segunda-feira, 30 de março de 2015

Por Uma Mudança de Mentalidade

Salve, Buteco! Depois de uma semana que começou com um clássico cheio de incidentes contra o Vasco da Gama, teve um meio de semana no qual o Flamengo mal teve atletas para completar o banco de reservas na quarta-feira, tendo atuado muito desfalcado contra o Bangu, e terminou, no sábado, com a pior partida no ano, com o time jogando de forma apática, desinteressada e praticando um futebol pobre tecnicamente na vitória contra o Bonsucesso, fica difícil, senão impossível avaliar de forma séria e substancial o real momento do time. Que o futebol não é vistoso, acredito que se trate de uma unanimidade. Até que ponto há um relaxamento dos atletas nesses jogos menores para se pouparem visando as finais do Estadual e onde realmente começam os problemas é a grande pergunta, ao menos para mim. Que o elenco precisa de alguns reforços, é fato, mas até que ponto esse elenco poderia render mais em partidas de menor expressão, já que os clássicos na Taça Guanabara são raridade e esporádicos, é a minha dúvida.

Se pudéssemos identificar, desde o início da temporada, as partidas que mais exigiram do time, acredito que escolheria o amistoso contra o Shakhtar, as duas partidas do torneio de Manaus, os clássicos do Estadual e, ainda que em uma escala menor, mas pelo caráter eliminatório da competição e pela boa campanha do adversário no campeonato gaúcho, os dois confrontos contra o Brasil de Pelotas. Ao todo, 5 (cinco vitórias), 1 (empate) e 1 (derrota). As demais partidas, ainda que disputadas contra pequenos que fazem excelente campanha no estadual, como é o caso do Madureira, eu classificaria como confrontos de menor expressão. Neles, os números ganham ainda mais corpo. Se compararmos com outras grandes equipes em estaduais, ainda que relevando a utilização de reservas em algumas partidas por conta da Libertadores, os números continuam muito bons. E se avaliarmos o desempenho dentro de campo, comparando-o com essas mesmas equipes, eu diria que apenas o Corinthians joga um futebol de melhor qualidade do que o Flamengo no cenário nacional. Nada mal para quem passou tantos apertos no Brasileiro/2014 e terminou em um "brochante" 10º lugar.

Ainda assim, não há justificativa plausível para disputar uma partida com tão pouco interesse como no sábado contra o Bonsucesso. A atuação foi tão ruim que até Luxemburgo, bastante equilibrado e sereno em suas declarações na atual passagem pelo comando técnico do Flamengo, admitiu que a atuação foi simplesmente horrível. Observem que, independentemente da opinião a respeito da qualidade do elenco (há quem o ache fraco, há quem o ache mediano e há quem o ache até bom, faltando algumas peças decisivas), ou a respeito das opções e do próprio trabalho do treinador, parece evidente que o time relaxa em partidas com o perfil da de sábado, o que, diga-se de passagem, não é exclusividade do Mais Querido. Nesse ponto, pondero que, se o futebol brasileiro precisa buscar referências no futebol europeu atual para voltar a ter qualidade, ainda que concomitantemente resgate suas raízes, há um ponto que, na minha modesta opinião, seria decisivo para "desvirar o fio": a falta de compromisso e foco dos atletas no trabalho, que os impede de levar a sério os menores jogos, e também por isso os afasta da mentalidade vencedora, daquela concentração ou foco que distingue os campeões, que tanto tem faltado nos jogos de maior porte.

É utópico pretender que o futebol brasileiro venha a ter essa determinação? É fantasioso imaginar que o início desse processo possa se dar também pelo Flamengo? Ou será que o futebol brasileiro ou o Flamengo sempre foram assim e não é esse o caminho?

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Se tivesse que avaliar hoje o trabalho do Luxemburgo, eu diria que estou absolutamente surpreso com a serenidade e a lucidez dos critérios por ele até aqui utilizados. Malgrado alguns episódios difíceis de serem compreendidos, como as substituições no jogo de volta contra o Atlético/MG pela Copa do Brasil em 2014, em geral não tem fácil encontrar defeitos evidentes ou motivos para reclamar de modo mais incisivo do trabalho do nosso treinador. Arrisco dizer que, quando chegar o momento de encerrar a sua atual passagem pelo comando técnico do clube (seja lá quando isso vier a ocorrer), não será nem um pouco fácil substituí-lo, dada a conjunção de qualidades positivas que vem demonstrando: experiência, conhecimento do clube, utilização de critérios lógicos na seleção de jogadores e escalação, boas escolhas/aval de reforços dentro do orçamento limitado do clube (Pará, Pico, Cirino, Arthur Maia, Jonas), identificação e escolha dos atletas da base que devem comnpor o elenco profissional (Douglas Baggio, Jajá, Matheus Sávio), a distância da política interna em ano eleitoral e, finalmente, a serenidade e a ponderação que vem mostrando no trato com a arbitragem e a imprensa (uma surpresa, sem dúvida). Tudo bem diferente de 2010/2011, por exemplo.

Muitas dessas qualidades representam evolução em relação ao que Luxemburgo apresentou em trabalhos anteriores, dentro ou fora do Flamengo. Fico me perguntando, em comparação a sua última passagem, em 2011, o quanto isso vem sendo propiciado pelo ambiente de trabalho profissional, sério, sadio e probo que hoje o Flamengo tem no seu Departamento de Futebol e na sua Diretoria em geral, que inclusive impõe limites e obrigações claras ao próprio Luxemburgo. Acredito piamente que esse contexto, se não define como causa, ao menos facilita o amadurecimento profissional do nosso treinador. O ambiente profissional e o treinador não entram em campo, mas no cenário nacional atual, no qual não vejo, além do Corinthians (com uma crise financeira prestes a explodir), um time visivelmente melhor do que os outros, podem se tornar uma sólida base para uma boa campanha.

Retomando a análise comparativa com os rivais nacionais, prevejo um campeonato brasileiro com algumas características semelhantes as do certame de 2009, no qual a pontuação do campeão e dos classificados para a Libertadores não foi muito alta. Se Wrobel, Caetano e Luxemburgo acertarem nos dois reforços que virão para o meio e o ataque, acredito que o Flamengo estará na briga pelo topo da tabela.

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Semana vazia, com tempo para treinar e recuperar alguns atletas visando o Fla-Flu, o último clássico antes das finais e que definirá o "Torneio dos Superclássicos". Não quero ser contraditório e cornetar o Luxemburgo, mas se ele vem manifestando o desejo de jogar com três volantes, será que não poderia testar um volante com mais pegada (Jonas ou Márcio Araújo), além de Canteros e Luiz Antonio com funções mais ofensivas? Com a palavra, @s amig@s do Buteco.

SRN a tod@s.