Por Jason Brazil e Thauan Rocha.
Recentemente
saiu uma notícia dizendo que a Copa do Rei
será
transmitida via youtube e isso gerou um debate na redação do MRN.
Então resolvemos trazer para vocês a nossa visão de como achamos
que o mercado deve se comportar no futuro e como o Flamengo pode
aproveitar isso.
É
importante antes analisar o comportamento do público de forma geral,
que vem mudando sua principal forma de consumir conteúdo. Muitos já
usam Facebook/Twitter para se informar e interagir com outras
pessoas, além de consumir muito entretenimento via YouTube. O
consumo de vídeos online atualmente já pode ser comparado ao da TV.
Pensando nisso, recentemente foi lançado o serviço YouTube Red
que
vai produzir conteúdo pros assinantes e dar outras vantagens.
Provavelmente foi lançado também graças ao sucesso da Netflix e de
aplicativos como adblock.
Netflix
que
demonstra ser um sucesso, mesmo ainda tendo como crescer muito mais
ao redor do mundo (é
apenas umas das várias empresas que possuem serviços de streaming). São 53 milhões de inscritos até 15 de outubro
de 2014, sendo 72% estadunidenses, uma arrecadação de R$ 6,26
bilhões e já começaram a avançar bastante em produção de séries
próprias, incluindo uma brasileira.
Nesse
novo cenário de conteúdos online, muitos jovens já deixam de usar
a televisão para entretenimento, usam de forma exclusiva a internet
ou apenas ligam a tv para ver algum programa específico. Eu
(Thauan), por exemplo, ainda uso a televisão para ver os jogos do
Mengão ou alguns filmes e séries, mas já penso em alguma forma de
trocar de vez a tv pela Netflix e similares (paga ‘nois’,
Netflix). Para isso, eu preciso ter acesso a transmissão de
qualidade dos jogos via internet.
Como
já foi citado, a Copa do Rei (ESP) será transmitida via YouTube com
custo de R$ 84 pelo campeonato, sem incluir a final. É um preço
justo, já que é pelo campeonato quase todo e ainda é preciso
considerar a atual desvalorização do Real. Já a NFL
transmitiu
um jogo de graça via streaming como teste e ainda vai transmitir
outro neste ano, mas não é a primeira vez que ocorre. Aqui no
Brasil quem faz isso é o EI, que cobra R$ 10,00/mês e dá acesso a
jogos da NFL, Champions League e série C e D do brasileirão. A
Globo até tenta fazer algo do tipo, mas ainda é preciso ter um
contrato com operadora de tv para ter acesso a esses serviços.
Vendo
essa tendência pro entretenimento de uma forma geral, é preciso
começar a desenvolver projetos assim no Brasil. Vemos a Primeira
Liga como um potencial campo de testes, já que ainda não está
amarrada a nenhuma emissora. Vejam bem, hoje a NET cobra R$64,00/mês
para ter direito ao Brasileirão e o Carioca, além ter que pagar
pelo pacote mínimo de tv que pode nem ser aproveitado direito. Mas
no streaming poderia ter um serviço mais específico e mais barato,
já que não teria a operadora para lucrar. Então o modelo seria
assim:
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R$15,00/mês para ter direito aos jogos do seu time;
-
R$60,00/mês para ter acesso aos jogos de todos os times;
-
Campeonatos avulsos e/ou amistosos, como o Super Series, ou a atual forma que a Primeira Liga será disputada, teriam preços fixados para compra de toda competição/jogo.
Por
não sabermos exatamente como funcionam os gastos das transmissões,
não nos atrevemos a colocar preços mais ousados, porém cremos que
seria mais barato que o modelo atual até por poder contratar um
serviço específico para cada pessoa. Com isso também haveriam
mudanças na situação dos clubes, que receberiam da seguinte forma:
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Cada clube receberia uma porcentagem da mensalidade do pacote exclusivo que seu torcedor comprou;
-
O pacote do campeonato iria render aos clubes de acordo com a audiência dos jogos;
-
Os campeonatos avulsos/amistosos teriam renda dividida com base na audiência;
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Amistosos teriam renda já fixada no contrato.
-
Só que nem tudo são flores. Um projeto assim precisaria ser feito para daqui uns 3 anos, pois temos alguns problemas para enfrentar.
-
Os clubes ainda possuem contratos de tv assinados com a Globo até 2018 e a emissora busca uma renovação até 2020;
-
A banda larga média no Brasil ainda é muito baixa, mas acreditamos que, até o início de um projeto desse, a situação no Brasil (em relação a atual) já teria melhorado bastante;
-
As atuais empresas de streaming não parecem ter força para arcar com todos os custos, mas em pouco tempo imaginamos que tenham, já que possuem atuação mundial;
-
Uma das vantagens disso seria o fato de se libertar da Globo, mas a mesma tem força pra começar a fazer esse tipo de transmissão, basta saber se os contratos atuais e a visão de mercado dos diretores permitiriam que ela entrasse num projeto desse.
