E a torcida do Flamengo foi brindada novamente com mais uma atuação apática, desorganizada e descompromissada do caro elenco que montou (mal) para 2015 que culminou com a derrota para o apenas esforçado time do Figueirense por 3 x 0 em Florianópolis.
Um time sem brios. E fraco tecnicamente. A começar pelo goleiro de nível fraco, que enganou a todos com uma fase anterior razoável para boa. Hoje mostra porque por tantos anos era reserva. Lento, sem reflexos, goleiro de bolas apenas fáceis. E sabemos que um grande time começa com um grande goleiro ou, vá lá, bom goleiro, pelo nível atual do futebol brasileiro. Flamengo não o tem. Aceitando o primeiro chute e depois caindo de forma bisonha no segundo gol, assistindo o lance se desenrolar, Paulo Vítor foi co-responsável pela derrota. Com um bom goleiro certamente ao menos um destes dois gols seriam evitados. Quanto ao terceiro gol nada tinha a fazer a não ser lamentar, junto com a torcida, uma zaga novamente tão mal posicionada defensivamente.
Flamengo começou o jogo como se cumprindo uma obrigação penosa. É um time que não se sente obrigado a se apresentar com a raça e dignidade que a torcida, diretoria e associados esperam. Não sei se é problema de vestiário, da falta de pessoas, gerência ou liderança que faça o trabalho de forçar a barra e deixar os jogadores "prontos para a batalha". A ideia que me passa é que Oswaldo toca uma música clássica sutil e lenta em sua preleção pré-jogo enquanto os jogadores meditam em posição de ioga e depois entoam hinos pela paz do mundo. Não entram com fome de bola. Não entram para disputar. Entram em jogo para cumprir uma obrigação chata. E assim se formaram contra o Figueirense. O velho e já manjado esquema 4-2-3-1. Acredito que o futebol do Flamengo obrigue os treinadores a escalarem desta forma, porque não é possível a total falta de criatividade.
Eu poderia ficar nesta coluna metendo o malho no Oswaldo por sua falta de ambição, escalação pífia do Everton na lateral matando um atacante, da escalação recorrente de um Paulinho que não ataca e nem defende, da insistente, inadequada e porque não, burra entradas de Almir em campo, completamente injustificáveis e prejudiciais ao elenco mais jovem do Flamengo que ficam sem chances enquanto vêm um jogador indigno da camisa do Flamengo desfilando sua inapetência técnica em campo. Mas não. Porque já criticava Luxemburgo, marretava Cristóvão...e os erros se repetem. Os treinadores insistem em certas formações e certos jogadores como se fossem cracas coladas em seus cérebros. Não há lógica e nem bom senso capaz de os demoverem. Penso que é algo como segurança emocional e psicológica, além de certa preguiça mental e de trabalho. Raciocine comigo. Um técnico que varia o esquema ou jogadores de acordo com o adversário é obrigado a trabalhar mais, ouvir mais os auxiliares e analistas que pesquisaram o adversário e, supostamente, aconselham a melhor formação. Mas Oswaldo tem o Jayme de auxiliar (já viu) e duvido muito que use de analistas com registros e observações do adversário. Já deve "saber tudo", como indica nosso futebol do "mais um gol da Alemanha". Além disso o técnico que varie os esquemas tem que treinar mais seus jogadores, o fazerem acostumar com variações. Isto dá muito trabalho. Causa muito esforço.
Bem, é claro que isto é mera conjectura. Não sou treinador. Nunca assisti um mísero treino deste elenco do Flamengo e nem sei onde fica o CT do Ninho do Urubu. De modo que apenas imagino mediante o jogo que assisto. Uma defesa mal postada que perde sempre a segunda bola. Os dois volantes abandonam facilmente a marcação. Na sequencia daquelas 6 vitórias iniciais com Oswaldo, o Marcio Araujo ficava mais plantado e não ousava desfilar sua mediocridade nos passes mais a frente. Isto mudou e prejudicou o Flamengo. Não sei se por vontade do Oswaldo ou apenas pela vontade do Marcio Araujo. Agora os times avançam a linha de marcação e o Flamengo fica sem passe. Paulinho não volta, joga apenas para si e tenta sempre enfeitar a jogada, em total descolamento das necessidades do time e Sheik parece áereo. Aliás o Sheik também indica um sintoma de problema para mim. Chegou do Corinthians muito bem fisicamente. Agora no Flamengo regrediu, não tem mais a mesma "volúpia" de jogo. Será que, assim como o departamento médico (mal sabia a contusão do Ederson), a preparação física do Flamengo também está abaixo do padrão?
Enfim, esta derrota vexaminosa que indica um time sem ambição, aquém da torcida, um flagrante bando de fracassados sem sangue, já aponta diversos problemas que já precisam ser trabalhados para 2016 independente da cor da chapa que vença. Nosso elenco é pífio, e, apesar de aparentemente mais qualitativo desde 2013, mostrou-se morno. E o Flamengo não pode ter time morno. Pode até perder mas tem que lutar como se sua vida dependesse de ganhar o jogo. E ninguém, absolutamente ninguém, luta neste time. Chega. Do goleiro aos atacantes precisamos de reposição. Goleiro,zaga, laterais, volantes, armadores, atacantes, precisamos de nomes melhores,e com raça. Pode ser difícil de conseguir, eu sei. Os tempos mudaram. Jogador prefere outras coisas, não dá valor ao que tem, onde está. O foco é na exaltação de seu próprio ego e uma postura epicurista de lidar com o mundo em volta. Complicado mesmo, eu entendo. Mas vejo outros times que conseguem. O Flamengo não, porque? Onde estamos errando que não conseguimos contratar ou formar jogadores com gana absurda de vitória e de resistência?
Enfim, acho que o caminho que o futebol do Flamengo tomou, desandou. Não sou especialista. Posso, como toda pessoa, sugerir ações mas seria mais um palpiteiro. Aconselharia a tomar o rumo mais correto de uma consultoria especializada, de preferência européia, ontem. Para junto com a administração tecer os rumos do futebol para 2016. Ontem.
Por Flavio H Souza
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