terça-feira, 15 de março de 2016

Alguns Elementos da Gestão de um Estádio

Muito se fala sobre estádio para o Flamengo, porém pouco se comenta sobre a gestão e o funcionamento do mesmo, da operação. São inúmeros fatores e condicionantes que influenciam desde a qualidade do campo até o atendimento ao público dentro de um estádio de futebol e está longe de ser uma tarefa simples, há custos. Duas semanas atrás, Mauro César Pereira da ESPN Brasil trouxe no ar a informação de que o custo operacional do Novo Maracanã foi de 23MM de Reais em 2015, sem contar os dias de jogos, já que nos dias de jogos, estes custos são divididos com quem aluga o estádio. Ao menos foi isso que entendi do relato. Caro.

Para uma construção projetaria toda a iluminação do estádio por LED (exceto os refletores) e sensores de presença, captação de água e energia solar e eólica, utilização de energia por gás natural, assim quando existir algum problema de abastecimento elétrico, o gás natural serviria como um gerador de energia suplementar. Buscaria como meta os selos de eficiência energética e selos verdes. Existem outros aspectos a se considerar como a diminuição dos custos e a economia energética e o principal é que haja planejamento e novas alternativas.

O Flamengo assume custos para jogar no Novo Maracanã, o mesmo vale para os outros clubes, que se somados a outros penduricalhos inclusos em borderôs das partidas e/ou embutidos no contrato com o consórcio tornam o estádio caro. Vejo com clareza o quanto o Maracanã é prejudicial ao Flamengo, com suas taxas excrescentes. O estádio é o mais caro do Brasil. É o exemplo aqui por ser o mais nítido, mas poderia ser outro estádio. Como é uma nova arena, o consórcio se torna mais um “penduricalhos” na gestão, nos custos. Coisa que se os clubes teriam evitado se tivessem sido autorizados a entrar na licitação de concessão.


O modelo atual do Maracanã (com o contrato em vigor e a concessão) é ruim para o Flamengo, que deve pensar em alternativas viáveis. vem pensando, como observamos pela imprensa em relação aos jogos fora da cidade, neste momento. Ter que sustentar todos os pesados borderôs, com todos os seus dependentes é tarefa difícil. Se já não bastasse a farra das gratuidades e meias-entradas, a FERJ, os Escoteiros (você não leu errado!), os ex-atletas (FUGAP) e cronistas esportivos (Acerj), chegou mais um faminto para dividir o bolo solado, que é o Consórcio Maracanã S/A. Pesado.

Passando para a questão prática, o funcionamento do estádio em si, será fundamental que se monte um centro integrado de planejamento e controle, para partidas e eventos de qualquer modalidade em que o clube seja anfitrião. Quando se fala em suporte, o controle das operações vem pelo Centro de Comunicação da Instalação (estádio), o Plano Diário de Atividades e o Mapa de Controle Por Rádio. Criada, testada e aprovada pelo COI nos Jogos de 2012, utilizada nos eventos testes dos jogos olímpicos e nos jogos de 2016. Abaixo os exemplos do plano.

Exemplo do plano de atividades do dia anterior à partida. Utilizei como exemplo hipotético a estreia do Flamengo no Campeonato Brasileiro de 2016, contra o Sport Recife (como seria). Abaixo o Plano de Atividades do Matchday.

O Centro de Comunicação da Instalação (estádio) é o contato entre as áreas funcionais que estão em canais separados, ele monitora o tráfego e registra as ocorrências, trabalha como facilitador para solicitações entre usuários que não estejam alocados no mesmo grupo de conversa, fornecendo informações às áreas funcionais. Existe uma terminologia para a comunicação entre áreas funcionais, para alertas e para que se evite linguagem nociva, como exemplo comunicar que há um “distúrbio” em caso de briga ou protesto envolvendo as pessoas dentro da instalação.

O objetivo seria o de trabalhar de modo eficaz com as áreas funcionais e grupos de atores no desenvolvimento de planos, ferramentas, sistemas, políticas e procedimentos, gerando um processo centralizado e integrado de planejamento, desenvolvimento e execução das instalações, mitigando riscos, avaliando a segurança e vulnerabilidades para que os planos sejam adequados, executados e fiscalizados através de relatórios em tempo real.

Todas essas Áreas Funcionais reportam questões ou problemas na parte final do turno de trabalho, e o responsável pelo relatório é o líder da área funcional. Há apenas um líder de área funcional, neste canal, por motivos óbvios, mas nada impede que se tenha mais de um no mesmo canal. Sem querer me estender sobre os protocolos de comunicação, todo e qualquer rádio (para área funcional) tem um codinome, pelo qual é chamado dentro do canal. Exemplo: O Gerente de Médico da Instalação tem o codinome Médico 1, assim como o Enfermeiro do Posto médico, que é denominado como Enfermeiro 1, como em todas as áreas.

Para que a comunicação funcione, os rádios são distribuídos dentro das áreas funcionais em canais específicos para que todos se comuniquem entre si e com o centro de comunicação. Para exemplificar, demonstrarei tabelas de dois canais diferentes: o de Bilhetagem e atendimento ao público e o médico. A forma de comunicação mais direta é via rádio e o controle é feito por gestores, chefes de áreas funcionais que ficam agrupadas em blocos de comunicação, podendo um líder de área funcional estar eventualmente em mais de uma área, duas no máximo.

No dia da operação, estes gerentes que geralmente estão em funções de planejamento trabalharão diretamente na execução do trabalho, com o objetivo de que tudo funcione como o planejado. Para isso é necessário que as mensagens sejam claras, objetivas e sem grande alarme, já que os rádios ficam “abertos” dentro da instalação, portanto pessoas comuns, expectadores podem ouvir eventualmente o que está se passando. A mensagem é clara, porém passada por códigos que dão segurança às ações, mãos que não tem grande complexidade.

Todos os envolvidos cumprem a uma programação que é planejada e a execução desse planejamento do uso da instalação se dá por meio do Plano de atividades. É possível que se visualizem as ações do pré-jogo e do Matchday. No caso dos eventos-teste, e dos Jogos Olímpicos, o trabalho se inicia dias antes do evento principal. Essa é uma das ferramentas mais importantes para a execução da programação, para que nada dê errado, da melhor forma de se promover eventos no estádio. A melhor forma de operação e suporte. Espero que o Flamengo observe a esses assuntos e a outros não mencionados estando no Maracanã ou em qualquer outro estádio que venha operar. De preferência já como Casa do Flamengo. A complexidade destas operações devem estar no foco de qualquer promotor de evento ou mandante de partidas, trouxe algumas (poucas) questões para o texto. Será que estão no foco? Vale a reflexão.