No post de semana passada, fiz perguntas para os butequeiros sobre
suas impressões sobre o futebol do Flamengo. No total, 25
responderam, muitos outros comentaram sobre este e assuntos diversos.
Tentarei fazer um apanhado e dar minha versão sobre as perguntas,
sobre o clube. Não sei se por sorte ou azar, não consegui assistir
ao clássico de domingo (e nem assistirei), e pra ser sincero, em
pouco ou quase nada influenciou em minhas respostas.
A primeira questão foi: Rodrigo
Caetano é um bom nome? Você o manteria para 2016? Por que?
Para minha surpresa, 22 dos 25 disseram que sim, manteriam. Juro que
não esperava por esta resposta. Penso que nesta enquete, 88% de
aproveitamento algo muito considerável. Duas pessoas disseram talvez
e apenas um, mandaria Rodrigo Caetano embora no final da temporada.
Boa parte destas respostas ressaltaram a autonomia ou falta dela,
além disso outra resposta bastante comum foi a limpa, e a esperança
sobre a barca de 2016. Ressaltaram muito, também ser um dos melhores
profissionais disponíveis.
Foi dito durante esta e outras perguntas sobre a autonomia do
Diretor-Executivo. Tenho dúvidas sobre esta autonomia, acho que ele
teve sim, mas responderei melhor nas próximas questões.
Restringindo-me à questão, sim, Rodrigo Caetano foi
aprovado pelo Buteco. Minha resposta é TALVEZ. Não tenho
certeza se manteria Rodrigo Caetano. Não sei qual é a dele.
Francamente, ele no penúltimo dos casos é o profissional
responsável por tudo o que acontece no departamento de futebol. É
pago, e muito bem pago, para gerir o departamento. Ele é o 01, o
responsável. Em último caso, o comitê do futebol (com o presidente
incluso) são os responsáveis pelas diretrizes, por apontar os
caminhos, a execução passa por ele. Vejo que pouco da
responsabilidade é jogada sobre seus ombros. Por isso, não sei se o
manteria.
A segunda questão foi: Falta
algum cargo ou nome em alguma posição de comando entre o diretor
executivo e o treinador? Qual? E por que?
Há muita confusão sobre funções, até pela falta de conhecimento.
Das 25 respostas, 11 disseram que sim, falta gente; oito
disseram que não falta ninguém e seis disseram que ão sabem
ou talvez. Minha resposta? Sim. Faltam três funcionários no
departamento de futebol. Falta a integração com os outros setores
do clube, dividiria o departamento de futebol em dois: desportivo e
administrativo. Minha ideia seria ter um gerente desportivo que
fizesse a integração entre o Diretor e o treinador, além de
promover uma transição melhor entre base e profissionais. O ideal é
que esta pessoa seja “do mundo do futebol”, bem preparada para
assumir o cargo e não necessariamente ex-atleta do Flamengo.
O
diretor
administrativo, como já disse faria a integração entre o
departamento e administração e lidaria com funcionários “híbridos”
entre os setores. Cuidaria de administração, jurídico, marketing,
comunicação, etc., específicos para o futebol. Além
destes, precisa de um supervisor melhor, que possa avaliar o
desempenho de todos, constantemente, um que possa implementar
processos de avaliação com maior firmeza e
qualidade.
A
terceira
questão foi: O
que você faria para melhorar os processos internos hoje e o que
faria para 2016 (governança, avaliações, organograma...)?
Esta
é a resposta mais difícil das perguntas aqui. E ela consta no
questionário de propósito. Muitos foram os conceitos exemplificados
como melhorias para os processos internos e citarei: Agilidade
foi o principal, o mais pedido; comitê
do futebol
também teve destaque, com uns contra, outros à favor, eu entre os
quais;
negociação,
cobrança, métrica, desempenho, metas, avaliações, imprecisão,
investimento em estrutura física, definição de papéis.
Outro
conceito muito reproduzido foi a falta
de conhecimento sobre
o departamento, justo. Em minha visão, a resposta está em dois
conceitos complementares: GOVERNANÇA e
TRANSPARÊNCIA.
