Muito se fala sobre estádio
para o Flamengo, porém pouco se comenta sobre a gestão e
o funcionamento do mesmo, da operação. São inúmeros fatores e condicionantes que influenciam
desde a qualidade do campo até o atendimento ao público dentro de um estádio de futebol e está longe de ser uma tarefa simples, há custos. Duas semanas atrás,
Mauro César Pereira da ESPN Brasil trouxe no ar a informação de
que o custo operacional do Novo Maracanã foi de 23MM de Reais em
2015, sem contar os dias de jogos, já que nos dias de jogos, estes
custos são divididos com quem aluga o estádio. Ao menos foi isso
que entendi do relato. Caro.
Para uma construção projetaria toda a iluminação
do estádio por LED (exceto os refletores) e sensores de presença,
captação de água e energia solar e eólica, utilização de
energia por gás natural, assim quando existir algum problema de
abastecimento elétrico, o gás natural serviria como um gerador de
energia suplementar. Buscaria como meta os selos de eficiência energética e selos verdes. Existem outros aspectos a se considerar como a diminuição dos
custos e a economia energética e o principal é que haja planejamento
e novas alternativas.
O Flamengo assume custos para jogar no Novo Maracanã, o mesmo vale para os outros clubes, que se somados a outros penduricalhos inclusos em borderôs
das partidas e/ou embutidos no contrato com o consórcio tornam o estádio caro. Vejo com clareza o quanto o Maracanã é prejudicial
ao Flamengo, com suas taxas excrescentes. O estádio é o mais caro
do Brasil. É o exemplo aqui por ser o mais nítido, mas poderia ser outro estádio. Como é uma nova arena, o consórcio se torna mais um “penduricalhos” na gestão, nos custos. Coisa que se os clubes teriam evitado se tivessem sido autorizados a entrar na licitação de concessão.
O
modelo atual do Maracanã (com o contrato em vigor e a concessão) é ruim para o Flamengo, que deve pensar em alternativas viáveis. vem pensando, como observamos pela imprensa em relação aos jogos fora da cidade, neste momento. Ter que sustentar todos os pesados borderôs, com todos os seus
dependentes é tarefa difícil. Se já não bastasse a farra das
gratuidades e meias-entradas, a FERJ, os Escoteiros (você não leu
errado!), os ex-atletas (FUGAP) e cronistas esportivos (Acerj),
chegou mais um faminto para dividir o bolo solado, que é o Consórcio
Maracanã S/A. Pesado.
Passando para a questão prática, o funcionamento do estádio em si, será
fundamental que se monte um centro integrado de planejamento e
controle, para partidas e eventos de qualquer modalidade em que o
clube seja anfitrião. Quando se fala em suporte, o controle das
operações vem pelo Centro de Comunicação da Instalação
(estádio),
o Plano Diário de Atividades e o Mapa de Controle Por Rádio.
Criada, testada e aprovada pelo COI nos Jogos de 2012, utilizada nos
eventos testes dos jogos olímpicos e nos jogos de 2016. Abaixo os
exemplos do plano.
Exemplo do plano de atividades
do dia anterior à partida. Utilizei como exemplo hipotético a estreia do
Flamengo no Campeonato Brasileiro de 2016, contra o Sport Recife (como seria).
Abaixo o Plano de Atividades do Matchday.
O
Centro
de Comunicação da Instalação (estádio) é
o contato entre as áreas funcionais que estão em canais separados,
ele monitora o tráfego e registra as ocorrências, trabalha como
facilitador para solicitações entre usuários que não estejam
alocados no mesmo grupo de conversa, fornecendo informações às
áreas funcionais. Existe uma terminologia para a comunicação entre
áreas funcionais, para alertas e para que se evite linguagem nociva,
como exemplo comunicar que há um “distúrbio” em caso de briga
ou protesto envolvendo as pessoas dentro da instalação.
O objetivo seria o de
trabalhar de modo eficaz com as áreas funcionais e grupos de atores
no desenvolvimento de planos, ferramentas, sistemas, políticas e
procedimentos, gerando um processo centralizado e integrado de
planejamento, desenvolvimento e execução das instalações,
mitigando riscos, avaliando a segurança e vulnerabilidades para que
os planos sejam adequados, executados e fiscalizados através de
relatórios em tempo real.
Todas essas Áreas Funcionais
reportam questões ou problemas na parte final do turno de trabalho,
e o responsável pelo relatório é o líder da área funcional. Há
apenas um líder de área funcional, neste canal, por motivos óbvios,
mas nada impede que se tenha mais de um no mesmo canal. Sem querer me
estender sobre os protocolos de comunicação, todo e qualquer rádio
(para área funcional) tem um codinome, pelo qual é chamado dentro
do canal. Exemplo: O Gerente de Médico da Instalação tem o
codinome Médico 1, assim como o Enfermeiro do Posto médico, que é
denominado como Enfermeiro 1, como em todas as áreas.
Para
que
a comunicação funcione, os rádios são distribuídos dentro das
áreas funcionais em canais específicos para que todos se comuniquem
entre si e com o centro de comunicação. Para exemplificar,
demonstrarei tabelas de dois canais diferentes: o de Bilhetagem e
atendimento ao público e o médico. A forma de comunicação mais
direta é via rádio e o controle é feito por gestores, chefes de
áreas funcionais que ficam
agrupadas em blocos de comunicação, podendo um líder de área
funcional estar eventualmente em mais de uma área, duas no máximo.
No
dia da operação, estes gerentes que geralmente estão em funções
de planejamento trabalharão diretamente na execução do trabalho,
com
o objetivo de que tudo funcione como o
planejado. Para
isso é
necessário que as mensagens sejam claras, objetivas e sem grande
alarme, já que os rádios ficam “abertos” dentro da instalação,
portanto pessoas comuns, expectadores podem ouvir eventualmente o que
está se passando. A mensagem é clara, porém passada por códigos
que dão segurança às ações, mãos que não tem grande
complexidade.
Todos os envolvidos cumprem a
uma programação que é planejada e a execução desse planejamento
do uso da instalação se dá por meio do Plano de atividades. É
possível que se visualizem as ações do pré-jogo e do Matchday. No
caso dos eventos-teste, e dos Jogos Olímpicos, o trabalho se inicia
dias antes do evento principal. Essa é uma das ferramentas mais
importantes para a execução da programação, para que nada dê
errado, da melhor forma de se promover eventos no estádio. A melhor
forma de operação e suporte. Espero que o Flamengo observe a esses
assuntos e a outros não mencionados estando no Maracanã ou em
qualquer outro estádio que venha operar. De preferência já como
Casa do Flamengo. A complexidade destas operações devem estar no foco de qualquer promotor de evento ou mandante de partidas, trouxe algumas (poucas) questões para o texto. Será que estão no foco? Vale a reflexão.