Salve, Buteco! Numa semana sem jogos oficiais e na qual o Flamengo deixou publicamente de ser considerado o maior devedor do país, estamos agora às vésperas do início do Campeonato Brasileiro/2015. A estreia não poderia ser mais difícil: São Paulo no Morumbi. Mas o que esperar desse campeonato? Que perspectiva podemos ter? Com ou sem "tiros certeiros"? E que tipo de "tiros certeiros" serão esses? Será que as contusões finalmente acabarão? E esse time que não engrena? Qual será o futuro do Mais Querido no futebol em 2015?
***
Sob o prisma técnico e na teoria (no papel), vejo o elenco do Flamengo em 2015 mais forte do que em 2013 e 2014, embora ainda sem equilíbrio na composição. Na prática, porém, a relação é inversa, e o time parece apenas piorar. Especificamente em comparação com 2013, o extremo positivo da atual gestão em termos de desempenho/resultado, atualmente o time se mostra menos decisivo e incisivo. Contudo, reparem que, hoje, no papel, o time é mais técnico. No meio, Canteros é mais técnico e melhor passador do que Elias, Luiz Antonio foi pra reserva mas para o meio veio Everton e Arthur Maia é bem mais ágil e participativo do que Carlos Eduardo, além de Alecsandro ser mais experiente, técnico, capaz de trocar passes e fazer lançamentos do que Hernane. E ainda temos Marcelo Cirino, veloz, inteligente e que participa da grande maioria das jogadas de gol do time, sem dúvida mais jogador do que Paulinho, ainda que se considere o de 2013. O elenco ainda tem mais opções, como Gabriel, Nixon e o jovem Matheus Sávio. O time de 2013 só ganhava em técnica nas laterais, com Leo Moura e André Santos, mas em 2015 ganhou-se muito em força física e regularidade com Pará, Anderson Pico e agora, com Armero. O elenco de 2015 em tese deveria permitir jogar com diferentes formações táticas, inclusive em velocidade, com rápidas trocas de passe, enquanto que o time de 2013 só jogava em contra-ataques ou na base do "abafa".
Porém, o "upgrade" técnico por enquanto ficou apenas na teoria e isso apenas funcionou contra times pequenos. Já nos confrontos mais difíceis, que exigiram mais do time, a boa atuação não passou de curtos períodos durante uma das etapas das partidas. Além disso, querendo ou não, Elias e Hernane eram jogadores que faziam a diferença em 2013, o que o time atual não possui. Ambos não apenas marcavam muitos gols, mas aqueles decisivos, inclusive nos jogos mais importantes. Hernane, tosco e quase incapaz tecnicamente, também era bem mais ágil e muito melhor preparado fisicamente do que Alecsandro, e marcava os gols em clássicos que até aqui Marcelo Cirino não foi capaz de marcar.
Tudo isso reforça a tese de que o time de 2013, além de mais decisivo, era mais agudo e possuía maior capacidade de agredir e pressionar os adversários, inclusive mantendo o padrão de jogo por boa parte dos noventa minutos, ainda que dentro de sua limitadíssima proposta, coisa que ainda não vimos em 2015. Quem sabe essa falta de intensidade e objetividade não seja que nos leve a dizer que falta "alma" ao time atual?
Estamos agora na expectativa de que a mini pré-temporada venha a ser sucedida por uma sequência de jogos no Brasileiro, mas sem as contusões que vitimaram o elenco até aqui, viabilizando a reversão desse quadro. Mas será que não é vã esperança de coração rubro-negro? A verdade é que o torcedor anda desconfiado e com razão: já se vão cinco meses do ano e nada do Flamengo convencer, quando até no enfadonho ano de 2014 o time conseguiu apresentar algumas boas exibições, ainda que ocasionais. Será que quando o nível de exigência subir esse time será capaz de elevar o seu padrão de atuações?
Porém, o "upgrade" técnico por enquanto ficou apenas na teoria e isso apenas funcionou contra times pequenos. Já nos confrontos mais difíceis, que exigiram mais do time, a boa atuação não passou de curtos períodos durante uma das etapas das partidas. Além disso, querendo ou não, Elias e Hernane eram jogadores que faziam a diferença em 2013, o que o time atual não possui. Ambos não apenas marcavam muitos gols, mas aqueles decisivos, inclusive nos jogos mais importantes. Hernane, tosco e quase incapaz tecnicamente, também era bem mais ágil e muito melhor preparado fisicamente do que Alecsandro, e marcava os gols em clássicos que até aqui Marcelo Cirino não foi capaz de marcar.
