sexta-feira, 24 de abril de 2015

Foi Dada a Largada


 


Irmãos rubro-negros,



que estupenda entrevista fez o Flavio H. Souza (Pedrada RN) com o Luiz Eduardo Baptista, o Bap, e publicada no Mundo Rubro-Negro: http://www.mundorubronegro.com/entrevista-exclusiva-com-luiz-eduardo-baptista-o-bap/

Bastante esclarecedora, a entrevista escancarou as vísceras da formação, ainda em 2009, do grupo político que culminou na criação da “Chapa Azul” e na eleição de Eduardo Bandeira de Mello para presidente do Clube de Regatas do Flamengo, no pleito de dezembro de 2012.

Após praticamente dois anos de gestão conjunta, o Bap decidiu se desligar da diretoria, apontando como razão da ruptura divergências a respeito do procedimento decisório.

Em outras palavras, segundo o Bap, houve quebra do acordo previamente ajustado quanto ao modo pelo qual as decisões seriam tomadas.

Embora o modelo delineado pelo estatuto do Flamengo seja presidencialista, havia um acordo de cavalheiros para que as decisões fossem tomadas por um colegiado, o Conselho Diretor, formado pelas pessoas que integram o “núcleo duro” do grupo político dirigente.

Nas palavras do Bap, paulatinamente as decisões passaram a respeitar menos as orientações do colegiado e a obedecer mais a vontade do presidente Eduardo Bandeira de Mello, dando ensejo à perda de confiança não apenas em relação a certas pessoas, mas também quanto à possibilidade do atual mandatário conduzir o Flamengo ao patamar de grandeza que lhe é inerente.

Bap deixou claro que o rompimento é definitivo e que já articula nos bastidores apoio político para a formação de uma chapa de oposição, que poderá contar inclusive com membros que permanecem na diretoria.

Não há dúvidas: foi dada a largada, talvez prematuramente, com possíveis reflexos no futebol do clube, para a disputa eleitoral que ocorrerá em dezembro deste ano.
...

Analisando a entrevista, e desde já deixando claro que comento de fora, sem qualquer familiaridade com os fatos que se desenrolaram, e ainda se desenrolam, na política do clube, acho que o Bap realmente deve ter suas razões para abandonar uma gestão que ele ajudou a formar.

Não duvido que com o passar do tempo tenha havido uma maior centralização do poder decisório nas mãos do presidente Eduardo Bandeira de Mello.

Agora, com o devido respeito, e aqui, reitero, emito uma opinião à distância, não me convence muito esse conversa de que “as decisões eram colegiadas, tomadas pela vontade da maioria”.

Explico: o Bap é muito inteligente e, ele mesmo confirma isso, parece ser uma pessoa de personalidade muito forte; como tal, aparenta possuir uma opinião altamente elogiosa sobre si mesmo; isso, por sua vez, acarreta, em regra, uma sensibilidade aflorada no lidar com críticas e perspectivas contrárias; daí certa tendência para impor suas opiniões.

Embora até acredite que, uma vez decidida a questão, e ainda que fosse voto vencido, ele a respeitasse, acho que o Bap é um sujeito dificílimo de conviver num ambiente de tomada de decisão coletivo. Ele parece ser uma pessoa que tenta de todas as formas fazer valer o seu entendimento, e que não aceita fácil ou passivamente o êxito de uma proposta divergente.

Então, essa idéia da “decisão colegiada”, em se tratando de uma pessoa de personalidade notoriamente forte e impositiva, fica, naturalmente, um tanto quanto relativizada.

Que o Flamengo, por sua grandeza, deva evitar uma administração personalista, está certíssimo; que duas ou mais cabeças pensam melhor que uma, sobretudo quando o emocional está intensamente envolvido no processo, idem.

Mas, a despeito de concordar integralmente com essas afirmações, creio, também, que há uma certa fogueira de vaidades a queimar na Gávea, de um lado e de outro.

Esse racha não é bom para ninguém, muito menos para o Flamengo. O ideal, tenho certeza, seria a solução ventilada pelo Flavio, a respeito da possibilidade de um reencontro e da composição de uma chapa única, contando com o EBM, Bap, Wallim e todos os que integram o núcleo do grupo político.

  ...

Concorde-se ou não com as razões invocadas pelo Bap para a ruptura, o fato é que algumas observações dele estão corretas e deveriam servir para melhorar a gestão do clube.

