"Goleiro deve dormir com a bola. Se for casado deve dormir com as duas", dizia o folclórico Neném Prancha, ex-técnico de futebol de praia, roupeiro, massagista e filósofo do futebol, para enfatizar a importância de um goleiro estar sempre em ritmo de jogo, o que significa estar permanentemente com os reflexos apurados e tempo de bola;
O Flamengo não saiu do primeiro tempo do jogo contra o Goiás perdendo por dois ou mais gols em virtude da ótima atuação do goleiro César, cuja passagem pelo time no lugar de Paulo Victor, que está afastado por ter fraturado a fíbula em um treino no CT, expõe de forma muito clara a dificuldade que enfrenta um garoto da base para se firmar entre os titulares do esquadrão rubro-negro e que, muitas vezes, o leva a ser negociado para brilhar em outros lugares onde há um modelo bem sucedido e estabelecido para a transição das divisões inferiores para os profissionais;
Sem jogar há cinco meses graças à falta de uma rotina de rodízio para manter a forma dos goleiros reservas, foi escalado às pressas para substituir o dono incontestável da posição, não convencendo plenamente de imediato em suas primeiras atuações;
O que fez o Departamento de futebol do clube, conforme amplamente noticiado, no início deste mês? Foi ao mercado à procura de um novo jogador, fixando-se inicialmente no veterano Dida, reserva de Muriel no Internacional, tendo os gaúchos rejeitado a transação em função do afastamento, por lesão, do goleiro Alisson;
Eis que a sorte grande bateu nas portas da Gávea! Gradualmente, César ganhou confiança com o passar dos jogos, se firmou na posição até a volta do indiscutível titular e no Flamengo não se falou mais de uma possível contratação para a posição;
Imagino que, se a transação com o Colorado fosse concretizada, mais uma promessa voaria chamuscada para outras plagas, fazendo-nos daqui a pouco tempo lamentar que mais um Campeão da Copinha de 2010 não vingou entre os titulares do clube;
Cabe uma pergunta: não vingou por algum problema do próprio atleta ou não souberam fazer vingar? E mais outra: Qual o modelo de gestão da carreira dos nossos craques das diversas sub's existentes no Flamengo, se é que existe esse cuidado?
Creio serem respostas difíceis, pois, daqui do outro lado do muro parece que vivemos na labuta de apagar chamas, sem tempo e gente qualificada para desenvolver um trabalho nos moldes do realizado pelo ex-centro-avante vascaíno, Delém, no hermano River Plate, onde revelou gente do porte de Ariel Ortega, Hernán Crespo, Marcelo Gallardo, Pablo Aimar, Solari, Javier Saviola e D´Alessandro (http://www.futebolportenho. com.br/2012/03/29/cinco-anos- sem-delem/).
Urge analisar profissionalmente a transição entre as categorias do Flamengo e adotar medidas que atenuem ou anulem as perdas do ouro garimpado, para que não fiquemos eternamente dependentes da sorte como no presente caso.
SRN!