Há exatamente um ano vivíamos as emoções de mais uma Copa do Mundo disputada no Brasil. Sim, teve Copa, apesar do slogan "Não vai ter Copa" cantado em prosa e verso pelos sem causa e sem nada de melhor para fazer. Com bons jogos, emoções, ótimos lances e jogadas, presença popular, segurança e o vexame do país do futebol, dono da casa, que levou um banho de bola no famoso 7 a 1 com tempero alemão;
Essas vergonhas perpetradas trazem tristezas por um lado e ensinamentos por outro. As primeiras já foram devidamente digeridas e, hoje, aquela histórica goleada tornou-se motivo de piada entre nós, críticos dos arcaicos métodos da CBF e das federações, e das mazelas recorrentes do futebol brasileiro. Os segundos vão transitando ao largo, como um navio no oceano em frente ao litoral, e os dirigentes fazendo cara de paisagem como se nada tivesse acontecido naquela melancólica tarde no Mineirão;
Para não dizer que nada foi feito, presentearam os nativos tupiniquins com mais do mesmo: a troca de técnico da seleção. Saiu Felipão, que entra para história duas vezes, uma delas laureado pela conquista do Campeonato Mundial de 2002 e a outra sob o peso do saco de bolas alemães que carregará para sempre nas costas, e retornou Dunga, inserido nessa linha do tempo em três ocasiões: uma inexpressiva, em 1990, rotulada com Era Dunga, a segunda de forma gloriosa na condição de capitão do time do Tetracampeonato, em 1994, e a última de triste lembrança, responsável que foi pela truculenta condução do selecionado, ao lado do ex-lateral Jorginho, em 2010, quando os holandeses carimbaram com categoria a nossa passagem de volta para casa;
Ao espremer os currículos desses profissionais a serviço da seleção, nas glórias e nos lutos, vejo no empate um bom resultado considerando os pesos de cada situação, se bem que os dissabores vividos pelo Felipão dentro de casa, diante de grande expectativa positiva da torcida brasileira, sejam para nenhum produtor de filme de terror encontrar defeitos;
Citei a única medida adotada pós-Copa, a de sempre ante o fiasco, e penso em várias que poderiam começar a mudar a face desse futebol fracassado. Fico animado com a possibilidade de dinamizar as divisões de base dos nossos clubes a partir da criação do Campeonato Brasileiro de aspirantes, nos mesmos moldes que existiam em níveis estaduais nas décadas abundantes de craques de todos os naipes, quando as partidas eram jogadas como preliminares dos jogos principais e os times formados com jogadores em fase de transição para os profissionais, acrescidos daqueles que não vinham sendo aproveitados entre os titulares;
Portanto, serviriam para dar experiência aos garotos, recuperar a forma de jogadores lesionados e encostados, e levar o público a chegar mais cedo aos estádios. Como um projeto piloto, tal competição poderia começar sendo disputada no Segundo Turno da atual Série A com os custos bancados por uma das responsáveis pelo melancólico estado de coisas, a CBF. Medida semelhante seria adotada nos futuros Campeonatos Estaduais. Que tal?
Passar por aqui e não falar de Flamengo é como ir a Roma e não ver o Papa. Pois, saúdo com satisfação a apresentação do Sheik, o novo reforço rubro-negro. Menos pela admiração do craque que não é, mas porque o time do Flamengo precisa de mais jogadores com o seu perfil de liderança, vibrador, aguerrido e que, sobretudo, incomoda-se em perder porque tem nas veias o gosto pelas vitórias;
Bem vindo de volta à casa, Emerson!
SRN!