Nesse sentido, as lutas que se avizinham para o Flamengo serão duríssimas e exigirão do clube uma postura muito mais firme e corajosa do que temos visto recentemente, como, por exemplo, no revoltante episódio envolvendo as ofensas dirigidas pelo tal Rubinho ao presidente Eduardo Bandeira de Mello. 

O Flamengo, diante da humilhação sofrida pelo presidente do clube numa reunião do Conselho Arbitral, deveria ter rompido imediatamente com a Ferj, abandonando o Campeonato Carioca ou mandando a campo apenas o time reserva.

O clube deve, sim, lutar pela criação de uma Liga e livrar-se de vez desse bando de sanguessugas, pois sem o Flamengo o futebol carioca não existe.

Mas além da briga pela criação de uma Liga, a ocasião exigia do Flamengo um posicionamento muito mais firme e incisivo em relação à Ferj e ao campeonato. E se porventura os contratos de transmissão firmados e os estatutos arcaicos que prendem os clubes como escravos não nos permitissem a ruptura total, que ao menos o clube desprezasse a disputa, botando em campo apenas o time reserva.

No fim, embora "sob protesto", jogamos pra valer,  lotamos o Maracanã e enchemos o bolso do Rubinho e afins de dinheiro. Pior, não fomos para a final em virtude de um roubo descarado. Nem aquele milhãozinho de reais da Taça Guanabara nós botamos no cofre. 

Em suma: vivenciamos um vexame, dentro e fora de campo.

Além disso, está cada vez mais evidente que o Flamengo necessita urgentemente de um estádio próprio, se pretende ombrear com os maiores clubes do país e do continente.

O Flamengo hoje é mantido como refém do Maracanã.

Enquanto o Cruzeiro, por exemplo, fica com 72% da renda que sua torcida proporciona no Mineirão, o Flamengo, o trem pagador não apenas da Ferj, do Eurico e de uma infinidade de clubes minúsculos, fica no máximo com 30% do que a Nação Rubro-Negra gera de receita no Maracanã.

Nosso ginásio só saiu, se é que sairá, depois que houve uma mobilização incluindo diretoria, torcida e alguns setores da imprensa.

Como construiremos nosso estádio num meio sórdido como são a política e o futebol brasileiros, e em particular o contexto carioca?

Com certeza não será agindo com fleuma, pedindo licença e por favor.

Portanto, na minha humilde opinião, falta à diretoria, às vezes, adotar uma postura menos polida e mais agressiva. Não adianta defender-se com uma pena a quem lhe ataca com um porrete.

  ...


No mais, continuo fervoroso entusiasta da diretoria e de tudo o que tem sido feito em prol do Flamengo. Sou grato, de coração, por terem resgatado o Mais Querido das mãos de um bando de incompetentes oportunistas.

Mas é preciso ouvir com atenção as críticas pontuais de quem deseja o bem do Flamengo. E isso engloba também a gestão do futebol, ainda muito aquém do que tem sido realizado extra-campo.

A gestão capitaneada por Eduardo Bandeira de Mello revolucionou o modo de gerir o Flamengo. Trouxe para o clube as mais modernas práticas de governança corporativa e hoje o Flamengo voltou, ao menos fora de campo, a ser a maior referência do futebol brasileiro.

...

Dentro de campo, o Mengão venceu e classificou-se para a próxima fase da Copa do Brasil, eliminando o jogo de volta.

A despeito da fragilidade do adversário, o jogo foi tranqüilo, com o Flamengo dominando amplamente as ações desde o início.

O Flavio, ontem, fez uma ótima análise da partida, que eu subscrevo integralmente.

Apenas gostaria de corroborar o que foi dito por ele a respeito do Mugni, que surpreendentemente jogou bem de volante, mostrando boa desenvoltura para a posição.

Mas eu indago: esse deslocamento do Mugni é fruto da visão do Vanderlei Luxemburgo, ou seria mais uma invencionice do técnico?

Além do Mugni, e como muito bem observado pelo Flavio, quem também entrou bem foi o estreante Almir.

Fazendo o que Márcio Araújo, Gabriel e Everton não possuem condições de realizar, que é botar a bola no chão e fazê-la girar, o Almir estreou bem, quase marcando um bonito gol em jogada individual.

Sua atuação demonstra algo constatado pela torcida há muito tempo, e com particular ênfase pelo nobre Carlos Mouta: a necessidade premente do Flamengo contratar um jogador que pense no meio de campo do time.

Evidentemente, esse jogador não é o Almir e tampouco é o Arthur Maia.

Resta ao clube fazer um esforço e buscar um jogador com essas características no mercado.



...

Abraços e Saudações Rubro-Negras a todos.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.