Salve, Buteco. É muito difícil escrever a coluna de segunda-feira em um contexto como o atual. O nível de indignação da torcida é tamanho que se pode dizer, sem exagero algum, que houve total quebra de confiança em relação a boa parte do elenco, e não se resumindo apenas ao chamado "Bonde da Stella (Artois)", a ponto do time, com justiça, ser vaiado e xingado de "sem-vergonha" ao golear um adversário que não vencia no Maracanã pelo Campeonato Brasileiro desde 2007. A falta de perspectiva é evidente, tal como o clima de colapso total. Para ilustrar o que estou defendendo e provar que não se trata de mero exagero emotivo de torcedor, se o Flamengo vencesse as quatro partidas que restam no campeonato e por milagre conquistasse uma vaga no G4, ainda assim não seria o bastante para esse elenco reconquistar a confiança da torcida e justificar que nele se deposite qualquer esperança para 2016. Ainda assim, em respeito a esse espaço, à finalidade a qual se destina, não vejo como deixar a razão de lado e não escrever um texto propositivo, pois, afinal de contas, o que tod@s desejamos é que, seja qual chapa se sagre vencedora nas eleições do próximo 7 de dezembro, o futebol venha a ser efetivamente prioridade e tenha outros rumos no próximo triênio.
Quero deixar muito claro que não se trata de uma proposta para iludir o torcedor ou vender falsas esperanças a essa altura do campeonato (literalmente), mas quem sabe para começar, agora, a mudança de postura que tanto se espera do Departamento de Futebol. Contudo, eu não vejo como não cobrar da atual Diretoria, do atual Departamento de Futebol, que faça o melhor possível dentro das circunstâncias, e o melhor possível é trabalhar com esse treinador e esses atletas visando vencer as quatro últimas partidas, aguardando o que o destino reservará para o clube.
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O G4 é impossível? Não, não é. Não é se o Flamengo vencer as quatro partidas restantes. E mesmo que isso aconteça, ainda assim será muito difícil, até improvável, pois Cruzeiro, Internacional e São Paulo, os maiores adversários nessa disputa, terão que perder pontos importantes. Contudo, isso pode acontecer. No caso do Cruzeiro, na última rodada enfrenta, em confronto direto, o Internacional em Porto Alegre; antes, o Sport Recife (próxima rodada), outro possível concorrente. Por sua vez, o Internacional enfrentará o Grêmio no Beira-Rio e a Chapecoense em Chapecó, fora o confronto contra o Cruzeiro, além do Fluminense no Rio de Janeiro. Já o São Paulo terá pela frente o Atlético/MG, o Corinthians e dois adversários desesperados na luta contra o rebaixamento: Figueirense e Goiás.
Tanto a combinação de resultados não é impossível, quanto um eventual G5 com o Santos sendo campeão da Copa do Brasil (embora particularmente não acredite nessa possibilidade). O Flamengo já enfrentou contextos bem mais adversos. A título de exemplo, a partida contra o forte time do Santos, ainda que na Vila Belmiro, será disputada na quinta-feira, 19 de novembro, às vésperas da primeira partida da finalíssima da Copa do Brasil. Será que o time do Santos dará tudo de si nesse confronto?
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Mas o que fazer e como? Por exemplo, além da parte motivacional, tenho a convicção de que o Flamengo precisa se preparar melhor em níveis técnico e psicológico para lidar com a arbitragem. Chega de Guerrero, Emerson Sheik e Jonas tomarem tantos cartões de forma desnecessária. Contratem um ex-árbitro, um especialista no assunto, e formem uma força-tarefa, integrada por psicólogos, e tratem de fortalecer o grupo para essa reta final. Que esses jogadores não tomarem mais um cartão que seja passe a ser uma meta, além das quatro vitórias.
Cabe ao Departamento de Futebol mostrar que o episódio recente com o "Bonde da Stella" não foi um patético recuo de diretores afobados que não sabem como lidar com seus atletas.
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Finalizo esse texto ressaltando que ser Flamengo é sempre acreditar, é lembrar que o Mais Querido se caracteriza por ressurgir das cinzas nos contextos mais inesperados. Gostaria também de ressaltar que não acho que uma vaga no G4, se porventura acontecer, justificaria um recuo na ampla reformulação no Departamento de Futebol e nas mudanças e reforço do elenco e Comissão Técnica para a temporada de 2016. Não se trata de perdoar, de esquecer, de ser conivente e nem de se desapegar da realidade. Não se trata de manter tal ou qual jogador e nem o treinador. Cuida-se, tão somente, de não desistir, de não aceitar sucumbir por antecipação, de tentar o melhor possível e lutar até o final. O futebol, o Manto Sagrado e o Flamengo em primeiro lugar, independentemente da política ou da cor da chapa.
Bom dia e SRN a tod@s.