Quem me segue no Twitter pôde ler, durante a semana, minhas opiniões sobre o processo sucessório do pofexô Luxa. Por entender que o mercado brasileiro de treinadores é muito escasso e pouco qualificado, eu assumiria o risco de contratar um estrangeiro mesmo no meio do ano e com todos as dificuldades de adaptação. Claro que o ideal seria que um gringo chegasse em janeiro, com uma pré-temporada para conhecer o elenco e se ambientar em uma nova cultura. No entanto, sei que não é o meu que está na reta e acabei aceitando a preferência da direção do futebol do Flamengo por um treinador made in Brazil.
Veio o Cristóvão Borges, cuja carreira começou em 2011 com o triste AVC do Ricardo Gomes. Ou seja, não tem nem cinco anos completos desde que passou de auxiliar para treinador principal do Vasco. Mesmo assim, apesar de ainda não ter conquistado um título, Cristóvão fez três trabalhos bem consistentes, com, para mim, a interessante característica de usar três esquemas de jogo diferentes. Mostra que, como deve ser um bom treinador de clube, se adapta ao material humano que tem disponível.
Vasco 2011/12

Seu time jogava basicamente num 4-3-3 com dois volantes, um lateral muito ofensivo e um outro volante improvisado na esquerda. Juninho Pernambucano era o maestro da equipe que tinha Éder Luís, um velocista, na direita e Diego Souza, um meia, aberto na esquerda. Alecsandro, ele mesmo, era o centroavante vascaíno de então.
Bahia 2013

O Bahia do Cristóvão formava em duas linhas de quatro, com o volante Fahel entre elas e o artilheiro Fernandão na frente. A equipe era muito compacta, marcava forte com Rafael Miranda e Hélder por dentro e, na transição ofensiva, Wallyson e Marquinhos Gabriel se juntavam ao atacante, contando ainda com o apoio dos laterais Mádson (esse que está no Vasco) e Raul.
Fluminense 2014

Era uma equipe que formava num 4-2-3-1 com um volante mais fixo e outro, Jean, com mais liberdade para armar a partir da defesa. Sofreu muito com a falta de um jogador de velocidade para jogar pelos flancos, já que tinha Sóbis e Wagner, além do Cícero que chegou depois da Copa. Assim, perdeu muitos pontos para times menores e deixou escapar a chance de brigar por título ou vaga na Libertadores.
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O que podemos esperar nessa passagem pelo Flamengo? Certamente um time muito mais compacto que o que vimos até hoje com Luxemburgo, uma equipe de movimentação e pressão na saída de bola do adversário. Ganhamos ontem um atacante de bastante mobilidade na frente, que protege bem a bola para a chegada dos companheiros. Podemos ter Cirino e Éverton pelos lados, Canteros na armação e ficamos esperando um volante ou meia mais vertical, que chegue na área adversária. Ou Everton mais centralizado, formando um trio de meias, com Cirino e Guerrero formando, talvez, a melhor dupla de ataque do país. E se o meia for um Elias, quem sabe, como vem sendo especulado? Esse time briga por título?
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4-3-3. variando pra 4-1-4-1 na transição defensiva |
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4-1-2-3 com Cirino ao lado de Guerrero no ataque |