Tudo isso reforça a tese de que o time de 2013, além de mais decisivo, era mais agudo e possuía maior capacidade de agredir e pressionar os adversários, inclusive mantendo o padrão de jogo por boa parte dos noventa minutos, ainda que dentro de sua limitadíssima proposta, coisa que ainda não vimos em 2015. Quem sabe essa falta de intensidade e objetividade não seja que nos leve a dizer que falta "alma" ao time atual?
Estamos agora na expectativa de que a mini pré-temporada venha a ser sucedida por uma sequência de jogos no Brasileiro, mas sem as contusões que vitimaram o elenco até aqui, viabilizando a reversão desse quadro. Mas será que não é vã esperança de coração rubro-negro? A verdade é que o torcedor anda desconfiado e com razão: já se vão cinco meses do ano e nada do Flamengo convencer, quando até no enfadonho ano de 2014 o time conseguiu apresentar algumas boas exibições, ainda que ocasionais. Será que quando o nível de exigência subir esse time será capaz de elevar o seu padrão de atuações?
***
Pensando em como reforçar o atual elenco, chega a ser curioso lembrar que nenhum dos dois exemplos dados - Elias e Hernane - foi planejado para ser "decisivo" ou o "referência" do time em 2013. Elias, "encostado" no Sporting Lisboa, veio como uma oportunidade, assim como antes dele, em momentos distintos, vieram Fábio Luciano e Maldonado, e deu ainda mais certo do que estes porque também conseguiu ser artilheiro e decidir em momentos cruciais. Hernane foi uma aposta como também já foram Toto (década de 90), Val Baiano, Vandinho, Wanderley, Jael e tantos outros, com a diferença de que deu muito certo, pois protagonizou na conquista do segundo maior título nacional e caiu nas graças da torcida rubro-negra.
Não é fácil, embora não seja impossível contratar um jogador que se encaixe no elenco e no time principal a ponto de se tornar uma referência e artilheiro protagonista que "resolva" as partidas mais importantes e decisivas, além de ter potencial de ídolo - tanto Hernane quanto Elias teriam se tornado ídolos do clube se houvessem permanecido e mantido o nível de atuação de 2013 por mais tempo. Aliás, os ídolos e referências no Flamengo têm, na maioria das vezes, embora não todas, surgido de situações inesperadas e às vezes inusitadas, como a menosprezada volta de Petkovic em 2009. Bem que isso poderia mudar um pouco e o planejamento funcionar melhor, pois surpresas desse naipe tendem a ser esporádicas.
Em tese, um meia que seja também artilheiro e um volante que chegue bem à área, além de outro atacante que também seja artilheiro são jogadores perfeitamente compatíveis com Marcelo Cirino e Canteros. Mais do que isso, podem com eles se entender perfeitamente bem, fazendo não só ambos, como o restante do time render bem melhor. É importante lembrar que o problema do meio não se resume à ausência do meia, pois Canteros é o único segundo volante do elenco, já que Cáceres, Márcio Araújo e Jonas, se não jogarem exclusivamente como primeiros volantes, comprometem seriamente o setor de criação, e Luiz Antonio, além de irregular, rende melhor ofensivamente apoiando pelo lado direito do campo, e portanto não chega a ser um volante do tipo organizador e distribuidor de jogo. Logo, quando Canteros não joga, estabelece-se o caos, e teremos pela frente nada menos do que o Campeonato Brasileiro e o afunilamento da Copa do Brasil.
O desafio da Diretoria está exatamente nesses "tiros certeiros", de modo a que o time do Flamengo volte a ter aquele "encaixe" da Copa do Brasil de 2013, e reparem que não estou exigindo a montagem de uma máquina de jogar futebol. Para tanto, precisará rever alguns conceitos, mas a torcida também deverá ter em mente que a própria expressão "tiro certeiro" talvez esteja sendo mal empregada. É que, mesmo elevando o nível de investimento, ainda não se atingirá o patamar que permita ter esse "nível de certeza", valendo lembrar que, a rigor, qualquer contratação no futebol traz alguma margem de risco. Mas por favor não errem na conta: são três reforços e não apenas dois.
