segunda-feira, 29 de junho de 2015

As Profundezas da Incompetência Sem Fim

Qual é o limite da incompetência na administração do futebol profissional? Alguém saberia descrever? O que vejo hoje no Departamento de Futebol do Flamengo me assusta, até porque tudo indica que a situação pode piorar. O time em campo é um retrato deprimente da absoluta desordem e falta de direção fora das quatro linhas. Oito treinadores em dois anos e meio de gestão. Oito! E o treinador atual dá sinais de que está completamente perdido e sem saber o que fazer para dar um mínimo de organização ao time. Na direção do futebol, até aqui três executivos, todos com poderes limitados ou esvaziados por um tal de "Conselho Diretor" que se revela um retumbante fracasso em nível de planejamento e execução de ideias. Não se consegue identificar as características que se deseja ter no time profissional, o elenco sofre mudanças de acordo com a pressão do momento e dos profissionais que vêm e vão em um ritmo frenético a cada semestre e o elenco dá todos os sinais de que não tem um mínimo de comprometimento com o clube.

A situação é complexa. Em meio ao caos, sem comando e diretrizes definidas, é incomum, para não dizer impossível, reunir forças e organizar a reação, porém o momento é particularmente delicado porque a desordem é de tal maneira sistêmica que a maior dificuldade talvez seja saber por onde começar. O que fazer? Demitir o treinador e contratar o nono em dois anos e meio? E quem seria o novo treinador? A quem ele se submeteria? Com base em quais critérios? O tal "Conselho" seria capaz de defini-los e fazer o que não fez até aqui com um mínimo de sucesso? Seria um novo salvador como foi Vanderlei Luxemburgo em 2014?

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O que fazer para combater a falta de brio e de coragem do time dentro de campo? Limitações a parte, o Flamengo perdeu ontem para um time com o meio campo armado por Jhon Cley e Júlio César (lateral). Um time que bateu lateral para fora por pelo menos duas oportunidades nos noventa minutos. Um time que teve 32% (trinta e dois por cento) de posse de bola. O treinador não demonstra possuir critérios coerentes que expliquem as mudanças táticas de acordo com os adversários - joga aberto contra os mais fortes e com a defesa protegida contra os mais fracos. Porém, pior do que isso é constatar que jogadores que em tese deveriam ser titulares ou assumir a responsabilidade rotineiramente não o fazem, como é o caso de Everton, que pede para ser substituído nas situações mais delicadas, ou de Paulinho, que não apresenta um desempenho físico em campo compatível com o de um atleta profissional de futebol da Série A do Campeonato Brasileiro.

Por mais que eu encontre motivos para criticar um treinador que termina o jogo com três volantes e sem lateral esquerdo, que escala o Canteros nas pontas esquerda, primeiro, e direita, depois, eu sou forçado a reconhecer que o pedido de substituição (mais um!) de Everton tornou sua missão ainda mais difícil. Mas por que será que Everton se sente tão a vontade para fugir das partidas mais complicadas? Será que não se sente a vontade pelo absoluto vácuo de poder e liderança que existe no Departamento de Futebol? Um exemplo claro disso é o lateral esquerdo Armero, que acaba de sair do FC Milan, da Itália, e, terminada sua participação na Copa América, pela seleção colombiana, coloca-se a disposição para viajar a Cuiabá e jogar, mas a Diretoria Blasé, o Conselho "Todo Poderoso" e senhor de si e de suas ideias mirabolantes, de forma arrogante e obtusa resolve simplesmente lhe dar folga (!) até segunda-feira e considera suficiente o roliço e instável Anderson Pico, que não por acaso foi o caminho da única jogada de gol do Vasco da Gama na partida. Armero certamente ainda acha que veio trabalhar em uma estrutura profissional, mas o mais provável é que logo, logo entre no ritmo de seus companheiros com mais tempo de casa.

Então, será que a culpa é mesmo do treinador? Esse treinador dispõe das mínimas condições fora de campo para exigir dos atletas mais comprometimento? Será que é possível um grupo de atletas profissionais de futebol, no Brasil, com o tipo de mentalidade que existe entre os atletas brasileiros, respeitar uma Diretoria que age dessa forma? Que decide os destinos do setor em colegiado e delega a um diretor executivo sem poder algum a solução de todos os problemas diários? Uma Diretoria que gasta milhões para contratar o melhor centroavante do mercado mas concorda em não escalá-lo contra o antigo empregador? Uma Diretoria que não se empenha em dar melhores condições de trabalho aos atletas e finalizar o CT?

Qual será o próximo passo do "sábio" Conselho? Por onde começar? O que fazer? 

A palavra, como sempre, está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.