sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Notas Rubro-Negras






Irmãos rubro-negros, 


após duas vitórias convincentes, embora não em sequência, sobre Atlético-MG e Portuguesa, o Flamengo decepcionou seu torcedor nas duas últimas rodadas.

É verdade que vencemos o jogo contra o América-MG na quarta-feira, pela Primeira Liga, mas a atuação da equipe foi muito ruim.

Essa oscilação é previsível, considerando que estamos no início do ano, ainda.

Alguns erros, porém, que acompanham o time desde 2014, têm se repetido em 2016: falta de mobilidade, setores descompactados, pouca criatividade no setor ofensivo e defesa frágil.

Imagino que corrigir tais problemas crônicos não seja tarefa fácil.

Por isso, por reconhecer a qualidade do Muricy Ramalho e por ter consciência de que o trabalho está em seu princípio, acho cedo para fazer certos vaticínios.

Por outro lado, seja em início ou fim de trabalho, é inaceitável a postura adotada no jogo do último domingo. Isso sim configura situação madura para cobranças mais incisivas.

Dito isso, embora respeite integralmente quem já perdeu a paciência em esperar pelo momento em que o futebol do clube apresentará bom rendimento com constância, prefiro continuar a confiar no trabalho do Muricy Ramalho.

Ele é um técnico de alto nível, um dos mais vencedores em atividade no país. Considero que o Flamengo contratou um profissional exemplar, e que o clube deve dar todo o respaldo para que o trabalho seja plenamente desenvolvido.




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Aliás, nesse sentido, ou seja, das condições oferecidas pelo clube para que o Muricy Ramalho, sua comissão técnica e o plantel possam realizar o máximo de suas potencialidades, acredito, com o risco de ser repetitivo, que a questão do estádio precisa ser solucionada o quanto antes.

Essa indefinição prejudica bastante, pois gera ansiedade e dúvidas, revestindo-se de obstáculo ao próprio clube, no seu objetivo de atingir a excelência esportiva.

Não cabem desculpas quanto à reprovável omissão das diretorias que passaram pelo clube desde 2009 e que simplesmente ignoraram a gravidade do fato.

Já estamos nas barbas do mês de março e até agora não há resposta para a seguinte e fundamental indagação: onde o Flamengo mandará seus jogos pela Copa do Brasil e pelo Campeonato Brasileiro?

Houve tempo mais que suficiente para solucionar esse imbróglio envolvendo o fechamento do Maracanã.

Parece que o estádio reabrirá em meados de setembro, o que, em princípio, torna arriscado qualquer investimento em local de difícil acesso, como é o caso do Ítalo Del Cima.

E esse investimento, seja aonde for, afora a Gávea, que já tem estrutura de campo e vestiários prontos, terá de abarcar não apenas as arquibancadas, mas também campo e vestiários de qualidade. Isso é caro, e exige parceiros, investidores.

Mas quem investirá num estádio sabendo de antemão que o Maracanã reabrirá em setembro ou outubro?

Portanto, algo que há poucos meses ou anos seria relativamente fácil de resolver, tornou-se um enredo intrincado e de espinhoso desfecho, graças à negligência das diretorias que passaram pelo clube, incluindo, naturalmente, a atual.

Eu torço para que a situação seja resolvida da melhor forma possível e o quanto antes, para o bem do Flamengo.




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Por fim, algumas breves palavras sobre a forma com a qual o torcedor rubro-negro foi tratado no último domingo, em São Januário.

Num calor de quase 50º, o adversário e anfitrião sequer disponibilizou água para os mais de dois mil torcedores do Flamengo. Água.

Isso tem se tornado fato rotineiro no futebol brasileiro: enquanto o torcedor rival é recebido com tapete vermelho no Rio de Janeiro, inclusive com direito a sentar em locais que nos são vedados quando somos nós os visitantes, o torcedor do Flamengo é tratado como gado Brasil afora.

Alguma palavra da diretoria do clube a respeito do assunto? Alguma ação de reprovação ao que ocorreu domingo e que, por si, já demonstra que o estádio de São Januário não tem a mínima condição de receber clássicos?

Até quando vigorará o silêncio de quem, institucionalmente, deveria defender e lutar pelo bem estar do povo rubro-negro?

Ora, se aqui recebemos bem nossos visitantes, não deveríamos exigir o mesmo tratamento ao rubro-negro, ao nosso irmão de fé, que se aventura para torcer junto do seu time amado?

O Flamengo é um só.

A defesa institucional do torcedor seria inclusive uma ótima maneira de estreitar a relação com o povo rubro-negro.

O Flamengo tem se tornado, em certa medida, um clube frio, um tanto quanto blasé.

A diretoria faz um trabalho excepcional em muitas áreas. Excepcional. Eu realmente sou entusiasta de tudo de bom que tem sido feito pelo Flamengo. Não existe perfeição e acho pertinente e indispensável cobrar os erros cometidos, coisa que faço amiudamente, aliás.

Mas não tenho saudade alguma de quem nos deixou como legado, além das chacotas, dívidas como a do Consórcio Plaza e a do Ronaldinho Gaúcho.

Aliás, parabéns de pé para a diretoria do Flamengo, que obteve um acordo com o oportunista, digo Ronaldinho, que minorou os efeitos altamente lesivos de um contrato celebrado por gente que não deseja o bem do clube.

Agora, que tal a diretoria botar um pouco de tempero e de pimenta nessa equação? Que tal falar e agir com o coração e com a paixão, às vezes?

Acho que a palavra mais apropriada é equilíbrio.

Razão, método e reflexão podem e devem andar de mãos dadas com aquilo que faz o Flamengo ser o que é: o amor, a paixão e a fé do rubro-negro.

É apenas uma humilde sugestão.

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Abraços e Saudações Rubro-Negras a todos.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.