O respeito não se declara. Ele apenas existe. Tem. É um atributo que uma pessoa ou instituição angaria ou reconquista. O Flamengo tinha perdido o respeito sim. Péssimas e desastrosas administrações sucessivas, que não pagavam as dívidas, acumulavam rompimentos de contratos diversos, deixando vários fornecedores na mão e distantes do Flamengo, assim como agentes e jogadores de alto nível. O Flamengo dava medo de não receber. De ter que cobrar na justiça depois. De não saber se o clube depositaria o FGTS direito ou não. Enfim, Flamengo saiu de 2012 como terra arrasada. Pendurado em dívidas, quase sem crédito, zombado pela mídia e com a torcida desesperada por esta situação que perdurava já há bastante tempo.
Mas veio a eleição da "Chapa Azul" e, ao contrário do Vasco, aí sim o respeito passou a ser presente, no dia-a-dia, nos atos do clube, no exercício de poder do presidente e dos VP´s. O Clube se ajustou administrativamente, financeiramente, caiu nas graças de associados, torcedores e até empresas, que passaram a contribuir com programas como Fla Em Dia, Flamengo da Nação, Anjo da Guarda, programas de incentivos fiscais e mesmo de Sócio-Torcedor. Torcedores de todos os rincões, mesmo distante de qualquer possibilidade de assistir um jogo de seu Mengão em estádio próximo, se tornaram ST, com muito orgulho. Torcedores se associaram na modalidade Off-Rio querendo participar do processo eleitoral. Querem votar, estar juntos deste processo democrático importante.
E nesta situação como nos encontramos? O Clube do Flamengo recuperando sua IMAGEM. Sua vocação de liderança institucional, por exemplo, no formidável processo da MP do Futebol que Eduardo Bandeira tomou a frente. E tb em votações internas que instituíram a Lei de Responsabilidade Fiscal Rubro negra, dificultando que futuros dirigentes façam mal uso das finanças do clube.
Nós, como torcedores e mesmo associados, não podemos deixar que este novo Flamengo desmorone. Infelizmente a Chapa Azul brigou entre si. Diferenças de pensamento, de discordância de formas de atuação, ao meu ver, nada tão grave que pudesse ter uma ruptura tão forte. Mas o fizeram. Paciência. Está entre nós, torcedores, associados, optarmos pela alternativa que mantenha a estrada que o Flamengo passou a percorrer, não desvie nos caminhos de discurso populista, da quebradeira das finanças, de candidatos a dirigentes que almejam usar o clube de trampolim para política.
E neste momento, nesta estrada azul, há duas opções: A do EBM (Eduardo Bandeira de Mello), que segue uma linha mais ponderada, estadista, equilibrada no discurso e que está sendo importante para agregar os dirigentes, associados e torcida na mesma linha de pensamento e conduta. E a do Wallim/Bap, a linha do "núcleo executivo forte", com grande alavancagem no marketing, mas que já romperam uma candidatura em 2009 com a Fla21 e agora romperam com o conselho diretor em 2015. Ambos têm força e popularidade. Ao passo que Wallim/Bap tem mais rejeição pela atuação do Wallim enquanto VP de Futebol e talvez pela postura do Bap em relação a cobrança de preços de ingressos e na campanha de"obrigatoriedade" de ser ST, que irritaram muitos. Mas as cartas ainda irão se espalhar mais na mesa. E espero que o respeito seja mútuo em ambos os lados desta campanha.
Por Flavio H Souza
twitter: @PedradaRN