"Tem que ser selado, registrado, carimbado
Avaliado, rotulado se quiser voar!"
Raul Seixas
Coloca o calção, veste a meia, põe as chuteiras. O aquecimento foi feito. Jogo. Scouts, números, GPS's, cameras 1, 2, 3...comentaristas, narradores, torcedores na internet, na rádio, nas esquinas. Seu nome na boca do povo e todos seus movimentos em campo espalhados em footstats, squawkas, whoscoreds, e outros aplicativos de análise. É mapa de calor, número de passes certos, errados, finalizações, velocidade, é o mundo do video game transplantado pro jogo. Analistas, estudiosos, técnicos programando novas abordagens e cálculos diferenciados. O jogador é sondado, avaliado, remexido, disposto em planilhas para que alguém soberano diga "Não serve", sem jamais ter assistido uma partida. O jogador sabe disso. Recebe informações em seus tablets. Talvez com indicações em vermelho dizendo onde "está mal". Bom para começar a semana.
O técnico olha torto. Tem experiência de jogo. Preciso saber o mapa de calor de um jogador que não me obedece? Se pergunta. Precisa. Porque o jogador para entrar no "Mundo" de negociações precisa ter seus índices expostos. O treinador precisa "conhecer". Precisa apreender com as informações que o sistema retorna, com que o analista diz, que estuda mil cameras, posicionamentos, chutes e direção, o que o software diz.
Futebol científico, especializado. Fisiologia de alto nível. Equipamentos hiperbáricos, intergaláticos, de forma, resistência, recuperação, análise físico motora. Treinamentos especializados para operá-los, para trabalho de preparadores físicos e conhecimento de comissão técnica.
Alimentação balanceada, controlada, sem snacks, sem fast-food, sem refrigerante, águas, sucos, verduras, hora certa para isto e aquilo. O atleta é uma instalação, uma obra de alto nível. Músculos monitorados, articulações, pisadas, análise de força.
Computadores, armazenamento em cloud, estudos, reuniões, equipamentos complexos de medições. Centro de Treinamento implementando-se já com a cultura necessária de uso ótimo do fisiologismo de última ponta.
Jogadores caros, monitorados. Estrutura cara. Tudo tem preço alto. Delegações, comissões técnicas, jogadores. Futebol se profissionalizando ao extremo.
E do outro lado, entidades amadoras e abjetas como CBF e FERJ.