quarta-feira, 4 de março de 2015

Dez anos e oito títulos


Eram dias e noites de tomar o velho caminho da Ilha do Governador, em 2005, para acompanhar de perto as primeiras partidas do jogador que ilustra a coluna ao lado de Leandro e do presidente Eduardo Bandeira de Mello, o qual viria a se tornar um dos três melhores laterais-direitos do Flamengo em minhas lembranças, atrás apenas dos Campeões Mundiais, o mesmo Leandro da foto, o maior entre todos e "amante da bola", e de Jorginho;

Habilidoso como um meia-armador e insinuoso como um ponta, me fez vibrar com seus 47 gols marcados para o Flamengo e outros mais graças às suas assistências em jogadas que consagrados ponteiros-direitos assinariam com louvor. Rusgas entre as partes houveram, incluindo no pacote o "affair" com a torcida em 2008, num jogo contra o Náutico. Evento danoso para a imagem do atleta e erro reconhecido pelo próprio com o devido pedido de desculpas;

Como todos, paulatinamente foi sendo anulado pelo inexorável passar do tempo. Quando Renato Abreu teve seu contrato rescindido pela atual diretoria, clube e jogador perderam ótima oportunidade para desfazer esse casamento que, mesmo assim, ainda deixa um saldo positivo representado por 10 anos de vínculo e mais de 500 partidas vestido com o manto sagrado e consagrado;

É chegada a hora da partida e agradeço ao Léo Moura a brilhante participação em três títulos nacionais e cinco estaduais, desejando-lhe felicidades em sua nova vida como jogador de futebol e como cidadão formador de opinião dos mais jovens;

De acordo com o que já explanaram nas mesas do Buteco, festa e trabalho fazem um ótima dupla depois que o trampo termina. Antes, a embriaguez da alegria leva ao erro e o Flamengo deveria estar cansado disso. Mas não aprendemos, não assimilamos esse rudimentar ensinamento. Há pouco tempo foi a festa dos 60 anos do Zico e no dia seguinte levamos pra casa uma derrota para o mesmo Botafogo. Evento semelhante se repetiu, agora com a despedida em jogos oficiais do Léo Moura e o relançamento da feiosa camisa secular, a papagaio de vintém. Tudo bem que ela fez história em passado longínquo, mas que tal remetê-la para o museu do clube? Na verdade, o Léo nem deveria ter entrado em campo naquele jogo, estando com a cabeça voltada para o Fort Lauderdale Strikers, dos EUA;

Pelo menos, esse decadente Estadual está mostrando a realidade nua e crua para todos nós: o time é fraco para disputar as importantes competições ao longo do ano e a prova disso é a sua colocação no Campeonato: quinto lugar, fora do G-4 e atrás do Volta Redonda, tendo corrido a metade da primeira fase. Acredito piamente que vamos nos classificar entre os quatro semifinalistas, já voltando a ficar entre eles na próxima rodada, mas isso também não significa grande coisa;

O time tem uma enorme posse de bola inútil, pois não finaliza ou o faz mal, além de carecer de um craque no meio de campo para distribuir o jogo e marcar encontros de um bom centro-avante (que também faz falta) com o goleiro adversário;

Os Azuis precisam abrir os olhos enquanto o tempo nos é oferecido com fartura.

SRN!