Agora
ampliando esse projeto para além do futebol, conseguiríamos abrir
um leque de possibilidades. Muitos torcedores têm vontade de
acompanhar mais os demais esportes rubro-negros além do futebol
profissional e basquete. Uma solução seria usar exatamente esse
canal em plataforma streaming. Estamos o tempo todo conectados, sendo
assim, já devemos saber que é muito importante ter um canal de
divulgação do Flamengo na plataforma digital.
Netflix,
Youtube, Now, Vivo Play, Globo Play são exemplos de plataformas
streaming e acreditamos que a maioria aqui é assinante de algum
desses. Por que o Flamengo não poderia criar um canal em uma
plataforma dessas para a transmissão dos jogos e competições dos
esportes olímpicos e das categorias de base do futebol? Se não
existir algum empecilho legal nisso em relação ao contato de
Broadcasting (Direitos de transmissão) com a Rede Globo, claro. Em
caso de transmissão de outros esportes deveria ser cobrado um
adicional. Por exemplo, o que seria cobrado para transmitir jogos da
base seria muito mais para cobrir os custos, já pra ter acesso ao
NBB seria mais caro.
Além
da transmissão de jogos, o canal poderia ser um grande produtor de
conteúdo do clube para seus assinantes. Mesas de debate, programas
que falam de momentos de glórias, fazendo acordos para dar espaço a
projetos de terceiros que envolvam o Flamengo, cobertura dos
treinamentos das equipes, programa que fala de torcedores ilustres,
conheça as dependências da Gávea, torcedores Brasil à fora,
relacionamento com patrocinadores. Enfim, existem campos de
abordagens gigantescos, possibilidades de produção de conteúdos
relevantes para o torcedor. O lucro nesse caso viria de propagandas
feitas nos programas e mensalidade (bem barata quando inclusa no
pacote).
Muitos
devem pensar: Já pago ST, ingresso, produtos oficiais, entre outros
e vocês ainda querem empurrar mais um gasto? Não, não queremos
empurrar nada, o programa de ST se tornaria mais atrativo se tivesse
acesso incluso a partir de uma categoria X e um desconto para as
categorias inferiores na compra desses pacotes. Para quem não é ST,
a tática pode ser a de pagar o valor cheio da assinatura, ou não
ter acesso a certos conteúdos, no intuito de forçar uma adesão ao
Programa Nação Rubro-negra, o que não nos agrada.
Há
boatos de que Netflix e Flamengo estão negociando alguma coisa, não
se sabe se é uma parceria, um patrocínio, seja lá o que for e se
for mesmo, é uma baita plataforma para se trabalhar. O streaming
está em constante crescimento e o povo brasileiro parece que gostou
da plataforma. Por que não colocar em prática um canal?
SRN!
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Minhas observações sobre o assunto são pequenas, penso muito parecido com o Jason e o Thauan, que fizeram um texto de rara felicidade. A
única coisa que acrescentaria à visão, seria uma grande possibilidade de
exposição global, facilitada por YouTube/Netflix. Essas plataformas
dariam visibilidade à conteúdos exclusivos do Flamengo, trazendo
ainda a possibilidade do barateamento do serviço ao consumidor
final. A torcida. Há ainda a questão da qualidade das transmissões,
já que hoje quem faz o serviço completo é a Rede Globo. E se tem
uma coisa que não podemos reclamar é da qualidade.
Lembro
que em janeiro, naquele torneio de verão em Manaus, vencido pelo
Flamengo, a TV Esporte Interativo transmitiu pela internet, com
sérios problemas, já que a demanda da torcida do Flamengo foi
grande e não suportada naquele instante. Existe a Globosat Play,
serviço que comporta om Premiere Play, o PPV do futebol. Eu tenho o
pacote, é de muito boa qualidade. Ponto a se pensar.
O
último aspecto é o marketing em si. Vender os pacotes de internet
em separado ou em bloco como existe hoje? Um amigo me lembrou que o
Comitê Olímpico Internacional (COI) vende em bloco, como foram
vendidos os do campeonato brasileiro. Quem será o primeiro a
separar? O Flamengo tem cacife, condições? A Globo quer renovação
pra 2019-2020, o Flamengo pode ter como separar os pacotes de
internet dos de tv aberta e fechada. O momento pode estar próximo.
Nesta
mesma conversa, outro amigo me lembrou que este panorama só irá
mudar quando uma liga produzir conteúdo próprio, para aí sim,
comercializar para midias diferentes. Hoje, por comodidade ou falta
de experiência, a TV Globo opera e transmite os jogos. Por isso suam
força para a adesão dos clubes em pacote fechado. Quem me lembrou
deste “detalhe sabe muito do que está falando”. Esperando as
cenas dos próximos capítulos. Divirtam-se!