sexta-feira, 17 de julho de 2015

O Resgate da Credibilidade Esportiva do Flamengo






Irmãos rubro-negros,


passados dois anos e meio do início da atual gestão, podemos dizer que, do ponto de vista administrativo e financeiro, o trabalho até aqui realizado é bastante exitoso.

O processo de resgate da credibilidade institucional do Flamengo, que se apresentava como o maior e mais importante desafio do primeiro triênio da gestão, tornou-se um sucesso graças ao trabalho incansável da diretoria.

Ninguém poderia imaginar que, em tão pouco tempo, o clube, que era sinônimo de calote e caos administrativo, seria reconhecido, no Brasil e alhures, como um exemplo de gestão responsável e ética.

Os méritos da diretoria nessa seara são inquestionáveis, e não creio existir rubro-negro que seja saudoso de tempos recentes, obscuros, em que os dirigentes, em vez de servirem ao Flamengo, dele se serviam.

Alcançado, porém, esse primeiro e tão relevante objetivo, com o controle das dívidas, e resgatada a credibilidade institucional no plano administrativo e financeiro, cumpre dar o próximo passo: o resgate da credibilidade esportiva do Clube de Regatas do Flamengo.

...

Esse resgate, embora tenha nele um ponto fundamental, vai muito além dos resultados imediatos do campo.

Em outras palavras: o resgate da credibilidade esportiva do Flamengo passa pela conquista de títulos e pela formação de equipes vencedoras, mas não se esgota nisso.

O Flamengo precisa se fazer respeitar não apenas dentro de campo, mas também fora dele.

São várias as situações que demonstram estar o Flamengo ainda muito longe de resgatar sua proeminência esportiva, seja perante sua própria torcida, seja perante terceiros.

E repito: não me refiro ao que acontece dentro de campo, mas fora dele.

Exemplo: o presidente Eduardo Bandeira de Mello foi publicamente ofendido pelo Rubinho. Ele tinha duas alternativas: pular a mesa e enfiar a mão na cara daquele vagabundo; ou retirar-se da reunião. Ele optou pela segunda, acertadamente, a meu ver. Mas o ato de levantar-se e sair da reunião, sendo ele presidente do Flamengo, representava ali o ato de retirada do próprio Flamengo do campeonato. "Ah, mais não pode abandonar o campeonato". Então que pusesse em campo o time reserva e fizesse de tudo para esvaziar a competição. Mas curvando-se às imediatas necessidades financeiras, preferiu-se jogar a competição "sob protesto". Esse disputar "sob protesto" foi, na verdade, apenas figura de retórica, pois o Flamengo jogou a competição pra valer, encheu o Maracanã com sua torcida, canalizou muitos milhões para os cofres da Ferj e do Rubinho, e como prêmio foi alijado da final, após ter sido vítima de um roubo descarado dentro de campo. Ou seja: um vexame dentro e fora de campo. Fomos os otários da competição e pagamos a conta da festa alheia.

Outro exemplo: Jayme de Almeida. Um técnico que aos setenta anos de idade nunca havia treinado um clube grande, vivendo sempre à sombra de ex-companheiros que se tornaram técnicos de sucesso. Pois o Flamengo deu-lhe a única oportunidade de sua vida para trabalhar num clube de enorme expressão. Depois da conquista de um título emocionante, o trabalho do Jayme mostrou-se muito ruim. O que fez o Flamengo, assim como faria qualquer clube do mundo? Demitiu o treinador. O Jayme, em vez de demonstrar gratidão pela chance inédita dada pelo Flamengo em sua carreira, protagonizou uma campanha sórdida de difamação do Flamengo e da diretoria do clube. Ele poderia ter evitado tudo o que ocorreu, bastando para isso que mostrasse agradecimento ao clube. Mas onde havia uma fogueira, o Jayme tratou de jogar gasolina. Quase um ano após esse episódio lamentável, o que fez o Flamengo? A pedido do Vanderlei Luxemburgo, vejam de quem, recontratou o Jayme de Almeida. Parece piada, mas infelizmente não é.

Outro exemplo: Vanderlei Luxemburgo. Era de conhecimento geral que ele veio para o Flamengo com prazo de validade. Veio para tirar o time da situação desesperadora em que nos encontrávamos no Campeonato Brasileiro do ano passado. Profissional de caráter duvidoso, era evidente que, na primeira oportunidade, ele deveria ser demitido. E a chance surgiu quando do vergonhoso revés no jogo de volta pela semifinal da Copa do Brasil. Depois da partida, ao mostrar seu verdadeiro caráter, ele derreteu-se em elogios ao presidente do adversário, sinalizando duas coisas: seu desapreço pelo Flamengo e pela diretoria do clube, e a completa tibieza da sua personalidade. Mas vá lá, o Brasileiro ainda não havia terminado, embora o perigo estivesse sob controle, e demiti-lo na ocasião seria insensato. Tão logo terminado o certame, porém, ele deveria ter sido colocado na rua. Imediatamente. No entanto, ele foi prestigiado, permaneceu no clube, trouxe Pico, Thalysson e mais meia dúzia de bagaços, e após realizar um trabalho medíocre no primeiro semestre deste ano, com direito a abanar o rabo para um time paulista, foi finalmente demitido. E o quê fez a nobre figura? Na primeira entrevista após a demissão, desancou de alto a baixo a diretoria do Flamengo.

