem viveu intensamente aqueles anos, como eu, viveu Gaúcho.
Nunca me esquecerei do gol marcado por ele no antológico Flamengo 3x1 Santos, pelo Brasileiro de 1992, que garantiu ao Mais Querido vaga na final, na qual vencemos o Botafogo em dois jogos históricos e conquistamos o Pentacampeonato.
Gaúcho escreveu seu nome na história do Clube de Regatas do Flamengo.
Descanse em paz.
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Abraços e Saudações Rubro-Negras.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.