Com
estes dois conceitos, se evoluídos, fica mais fácil para todos, de
fora e de dentro, remarem para o mesmo lado. Esta
resposta cabe não apenas para o futebol. No nível macro, o Flamengo
é um clube dos mais transparentes do Brasil, se não for o mais,
porém não o suficiente. Não se trata de interferir nas funções
de cada funcionário, mas em um lugar melhor organizado pode se
exigir maior transparência. E o Flamengo faz esta transição se
mostrando uma empresa organizada. Um passo a se considerar.
A questão da transparência também é muito cara a mim e a boa
parte dos interessados (não somente a torcida). O Coritiba, por
exemplo, tem um ótimo portal da transparência, o do Flamengo é
bom, porém necessita de maiores informações, como por exemplo o
Manual da marca do clube, que pode e deve estar exposto
no site, para qualquer um. Organograma do clube é um outro
aspecto relativamente simples, que abre a todos o funcionamento do
clube, incluindo as 'job discriptions'
para que conheçamos as funções de cada setor, independentemente do
funcionário que esteja a executando no momento. Quem são onde e
como trabalham os funcionários do Flamengo?
A
medida de informar com transparência acabaria
com boa parte do disse me disse entre sócios e torcedores, já
que o Flamengo é um clube social de interesse público. Ficaria no
mínimo simpático a torcedores e parceiros (futuros e presentes).
Um
Plano
de metas
também deve ser disponibilizado, já que o clube já é tocado por
profissionais no dia a dia. Abaixo do Fred Luz são todos
profissionais, ou seja, somente os VPs,
o Presidente,
além dos conselhos, são amadores. Isso é claro, porém não
“nítido”,
“palpável”.
Onde o Flamengo quer chegar?
Como
e quando?
Detalho
melhor a resposta em um
post sobre governança e avaliação de desempenho no futebol do
Flamengo. Para quem quiser ler e relembrar:
http://www.butecodoflamengo.com/2015/07/processos-e-inteligencia-servico-do.html
A
quarta questão foi: Você
está satisfeito com o trabalho de Oswaldo Oliveira? Você o manteria
para 2016? Por que?
Tentarei
ser o mais rápido e objetivo nesta questão. O Buteco disse SIM.
Com ressalvas. Dos 25 que responderam, 17
gostariam da permanência do treinador, oito
disseram ter dúvidas, mas ressalvaram positiva
ou negativamente
e nenhuma opinião foi contrária. A minha é não. Eu NÃO
manteria Oswaldo de Oliveira. E nada tem a ver com o jogo de ontem,
que repito, não assisti. Penso que o Flamengo tem que dar um salto
de qualidade no departamento. Não
acho que seja um nome ruim, mas precisamos de excelência. Que se
comece pelo comandante.
Encontrar
a esse nome não é tarefa das mais simples. Manter este nome
encontrado, também. Precisamos dar respaldo, segurar, planejar e
executar. Acabar com essa troca de técnicos, mas tem que ser um nome
forte, que possa dar o salto junto com o clube. O nome “nacional”
seria Levir
Culpi.
Minha preferência
é para um estrangeiro e o Flamengo tem um histórico de treinadores
estrangeiros que trazem ar fresco para as ideias no futebol. O
intercambio sempre funcionou em nosso caso.
Aguirre,
ex-Inter,
seria
um nome de transição, para quando as finanças ficarem melhores
ainda, para
quando pudermos trazer
nomes como Sampaoli ou um nome Europeu, mesmo de clube médio que
tenha bom trabalho no
velho continente.
Todos esses caras teriam que contar com a estrutura, a confiança e a
paciência dos dirigentes, pra não acontecer o que aconteceu com o
Osório no São Paulo, que seria um bom nome, também. Aliás,
trocaria
Oswaldo por Osório, por exemplo.
A
quinta questão foi: O
que falta no futebol do Flamengo? O que você faria nesta semana? O
que você faria para 2016? Como implementar e por que?
Para
a semana que passou, a
exigência básica foi treinamento intensivo e preparação para o
classico, mas
parece que não adiantou... tem uma tese do Grande Mouta, que começa
a me convencer: “Quanto
mais o Flamengo treina, pior fica”...
