Irmãos rubro-negros,
me recordo de que no fim do ano passado, aqui no Buteco virtual, ou em algum buteco real, alguém comentou sobre a necessidade do Flamengo se superar dentro e fora de campo em 2015, pois "ano eleitoral sempre é muito complicado".
Não disse nada na hora, mas refletindo sobre o assunto, desdenhei da afirmação e pensei: "essa regra não se aplicará ao ano que vem. Com certeza, em 2015 a eleição não influenciará o rendimento do futebol, pois teremos apenas uma Chapa forte concorrendo praticamente sozinha."
Ledo engano, amigos.
Orgulho, vaidade e ambição; acusações, mentiras e baixaria.
Está aí, escancarado, como uma estrepitosa bofetada a estalar em nossa face, o enredo da campanha eleitoral que elegerá o presidente do Flamengo para o próximo triênio.
Inevitável fazermos a pergunta: como o sonho de dezembro de 2012 tornou-se o pesadelo de 2015?
Eu confesso aos amigos que estou farto, saturado desse processo eleitoral que colocou em lados opostos antigos aliados.
A falta de compostura de certos atores nesse teatro transforma uma eleição que deveria primar por debates sérios sobre o futuro do Flamengo numa sucessão de acusações e desmentidos.
Eu tenho minha preferência, e ela é pela reeleição do presidente Eduardo Bandeira de Mello.
Mas eu respeito de verdade os amigos que divergem e enxergam na candidatura de Wallim Vasconcelos uma alternativa melhor para o Flamengo.
Eu acho apenas que não devemos reproduzir o discurso radical que tem sido adotado por alguns integrantes de ambas as Chapas, que transformaram as redes sociais em cenário de guerra.
O Flavio, aqui do Buteco, o famoso PedradaRN, que é firme, sim, em suas convicções, mas que é, ao mesmo tempo, extremamente educado e gentil no debate, foi vítima dessa infeliz exarcebação do sectarismo político que impera hoje no clube.
Amigos, alguém pode garantir, com total certeza, e isso vale para todos, que a Chapa de sua predileção realmente será a melhor para o Flamengo?
Algum de nós, por acaso, inteferirá diretamente no futebol do clube a partir de janeiro de 2016?
Então a única certeza que temos é de que amamos o Clube de Regatas do Flamengo e queremos o melhor para o clube.
Fora isso, tudo são achismos e opiniões.
O embate eleitoral permeará as discussões sobre o Flamengo até meados de dezembro.
Mas como disse muito sabiamente o Bcb esta semana, a eleição passará, mas o Flamengo e o Buteco permanecerão.
Não acho que valha à pena indispormo-nos uns com os outros por causa de uma briga pelo poder a respeito da qual somos apenas adeptos, não protagonistas.
Acima disso, muito acima disso, têm de estar o respeito, o carinho e a cordialidade com a qual sempre debatemos o Flamengo aqui no Buteco, a nossa casa.
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Prevejo um futuro de chuvas e trovoadas sobre o céu político da Gávea no próximo triênio.
Vença quem for a eleição, a pressão será gigantesca desde o dia 01 de janeiro de 2016.
Tudo indica que a Chapa perdedora exercerá uma oposição muito combativa, porém pouco propositiva.
Isso é um desdobramento normal da campanha.
Estradas destruídas, pontes queimadas, linhas cortadas.
A não ser que um fato novo surja, o Flamengo terá de aprender a conviver com uma renhida divisão entre dois grupos muito fortes.
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E no meio dessa disputa, onde fica o futebol?
O futebol, o coitado, o sofrido futebol do Flamengo, na verdade, é um mero detalhe, um indesejado intruso, que inconvenientemente insiste em interferir na vida do clube.
Quem se importa com o futebol quando há uma eleição a ganhar?
Se a situação dentro de campo é ruim, a diretoria finge que está tudo bem, que o time é de "guerreiros" e que tudo deve se resolver internamente; a oposição, por outro lado, vibra, comemora, regozija-se com cada gol em nossa meta, com cada derrota sofrida.
O ano de 2015, do ponto de vista estritamente esportivo, e considerando o contexto de salários em dia e de "profissionalismo" da gestão, foi um retumbante, um gigantesco fracasso.
No fundo, amigos, ambas as Chapas estão completamente perdidas. As pessoas têm muito boa vontade, mas estão perdidas. Não sabem o que fazer com o futebol do Flamengo.
São projetos minuciosos, cuidadosamente estudados, mas que no fundo nada mais são do que uma mera carta de intenções.
Isso de parte a parte, sendo que a Chapa Azul ao menos debruçou-se com carinho e esmero sobre o programa, coisa que a Chapa Verde passou longe de fazer.
E enquanto o futebol do Flamengo definha e a Nação Rubro-Negra sofre humilhações, os iluminados das Chapas estão preocupados em enviar "spam" aos sócios, em mobilizar seus simpatizantes nas redes sociais, em acusar-se mutuamente, em transformar seus eventos de campanha em shows pirotécnicos, com muitos sorrisos, abraços e festividades, como se tudo estivesse uma maravilha.
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Vejam, amigos, que o Clube de Regatas do Flamengo, O Mais Querido, O Mais Amado dos Clubes, tem um jogo dificílimo no domingo.
Questão de honra para o Flamengo e para todo rubro-negro.
Os simpatizantes do msi, no jogo do primeiro turno, vieram ao Maracanã, compraram quantos ingressos quiseram, sentaram no Setor Leste em meio a nós, flamengos, tiveram o hino tocado dentro da nossa suposta casa, até homenagem a jogador identificado com eles foi feita, e ainda venceram por três a zero.
A mídia paulista e a fria torcida paulista (sim, são frios, gelados, quando comparados à torcida do Flamengo. Isso é um fato. Alguém imagina o Flamengo vivendo uma fase de êxitos em sequência? Delírio completo, amigos, delírio, enquanto eles portam-se de maneira protocolar) consideram o jogo de domingo como o "jogo das faixas", o "jogo da festa", "o jogo do título".
Questão de honra para o Flamengo!
Mas quem se importa?
Quem se importa se a honra do Flamengo está em jogo, se o desafio exige uma preparação especial?
Eu me importo. Eu e mais uma multidão de mais de quarenta milhões de rubro-negros espalhados pelo Brasil e pelo mundo nos importamos.
Mas se for depender dos líderes das Chapas em disputa, o jogo de domingo será só mais um entrave desimportante, um reles incômodo, que persevera, que teima em imiscuir-se nos seus projetos de poder.
Tudo bem.
Pelo menos eu sei, nós sabemos, temos certeza, de que mesmo abandonado, o futebol do Flamengo ainda terá junto de si a mística da Camisa Rubro-Negra, o Manto Sagrado, eu sei que o Flamengo ainda terá o amor e a fé de mais de quarenta milhões de rubro-negros.
E sei também que nos momentos de maior adversidade, como o de domingo, a presença sempre alentadora de nosso amado e querido Santo Padroeiro, São Judas Tadeu, se fará presente.
Porque ele, São Judas Tadeu, veste sempre e apenas o Manto Vermelho e Preto.
Avante Flamengo!
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Abraços e Saudações Rubro-Negras a todos.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.