Aliás, o ato covarde do Mano Menezes não foi também um grande gesto de desrespeito ao clube e à diretoria?

Por que isso tem ocorrido com indesejável repetição? Por que vários profissionais, quando saem do clube, manifestam essas impressões extremamente desrespeitosas?

Por que o Flamengo, sob a batuta do seu presidente, celebrou um "acordo de cavalheiros" com um adversário que sempre nos encarou como inimigos, e que sempre procurou nos prejudicar? Um acordo que nos foi extremamente nocivo, e inaceitavelmente benéfico ao adversário? Por que, presidente? Multa, apresentação antecipada, liberalidade do empresário? Qual será a desculpa para justificar esse ato? A verdade é que nada explica a celebração de um ajuste verbal altamente prejudicial aos interesses do Clube de Regatas do Flamengo.

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A lista, sem ser exaustiva, não termina por aqui.

Não poderia, nessa breve explanação, deixar de mencionar uma situação que tem causado grande desgosto à Nação Rubro-Negra: a relação do clube com o Maracanã e com os times visitantes.

Amigos flamengos, desde a reabertura do Maracanã, em 2013, temos visto o Consórcio que administra o estádio desenvolver uma política de atração das torcidas de fora do Rio de Janeiro.

Sinceramente, acho isso sensacional.

Desde que o mesmo tratamento seja dispensado ao torcedor do Flamengo quando jogamos fora de casa.

Porque não existe argumento algum que possa explicar o fato do torcedor rubro-negro ser tratado como gado, quando o Flamengo joga fora de casa, e o torcedor visitante ser recebido com tapete vermelho no Maracanã, podendo inclusive escolher o setor do estádio que melhor lhe aprouver.

Alguém imagina o torcedor do Flamengo, fora de casa, dividindo o setor do meio de campo com o palmeirense? Ou com o santista? Ou com o atleticano? Ou com o corintiano? Ou com o cruzeirense? Ou com o gremista? Ou com o colorado? Ou com o são paulino?

Alguém imagina o torcedor do Flamengo comemorando um gol no meio dos adversários na casa deles?

Então, com o perdão do meu latim, por quê cacete o torcedor visitante pode zoar o rubro-negro em pleno Maracanã?

É evidente que o Consórcio, visando exclusivamente seu objetivo de maximização dos lucros com a exploração do estádio, tem se esforçado para fazer do Maracanã um "campo neutro".

E essa política reprovável, que se opõe frontalmente aos interesses esportivos do Flamengo, teve um episódio de particular relevância no último domingo, quando não apenas permitiu-se ao adversário transitar livremente por onde desejasse, compartilhando com o torcedor flamengo espaços e setores que nos são vedados quando somos nós os visitantes, mas ainda chegando ao absurdo de executar o hino deles antes da partida.

E eu pergunto: presidente Eduardo Bandeira de Mello, por um acaso será celebrado um "acordo verbal" para que o hino do Flamengo também seja executado no estádio do adversário quando lá jogarmos?

Mais: por que eles, assim como o Palmeiras, sob o pretexto canhestro da "segurança", disponibilizam para nossa torcida uma carga de ingressos muito inferior aos 10% determinados pela lei?

O Flamengo então é um clube cidadão apenas quando cabe a ele cumprir a lei?

Quando cabe ao Flamengo exigir do adversário tratamento idêntico ao que a ele reservamos no Maracanã, ou impor com firmeza as mesmas condições a nós dispensadas quando somos visitantes, o clube torna-se subserviente?

Isso não pode sequer ser objeto de conjecturação.

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Amigos, não penso que o Flamengo deva sair aos tapas por aí sempre que se sentir lesado em seus interesses.

Tampouco acho, embora pense ser louvável, que o Flamengo deva concentrar suas energias na moralização do futebol brasileiro, como vimos na luta pela aprovação da MP do Futebol.

O que este humilde, porém sincero, texto propõe, é que o Flamengo, o clube que amamos, uma vez obtido o controle das dívidas e resgatada a credibilidade administrativo-financeira,  passe a lutar pelo resgate do respeito esportivo da instituição.
 
Que o Flamengo seja respeitado e temido.

E isso não será obtido apenas com a formação de equipes vencedoras ou com a conquista de títulos.

Na realidade, o resgate da credibilidade esportiva do Flamengo somente será pleno se o êxito dentro de campo for acompanhado, fora dele, de uma mentalidade vencedora e alinhada com a mais genuína tradição rubro-negra.

E essa mentalidade não requer dinheiro, nem estrutura e muito menos "conhecimento de futebol", mas apenas uma postura adequada e valente de quem representa o Clube de Regatas do Flamengo.

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 Abraços e Saudações Rubro-Negras a todos.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.