Para
2016 muitos foram os conceitos, também. Conceitos como: ambição,
base, identidade, reformulação do elenco, jogadores de peso,
responsabilidade (dos
atletas),
profissionalismo, mudança de perfil do elenco.
Teve um curioso,
“mais
treinamentos na praia”,
que vinha seguido
de “cobrança”,
o que faz mais sentido, pois se pensou no contato com a torcida.
Também teve sugestão de nomes para o elenco e “Tratar
o futebol como as finanças”.
A
resposta mais esperada por mim e citada por alguns foi o término
do Centro de Treinamento.
Pode não parecer, apesar de ser uma exigência cada vez mais citada
pela torcida, mas o clube precisa terminar as instalações dos
profissionais. Na minha opinião, precisa
definir o que deseja de um CT e cortar o que for supérfluo.
Mas tem que acabar! Deve saber qual o caminho. Falo sobre isso em
duas
outras
colunas,
para quem quiser reler e conferir. Vale buscar:
http://www.butecodoflamengo.com/2015/08/ct-e-obrigacao-mas-qual.html
e
http://www.butecodoflamengo.com/2015/08/futebol-ct-o-foco-esta-no-lugar-certo.html.
A
sexta questão foi: Sem
o Maracanã, onde poria o Flamengo pra disputar as partidas? Qual
seria decisão?
Essa
é uma resposta de caráter mais
pessoal
do que técnico. Eu sou fissurado neste assunto, como os que
acompanham sabem, não consigo enxergar possibilidades políticas de
resolução desta questão. Essa é minha maior frustração. O tempo
vai passando e não vislumbramos
solução.
Tecnicamente, já dei diversas sugestões. A maioria deseja uma
solução na cidade do Rio de Janeiro, outros um clube itinerante.
Faria um modular na Gávea para 20.000 pessoas e depois um projeto
consistente. Com ou sem Maracanã. Este modular seria um belo teste
para
se pensar e cobrar coisas maiores para o futuro.
A
última pergunta,
como já ressaltado semana passada é uma questão de um dos grupos
postulantes à presidência do clube, em dezembro: O
que privilegiar em 2016: Finanças, Futebol ou Patrimônio? Como e
por que?
A
resposta dos sócios foi Finanças.
Com certa vantagem sobre futebol e patrimônio. No
Buteco houve quem contestasse a esse questionamento, com pessoas
dizendo que a pergunta era ruim. A resposta foi bem distribuída. Dos
25 que contribuíram, quatro
falaram diretamente sobre finanças, quatro
sobre patrimônio e seis
sobre futebol. A questão era a mais objetiva de todas, mas as
respostas foram as mais subjetivas possíveis.
Não
fiquei louco ou burro (rs), sei que 4
+ 4 + 6 = 14.
A maior parte das respostas foram para EQUILÍBRIO. Vocês são
loucos! Não dava pra responder o que perguntei? Futebol é um
esporte apaixonante e o Flamengo, nossa razão de estar aqui,
transformou nossa torcida em uma torcida mais racional, mesmo vindo
de duas derrotas consecutivas (agora três, e uma goleada para um
rival). Foram
11
pessoas que responderam equilíbrio, e mesmo assim, muitos dos que ão
responderam equilíbrio tocaram no conceito de alguma maneira.
Como podem perceber, as respostas são mais complexas do que se
poderia imaginar. Futebol não é tão simples e os fatores que podem
influenciar uma vitória ou uma derrota no futebol brasileiro são
muitos, o que se comprova na multiplicidade de respostas que recebi,
e inclusive, nas minhas próprias respostas, já que elas se
entrelaçam nos temas das outras perguntas. O todo é complexo e
entrelaçado, um aspecto influencia diretamente no outro. Isso não
nos transforma em “selfie boys” ou em “coxinhas”. Os tempos
são outros e teremos de conviver com isso. O Flamengo é múltiplo e
uno. Desejamos um clube mais forte, o mais forte. Obrigado à
rapaziada que respondeu! E a todos os leitores silenciosos ou não.