***
Falando em riscos, e calculados, contexto no qual se enquadram as chamadas apostas, não vejo prolema algum em contratar jogadores como Arthur Maia. Mas apostar, ao menos no meu conceito (que pode perfeitamente ser equivocado), significa ter esse tipo de atleta no elenco, lançá-lo na segunda etapa de algumas partidas e progressivamente aumentar a dose de participações à medida em que corresponder. Iniciar um campeonato brasileiro com Arthur Maia, advindo do América/RN recém rebaixado para a Série C do campeonato brasileiro, como titular da criação do meio campo do Flamengo, ao meu ver equivale a Muralha substituir Elias como segundo volante no meio campo titular da Libertadores da América. E aqui nem preciso mencionar que a opção para o Arthur Maia é o Almir do Bangu, certo?
Equívocos dessa natureza são totalmente evitáveis e desnecessários, que dirá sua repetição. Não sei se são erros individuais ou coletivos, ou seja, dos treinadores de cada época ou até que ponto os respectivos diretores executivos e vice-presidentes de futebol também tiveram opinião ou mesmo aquiesceram. O certo é que, por ação ou omissão, são todos responsáveis e merecem ser criticados, e aqui o argumento do contexto das dívidas, dos limites orçamentários e do equacionamento da balança financeira do clube é absolutamente incabível e ocioso.
Outro ponto que precisa ser aprimorado é a escolha dos alvos das contratações no mercado sul-americano. A Diretoria fala em voltar ao mercado do cone sul para buscar jovens que possam trazer lucro ao clube em futuras negociações. Inevitável lembrar de Lucas Mugni. Se ainda nutro esperanças de que o jovem argentino possa vingar como segundo ou terceiro volante, pois acho que seus passes e lançamentos talvez funcionem em uma zona mais recuada do campo, na qual haverá mais espaço e maior compatibilidade com sua pouca agilidade em relação ao que a posição de meia avançado costuma exigir no futebol moderno (as exceções são os meias lentos que têm exímia noção de tempo e espaço, o que não é seu caso), o seu desempenho até aqui mostra que um jovem meia de um obscuro clube argentino, ambos sem destaque em qualquer competição de maior porte, não é a melhor opção para futuro retorno técnico e financeiro ao clube.
Não tenho como saber se seria viável um investimento no nível do feito pelo Cruzeiro, que um ano e meio depois contratou De Arrascaeta, jovem uruguaio do Defensor Sporting, então finalista da Libertadores, e que tem marcado gols em clássicos e jogos da própria competição sul-americana, já pelo clube mineiro. Tenho certeza, porém, de que as chances de retorno técnico e financeiro seriam bem maiores. Então, se a política for mesmo de trazer jovens que possam ter seus direitos federativos posteriormente negociados, os critérios precisam ser aprimorados.
Não tenho como saber se seria viável um investimento no nível do feito pelo Cruzeiro, que um ano e meio depois contratou De Arrascaeta, jovem uruguaio do Defensor Sporting, então finalista da Libertadores, e que tem marcado gols em clássicos e jogos da própria competição sul-americana, já pelo clube mineiro. Tenho certeza, porém, de que as chances de retorno técnico e financeiro seriam bem maiores. Então, se a política for mesmo de trazer jovens que possam ter seus direitos federativos posteriormente negociados, os critérios precisam ser aprimorados.
***
Eis então o desequilíbrio na formação do elenco que mencionei no início do texto. Porém, a despeito de tais problemas, considerando o conjunto penso que o time tem a obrigação de se manter na tabela ao menos três posições acima da posição que terminou ano passado. Já na Copa do Brasil, competição eliminatória (do tipo "mata-mata"), somente reforçando o meio e mediante a contratação desses jogadores "decisivos" será possível sonhar com o título. Acho que sem eles haverá grande risco de eliminação em fases mais adiantadas, salvo se contarmos com muita sorte na tabela.
Será que a Diretoria finalmente conseguirá propiciar o "encaixe" de 2013 com os chamados "tiros certeiros"? Deixo claro que esse texto não sugere a volta de qualquer ex-jogador. O tempo passa, voa, e nem a poupança daquele extinto/incorporado banco fica numa boa. Façam então suas apostas e sugestões.
Bom dia e SRN a tod@s.