Diferente dos últimos anos, começaremos um ano com um novo treinador, uma nova mentalidade e uma pré-temporada que possivelmente seja mais longa do que queríamos. E não é um treinador qualquer. Claro, não é Jorge Sampaoli, mas Muricy Ramalho é tetracampeão brasileiro, campeão da Libertadores, da Conmebol e da Recopa Sul-Americana, além de inúmeras vezes campeão estadual. Era o treinador dos meus sonhos? Talvez não. Já disse algumas vezes que sonho em ver o Flamengo dirigido por um treinador estrangeiro, saindo da mesmice do mercado nacional. No entanto, num ano em que estaremos nos organizando em termos de estrutura com obras no centro de treinamento e a possível contratação da consultoria da EXOS, a escolha de um profissional que esteja acostumado com a "bagunça" do nosso futebol pode ser mais segura.
Minha principal questão contra o Muricy era o que eu chamava de limitação tática. Não o via como um treinador capaz de surpreender taticamente, mudar o esquema de jogo no meio de uma partida como, por exemplo, o Sampaoli fez contra a seleção brasileira na estreia das Eliminatórias. Meu preconceito o via como preso ao Muricybol que conquistou três campeonatos nacionais com o São Paulo. Mas um levantamento feito pelo amigo Vitor Correa me abriu os olhos e me fez acreditar em um 2016 mais promissor. Compartilho, então, o estudo aqui com vocês hoje.
2005 - Internacional
Colocação no Brasileiro: 2º
Aproveitamento: 62%
GP: 72 (7º melhor ataque) | GC: 49 (melhor defesa)
Como jogou: Time sólido, linha de quatro atrás, porém com dois laterais muito ofensivos. Três volantes, sendo um deles (Tinga) com muita liberdade para atacar. Ataque muito forte com Sóbis e Fernandão.
2006 - São Paulo
Colocação no Brasileiro: Campeão
Aproveitamento: 68%
GP: 66 (melhor ataque) | GC: 32 (melhor defesa)
Como jogou: Time mais ofensivo. 4-4-2 também com laterais muito ofensivos, meio campo com dois volantes muito presos e dois meias ofensivos. Esquema clássico da época.
2007 - São Paulo
Colocação no Brasileiro: Campeão
Aproveitamento: 68%
GP: 55 (9º melhor ataque) | GC: 19 (melhor defesa - 20 gols a menos que a segunda melhor)
Como jogou: Coloquei 3-4-3 no esquema base, mas a verdade é que o SP utilizou três esquemas durante o campeonato. Esse esquema tinha dois volantes de qualidade, dois alas que eram meias de origem, dois homens abertos e um centroavante. Mas usou também o 3-5-2, tirando um ponta e colocando um meia no time e chegou a usar o 4-4-2, quase sempre com um zagueiro na lateral, geralmente o Breno. Esse ano tivemos a melhor defesa da história dos pontos corridos.
2008 - São Paulo
Colocação no Brasileiro: Campeão
Aproveitamento: 65%
GP: 66 (2º melhor ataque) | GC: 36 (2ª melhor defesa)
Como jogou: Enfim chegou ao 3-5-2 que ficou marcado. Três zagueiros, dois alas ofensivos, um volante cão de guarda, um volante que virava meia (Hernanes), um armador e dois atacantes.
2009 - Palmeiras
Colocação no Brasileiro: 5º (pegou o time na 13ª rodada)
Aproveitamento: 50%
GP: 58 (4º melhor ataque) | GC: 45 (4ª melhor defesa)
Como jogou: Voltou ao 4-4-2 clássico com um lateral defensivo, outro ofensivo, dois volantes presos, dois meias ofensivos e dois atacantes.
2010 - Fluminense
Colocação no Brasileiro: Campeão
Aproveitamento: 56%
GP: 62 (4º melhor ataque) | GC: 36 (melhor defesa)
Como jogou: Assim como em 2007, difícil definir o esquema. Começa com o 3-5-2, dois alas ofensivos, apenas um volante de marcação, dois meias e dois atacantes. Passa pelo 3-6-1, tirando um atacante e colocando o Deco no meio. E na reta final do campeonato, com Deco aguentando 90 minutos, volta ao 4-4-2, com dois laterais ofensivos, dois volantes presos, dois meias e dois atacantes. Eis o esquema que fez Gum e Euzébio formarem a melhor defesa do campeonato. Vale lembrar que os dois principais atacantes do Flu na conquista não jogaram mais do que 15 jogos. Fred sofreu com lesões. Sheik chegou no meio do campeonato e também sofreu lesões. Washington era o outro, já em fim de carreira, foi artilheiro do time no campeonato com apenas 10 gols. Conca carregou o ataque tricolor.
2011 - Santos
Colocação no Brasileiro: 10º
Aproveitamento: 42%
GP: 55 | GC: 55
Como jogou: De novo 4-4-2 clássico. Laterais ofensivos, dois volantes presos. Os meias, geralmente era o Ganso e outro que ajudava mais na marcação, ora Elano, ora Danilo. E no ataque era bola no Neymar. Time ganhou a Libertadores e perdeu força no Brasileiro, poupou jogadores no início em vários jogos.
2012 - Santos
Colocação no Brasileiro: 8º
Aproveitamento: 42%
GP: 50 | GC: 44
Como jogou: Começa no 4-4-2 parecido com do ano anterior, com os mesmos volantes, com Ganso no meio, Neymar na frente. Mais para o final do campeonato, com a saída do Ganso, volta ao 3-5-2. Mais uma vez não consegue ir bem no Brasileiro com o Santos. De novo poupou o time no início, pois chegou a semifinal da Libertadores.
2013 - São Paulo
Colocação no Brasileiro: 9º (comandou o time em apenas 19 rodadas)
Aproveitamento: 58%
GP: 22 | GC: 18
Como jogou: Difícil entender, porque foram apenas 19 jogos, muitas lesões e mudanças no time. Mas foi mais um 4-4-2 com o Paulo Miranda, que é zagueiro, na lateral. Volantes com bom passe e Ganso articulando o meio. Lembrando que pegou o SP na zona.
2014 - São Paulo
Colocação no Brasileiro: 2º
Aproveitamento: 61%
GP: 59 (3º melhor ataque) | GC: 40 (6ª melhor defesa)
Como jogou: Até começa o campeonato no 4-3-3 ou 4-2-3-1. Mas com a chegada de alguns reforços, firmou no 4-4-2. Linha de quatro atrás, dois volantes de bom passe, dois meias (Kaká e Ganso) e dois atacantes de poder de fogo - Pato, Kardec (Luis Fabiano). Em alguns momentos, Michel Bastos jogava na lateral. Em outros entrava no lugar de um dos atacantes, jogava aberto pela direita, Kaká aberto pela esquerda, Ganso armando e um centroavante, voltando ao 4-2-3-1 nessas ocasiões.