Campo principal do CT do Bayern de Munique e estrutura ao fundo. Nada de anormal. |
Nas últimas semanas conversei
com interessados no assunto Centro de Treinamento, ouvi coisas que
tentarei desenvolver no post. O tema “está na moda”, porque “CT
é obrigação!”, mas qual a capacidade de construção do
Flamengo? Outra questão que se sobrepõe é o desejo do clube, além
de sua necessidade. O que o clube deseja em um CT? Fato é a
urgência, a necessidade de uma melhor utilização do Flamengo pelo
seu centro de treinamento, mas o quanto disso é imagem (carrinho,
matagal, lama...), o quanto disso é realidade? Só indo no CT (ou
ouvindo quem já foi lá) para ter uma noção da situação atual,
não dá pra ter essa noção só com o visual (jornais e TV).
Futuro CT do Manchester City. Coisa de outro mundo. |
Basicamente um centro de
treinamento de alto nível no Brasil se divide em dois tipos, um de
academia de excelência ou de hotelaria de excelência. O que
precisamos? Para onde caminharemos? Repito, o que o clube deseja?
Nós, torcedores, queremos tudo “pra ontem” e a estrutura mais
completa possível. Os dois caminhos apontados desembocam num
terceiro, mais completo: uma Academia moderníssima (o clube
tem ótimos equipamentos, acordo com uma empresa de equipamentos,
pode e deve ampliar o espaço); um CT com Hotelaria de ponta,
pensando no conforto, recuperação, bem-estar, no trabalho mental,
preparação durante a semana, relação alimentação/descanso, etc.
Nisso o clube peca; por último, em um Centro de excelência,
recuperação, atletas, preparação individualizada, mínimos
detalhes (já existe na Gávea para os esportes olímpicos,
funcionamento recente, o
CUIDAR
- Centro Unificado de Identificação e Desenvolvimento de Atletas de
Rendimento). Ideal.
Contextualizando, temos o caso do
Fluminense, que tem o CT da base na Baixada fluminense e treina com
os profissionais nas Laranjeiras, em condições precárias. Sobre o
profissional, nada a declarar, mas sobre a base, o irmão do Vinícius
Norske tocou numa questão sobre a qual, confesso nunca ter pensado.
Um dos motivos da captação de jogadores para a base em Laranjeiras
pode ser Xerém, a pode ser a localização do CT. A baixada é uma
região de grande densidade populacional e distante tanto da Gávea
quanto do Ninho do Urubu, em Vargem Grande. Distante das Laranjeiras,
também.
Com esta perspectiva, o Flamengo
poderia “cobrar o terreno que a prefeitura lhe deve” para a
construção de um CT para a base. Mas não na barra da Tijuca e
adjacências, o lugar “perfeito” seria na região de Campo
Grande/Bangu/Santa Cruz. Essa região tem grande densidade
populacional, a maior da cidade do Rio de Janeiro e proporcionalmente
tem, por pesquisas de opinião, 54% de torcedores do Flamengo. Uma
das maiores percentagens do estado. Além disso, um terreno em Campo
Grande, perto da avenida Brasil é muito mais barato que na região
da Barra.
O clube tem parcerias com o Nova
Iguaçu na baixada e com o CFZ na Barra da Tijuca e atenderia a estas
regiões. Na Zona Oeste (mais densa e distante do Ninho) não existe
este tipo de convênio. Penso que o Flamengo ganharia com o “novo
CT”, mesmo que haja espaço para o CT da base no Ninho do Urubu,
mas penso que o Flamengo poderia usar este terreno como centro de
captação de jogadores. É só uma ideia, com custos, contudo
poderia se pagar no futuro...
O que existe de concreto é o CT,
com projetos de captação de parceiros. É necessário acelerar a
construção ou reprojetar, criar um modelo novo que possa garantir
uma construção mais rápida e eficaz. A construção deve ser
escalonada por módulos, como já ocorre. Me pergunto sobre o
projeto, que não é novo: ele é atual ou já ficou obsoleto?
Existem técnicas mais modernas e baratas? Não sei. Nunca fui. Vou
tentar apresentar algumas ideias e modelos existentes.
Normalmente se escolhe em
estruturas de concreto, por tradição arquitetônica, como já
explicou o Neo em comentários no Buteco do Flamengo. Foi uma época
única da arquitetura contemporânea brasileira, reconhecida
internacionalmente, mas seria o ideal para o que o Flamengo deseja?
Pela segurança, por fatores que expliquei acima, o concreto armado
ou o pré-moldado, são sim opções boas para a construção do CT.
Mas não são as únicas.
No meio do caminho, existem
estruturas em módulos pré-moldados e aço, que poderiam agilizar o
processo de término do CT, desde que se modifique o projeto. O
exemplo do CT que foi construído para a Alemanha na disputa da copa
do mundo, ano passado é bacana. Pequenas vilas, onde os atletas se
instalavam em módulos para 6 pessoas, casas pequenas, porém com boa
estrutura. Sem mimo.
CT da Alemanha, na Bahia. |
Vejo como ideal, para este
momento do clube, de forma transitória, que sustente por 10, 15
anos, uma vila de casas baseadas em contêineres. Sim, contêineres!
É uma estrutura um pouco mais leve, móvel, moldável de acordo com
suas necessidades. E sim, muito bonita! Vi exemplos na internet que
são inacreditáveis para nós que estamos acostumados com concreto.
Tais estruturas já são utilizadas na Europa, nos EUA e um pouco no
Brasil. Mas bem pouco.
Exemplos de construções baseadas em contêineres. |
Talvez esse seja o melhor caminho
para que o Flamengo, reprojetando sua estrutura, consiga construir um
CT o mais rápido possível. Obviamente se faz necessária a obtenção
de verba para tal. Essa estrutura durando 10 anos seria tempo
suficiente para que o clube consiga dinheiro para pensar em algo
definitivo lá na frente, com um caixa bem mais folgado, e
com administrações responsáveis, espero.
Melhor o pé no chão, do
que uma interminável megalomania oba-obística, onde o Flamengo pode
tudo e se ferra por isso. É preciso também vontade política e
responsabilidade com o condutor do patrimônio do clube e dos
projetos. Que eles sejam tocados, para que o Flamengo seja maior a
cada dia, dentro e fora de campo. E vamos, Flamengo!
P.S.: vídeo de uma construção em time lapse de edificações resistentes, rápidas e amigáveis ao meio ambiente.